UFSC lança oficialmente Programa de Ingresso para Refugiados e encaminha renovação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello

Reunião no Gabinete do reitor tratou da renovação da cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFSC (Foto: Mayra Cajueiro Warren)
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançou oficialmente, nesta terça-feira, 12 de abril, a Política de Ingresso para Pessoas Refugiadas ou Portadoras de Visto Humanitário, em uma solenidade com a presença de representantes do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR-Brasil).
A manhã contou com uma reunião no Gabinete da Reitoria, com o reitor Ubaldo Cesar Balthazar, e uma cerimônia no Centro de Cultura e Eventos para marcar o lançamento oficial. Além disso, as autoridades anunciaram a renovação da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFSC, iniciativa presente na instituição desde 2015.
Estiveram presentes, por parte da UFSC, o reitor e Lincoln Fernandes, secretário de Relações Internacionais (Sinter/UFSC), além do pró-reitor de Graduação, Daniel Vasconcelos e Janaina Santos, coordenadora de Avaliação e Apoio Pedagógico (Prograd/UFSC), que é uma das coordenadoras da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFSC, juntamente com os professores Maria Helena Lenzi (Departamento de Geociências/CFH) e Daniel Granada da Silva Ferreira (Departamento de Ciências Naturais e Sociais/Curitibanos), que também participaram.
Representaram o ACNUR, Maria Beatriz Nogueira, chefe da ACNUR em São Paulo; José Egas, representante do ACNUR no Brasil; André Madureira, oficial de proteção do ACNUR Brasil; William Laureano, assistente de proteção ACNUR Brasil. E também presentes, representando o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR-Brasil), do escritório que abrange as ações no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o coordenador Lucas Nascimento, e as analistas sociais Gabriela Santos da Silva e Luara Resende.
Também participaram das solenidades a representante do Grupo de Trabalho de Apoio ao Imigrante da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Thaís Lippel, e servidores da Comissão Permanente do Vestibular (Coperve).

Solenidade no Centro de Cultura e Eventos apresentou política de ingresso para pessoas refugiadas na UFSC (Foto: Luís Carlos Ferrari)
O reitor Ubaldo saudou a presença de todos e ressaltou a importância do engajamento de várias organizações no acolhimento e integração dos refugiados. “Estamos no caminho certo, de envolver várias entidades para dar o mínimo de conforto para essas pessoas”, disse o reitor.
José Egas, representante do ACNUR no Brasil, revelou que atualmente apenas 5% dos refugiados no Brasil têm acesso ao ensino superior, e que a meta do ACNUR é chegar a um percentual de 25% a 30% nos próximos anos. Neste sentido, ele qualificou como “de suma importância” o edital da UFSC para ingresso de pessoas refugiadas.
“Queremos celebrar a renovação da Cátedra e celebrar a liderança da UFSC na rede protetiva local de apoio,” salientou Maria Beatriz Nogueira, do ACNUR. Segundo a gestora, das 33 universidades com a Cátedra, 17 têm processos seletivos para ingresso de pessoas refugiadas. Nogueira ofereceu apoio para pesquisa e investimentos da UFSC na população refugiada.
O pró-reitor Daniel Vasconcelos destacou que o edital para ingresso de refugiados é o oitavo processo seletivo da Universidade, o que reforça o caráter “inclusivo e pluralista” da UFSC. “A natureza da UFSC é de ser um lugar que recebe, acolhe e dá oportunidades para as pessoas”, disse.
A coordenadora de Avaliação e Apoio Pedagógico, Janaína Santos, falou das iniciativas que a UFSC vem organizando para atender à população refugiada em Santa Catarina, com ações para a permanência dos estudantes e apoio ao ensino, além de projetos de extensão disponíveis à comunidade externa à UFSC. Santos ofereceu informações sobre o edital de ingresso a refugiados e afirmou que a Universidade agora se empenha em traduzir o edital para o inglês, o francês e o espanhol.
Durante reunião com o reitor, o secretário de Relações Internacionais, Lincoln Fernandes, destacou as iniciativas de criação do curso on-line de Sobrevivência no Português Brasileiro e a parceria com a Polícia Federal para a renovação de vistos de estudantes internacionais, docentes e técnicos-administrativos em Educação.
O estudante de pós-graduação Jean Samuel Rosier, doutorando de Relações Internacionais, disse que após emigrar do Haiti fez graduação, mestrado e agora está cursando doutorado na UFSC. Ele se sente acolhido e está envolvido em ações de apoio a imigrantes e refugiados. “A UFSC é uma Universidade que está sempre aberta para ouvir”, disse ele.
O imigrante haitiano Renaud Louis Jean, 28 anos, acompanhou atentamente a apresentação no Centro de Cultura e Eventos. Ele está no Brasil há cerca de dois anos e meio e diz que seu grande sonho é entrar na Universidade. Ele já participou do Enem de 2021 e também do Vestibular UFSC 2022, mas diz que suas notas foram baixas porque ainda tinha pouca familiaridade com o idioma. Renaud está interessado em um curso superior na área do Direito ou Economia.
Processo Seletivo
A UFSC publicou edital do Processo Seletivo para ingresso de pessoas refugiadas, lançado no início deste mês. A Universidade oferecerá 10 vagas remanescentes do Vestibular UFSC 2022 especialmente para pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio de baixa renda e portadoras de visto humanitário. O ingresso é para o segundo semestre letivo de 2022, em cursos de Graduação do campus de Florianópolis.
As inscrições estarão abertas no período de 4 a 13 de maio, serão gratuitas e realizadas via internet. Para se inscrever, o candidato deverá acessar o site www.refugiados2022.ufsc.br durante o período de inscrições, preencher integralmente o Requerimento de Inscrição e enviá-lo (via internet) para a Coperve/UFSC até às 23h59min do dia 13 de maio de 2022.
Cátedra Sérgio Vieira de Mello na UFSC
A CSVM da UFSC promove ações em três eixos: no ensino, com oferta de disciplinas e cursos sobre refúgio, direitos humanos, imigração e apatridia; na pesquisa, com a produção e orientação de trabalhos e pesquisas em nível de graduação, mestrado e doutorado; e a extensão que é formada por três projetos: o Núcleo de Apoio a Imigrantes e Refugiados (Eirenè/NAIR), o Português como Língua de Acolhimento (Plam); e o projeto “Direito à Cidade para Imigrantes e refugiados na Grande Florianópolis: integração aos serviços públicos e de lazer”. Os projetos de extensão oferecem aulas de português, realizam capacitações, eventos, produção de materiais didáticos, e atendimento jurídico a refugiados, apátridas e imigrantes. Saiba mais.