Fortaleza de Anhatomirim, gerida pela UFSC, inicia restauração com investimento do Novo PAC
A Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, em Governador Celso Ramos (SC), deu início na manhã desta quarta-feira, 3 de dezembro, às obras de restauração do seu principal conjunto arquitetônico. O anúncio foi feito em cerimônia no próprio monumento, com presença de representantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – gestora da fortaleza desde 1979 – e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela coordenação da programação Avanços do Patrimônio em Santa Catarina. A intervenção integra um pacote de R$ 30 milhões do Iphan destinado a bens históricos no estado e marca a primeira obra do projeto Restauração das Fortificações Catarinenses #EuValorizoAsFortalezas, iniciativa de três anos voltada a recuperar, modernizar e ampliar o uso público dos monumentos administrados pela UFSC.
Erguida a partir de 1739, a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim ocupa 2,5 hectares na entrada norte da Ilha de Santa Catarina, onde compunha, ao lado das fortalezas de São José da Ponta Grossa, Santo Antônio de Ratones e Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, o sistema defensivo concebido no século XVIII pelo Brigadeiro Silva Paes para proteger a baía e o litoral de investidas estrangeiras, em especial as espanholas. Entre os primeiros bens tombados pelo Iphan, em 1938, o conjunto é reconhecido como marco histórico e paisagístico do país e, agora, passará por uma restauração que busca recuperar sua função histórica, qualificar a visitação e fortalecer a educação patrimonial, com obras que contemplam tanto a conservação quanto novos usos culturais e de serviços.
Nesta primeira fase, serão investidos R$ 17 milhões com recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), transferidos do Iphan para a UFSC via Termo de Execução Descentralizada (TED). Desse montante, R$ 15 milhões estão destinados diretamente às obras no Quartel da Tropa – o maior e mais imponente edifício do complexo – e aos trabalhos de arqueologia, além da criação de novos sanitários e da implantação de novas redes de infraestrutura hidráulica, elétrica e outras instalações. O canteiro terá monitoramento arqueológico permanente, garantindo que cada intervenção respeite as camadas históricas do sítio.
O escopo técnico prevê a restauração de cobertura, alvenarias, revestimentos, forros, pisos e escadas, com atenção a elementos decorativos em pedra, madeira e metal, além da instalação de novas redes elétricas, eletrônicas, hidrossanitárias, luminotécnicas e de proteção contra descargas atmosféricas. O Quartel da Tropa será adaptado para abrigar um espaço de restaurante com cozinha e banheiros e receberá um ambiente multiuso com tratamento acústico para eventos e reuniões. Dois novos conjuntos de sanitários serão construídos – um em frente ao Quartel da Tropa e outro na área de chegada à Ilha de Anhatomirim -, e uma rede integrada de instalações conectará todas as edificações da fortaleza, preparando o complexo para atendimento ao público, pesquisa e ações educativas.
A cerimônia contou com a presença do assessor de gabinete Alexandre Verzani (representando o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza), do pró-reitor de Administração, Vilmar Michereff Junior, e da secretária de Cultura, Arte e Esporte, Andréa Búrigo Ventura. Para a realização do evento, a fortaleza foi fechada ao público durante a manhã. Segundo a UFSC, a parceria com o Iphan para preservação, restauração e requalificação inaugura um ciclo de investimentos que prevê soluções de acessibilidade, comunicação visual renovada e novos espaços expositivos nas fortalezas.
O conjunto de ações se insere no projeto Restauração das Fortificações Catarinenses #EuValorizoAsFortalezas, criado em 2021 pela Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina (CFISC), da Secretaria de Cultura, Arte e Esporte (SeCArtE/UFSC). A iniciativa tem aporte total de R$ 67 milhões. Em 2022, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 32,5 milhões para o projeto, que demonstrou como contrapartida R$ 17,5 milhões já aplicados anteriormente nas fortificações pelo Iphan, pelo PAC anterior e pelo Fundo de Direitos Difusos. Somados aos recursos agora anunciados, o montante alcança R$ 67 milhões, destinados exclusivamente às fortalezas.
Além das obras físicas, o cronograma de três anos prevê 25 ações complementares, incluindo apresentações culturais, novos espaços expositivos, comunicação visual, auditórios para eventos e a criação de modais sustentáveis de visitação – um ônibus e uma embarcação movidos a energia elétrica gerada por sistema fotovoltaico – para ampliar o acesso às ilhas de Anhatomirim e Ratones Grande. O objetivo é diversificar os usos e atrair novos públicos, promovendo o acesso à cultura e à história regional e nacional.
Ao recuperar e dar uso ao Quartel da Tropa e dotar o conjunto de meios adequados para receber visitantes, pesquisadores, estudantes e agentes públicos, a obra reforça a relevância de Anhatomirim como referência histórica regional e nacional, com infraestrutura atualizada, mais acessível e orientada à educação patrimonial.
Divisão de Imprensa do GR | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br
Fotos: Assessoria do Gabinete | UFSC














