Agenda em Brasília insere a UFSC em debates institucionais sobre igualdade racial
Brasília foi o endereço da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), realizada entre os dias 15 e 19 de setembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Sob o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, a conferência marcou seu retorno ao cenário político e social do país após sete anos de intervalo, reunindo cerca de 1.700 delegados, 200 convidados, 50 observadores e 45 expositores. Entre os convidados estava a vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joana Célia dos Passos, que, além desta agenda, cumpriu outro compromisso estratégico: o Encontro Nacional das Cátedras UNESCO no Brasil, ocorrido no dia 16. A presença da vice-reitora nos dois eventos está diretamente ligada à sua atuação na coordenação da Cátedra Antonieta de Barros: Educação para a Igualdade Racial e Combate ao Racismo, e como integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) do Governo Federal.
Realizada de forma conjunta entre governos e sociedade civil, a conferência reafirmou seu caráter estruturante para o avanço das políticas de promoção da igualdade racial no Brasil. Mais que um fórum de debates, a 5ª CONAPIR é espaço de construção de consensos, acolhimento da diversidade e fortalecimento do papel democrático da população negra e de outros segmentos étnico-raciais e culturais na formulação de políticas públicas. Ao mobilizar milhares de representantes em todo o país, o encontro se apresenta como um marco na busca por um Brasil mais justo, plural e comprometido com a superação das desigualdades históricas.
A 5ª CONAPIR envolveu diferentes etapas preparatórias, com eventos municipais e estaduais, somadas às conferências temáticas – voltadas a povos quilombolas, indígenas, ciganos, comunidades de matriz africana, juventude e população negra LGBTQIA+. Também houve contribuições por meio de etapas livres, abertas a organizações sociais e entidades públicas, e de uma etapa digital hospedada na plataforma Brasil Participativo, que permitiu maior representatividade nas propostas. Ao final desse percurso, ideias e recomendações foram reunidas para serem analisadas e debatidas na etapa nacional.
Durante a programação em Brasília, os delegados se dividiram em Grupos de Trabalho, Plenárias de Eixos e Xirês de Discussão, proporcionando momentos de análise técnica, diálogo político e de valorização cultural. As discussões foram organizadas a partir de três grandes eixos – Democracia, Justiça Racial e Reparação – que detalham desde estratégias para o fortalecimento da pauta racial no Legislativo e superação do racismo ambiental até políticas voltadas à saúde, educação, segurança pública e reparação de direitos.
Entre os objetivos da conferência estão a formulação de propostas monitoráveis para a implementação de ações de reparação e justiça racial, a atualização de marcos legais, o fortalecimento do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), além da criação de mecanismos de memória que garantam a continuidade das deliberações. Também está entre as metas dialogar com legislações internacionais e enfrentar as formas contemporâneas de racismo, discriminação racial e xenofobia.
A abertura contou com apresentação cultural e um painel inicial sobre o tema central. Na terça-feira (16), nove Grupos de Trabalho simultâneos foram constituídos. As plenárias de eixos ocorreram ao longo do dia 17 e, na quinta-feira (18), a conferência realizou a Plenária Luiza Bairros, voltada à leitura e aclamação de propostas, encerrada com a solenidade “De Zumbi à Igualdade Racial como Política de Estado: um tributo à história e à construção do Brasil dos brasileiros”. O evento terminou na sexta-feira (19), com um painel de balanço, lançamento de iniciativas institucionais, a leitura do “Manifesto Sankofa: retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro” e um cortejo cultural de encerramento.
“Após sete anos, o governo brasileiro volta a se reunir com a sociedade civil para traçar diretrizes e metas para a igualdade racial”, reitera a professora Joana Célia dos Passos. Para ela, a conferência “é o lugar de transformar compromisso em ação, construindo políticas públicas capazes de enfrentar as desigualdades e promover reparação, justiça social e econômica”.
Encontro das Cátedras UNESCO no Brasil
Na segunda agenda em Brasília, a professora Joana participou do Encontro das Cátedras UNESCO no Brasil, realizado em 16 de setembro, na sede da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Com o tema “Conectando Saberes, Fortalecendo Impactos”, o evento foi promovido pela UNESCO no Brasil e reuniu representantes de diversas instituições acadêmicas e de pesquisa com o objetivo de fomentar a cooperação internacional e o fortalecimento das Cátedras no país.
A programação teve início pela manhã, com a Sessão de Abertura Institucional, que contou com as presenças de Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da UNESCO no Brasil; Tatiana Teixeira, secretária-geral da Comissão Nacional do Brasil para a UNESCO; e o embaixador Marco Antonio Nakata, diretor do Instituto Guimarães Rosa (Itamaraty). Na sequência, foi promovido o painel “O Brasil que pensa o mundo: o papel dos think tanks públicos na formulação de visões estratégicas no G20, BRICS e além”, com destaque para a participação de Luciana Servo, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Durante a tarde, as atividades foram organizadas em Mesas Temáticas Simultâneas, estruturadas em formato de rodas de conversa. Os debates foram divididos em áreas programáticas de Educação; Ciências Naturais e Ciências Humanas e Sociais; Cultura; e Comunicação e Informação. Além disso, a pesquisadora Carolina Schenatto da Rosa realizou uma apresentação que incorporou as discussões. O encerramento do evento foi marcado por uma sessão plenária intitulada “Caminhos para o fortalecimento das Cátedras no Brasil”, voltada à definição de temas prioritários para atuação conjunta no biênio 2026–2027.
A Cátedra UNESCO Educação para Igualdade Racial opera desde 2023 e foi criada a partir da Cátedra Antonieta de Barros, da UFSC, coordenada pela professora Joana e vinculada ao Gabinete da Reitoria da UFSC. Este trabalho tem sido uma referência nacional na promoção de estudos, pesquisas e debates sobre educação para a igualdade racial e combate ao racismo. Estruturada como uma rede interinstitucional, a iniciativa contribui diretamente para a formação de profissionais qualificados e para a produção de conhecimentos comprometidos com a transformação social.
As Cátedras UNESCO, por sua vez, são uma iniciativa das Nações Unidas para promover a cooperação internacional entre instituições de ensino superior em diferentes partes do mundo. Seu objetivo é compartilhar conhecimentos, fortalecer capacidades institucionais e fomentar o desenvolvimento de pesquisas, ensino e extensão, sempre com o foco na igualdade, na democratização do meio acadêmico e na formulação de políticas públicas. Atuando de forma interdisciplinar e colaborativa, as Cátedras trabalham em parceria com Organizações Não-Governamentais (ONGs), fundações e entidades dos setores público e privado, ampliando o impacto de suas ações.
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Assista a conferência na íntegra:
Rosiani Bion de Almeida | SECOM
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