Pesquisa realizada no HU avalia nível de conhecimento de estudantes sobre dor miofascial
Profissionais vinculados ao Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) e estudante da UFSC estão desenvolvendo uma pesquisa para identificar qual é o nível de conhecimento dos acadêmicos de Medicina sobre a Síndrome Dolorosa Miosfascial, caracterizado por uma dor de origem muscular. Apesar da alta prevalência, a dor miofascial ainda não é muito conhecida pela população e nem sempre é destaque nas instituições de ensino de saúde.
“A dor miofascial é caracterizada por uma dor de origem muscular, sendo que o paciente geralmente não consegue identificar com precisão onde está doendo. É diferente de uma osteoartrite de joelho, por exemplo, na qual o paciente descreve uma dor mais localizada”, detalhou o médico especialista em acupuntura e supervisor da Residência Médica em Acupuntura do HU-UFSC, Ari Ojeda Ocampo Moré, coorientador do trabalho conduzido pelo médico João Eduardo Marten Teixeira e pela estudante de medicina Fernanda Wolff.
Segundo ele, o objetivo é fazer incialmente o mapeamento no Brasil e, posteriormente, comparar com a situação no resto do mundo. Desta forma, espera-se que os resultados da pesquisa gerem ações de incentivo ao preparo dos profissionais para lidar com a dor miofascial. “É fundamental que os estudantes da área de saúde saibam reconhecer a dor miofascial, que é muito presente na população. Dentro do serviço público a dor miofascial é extremamente prevalente e todas as especialidades que lidam com dor acabam atendendo frequentemente pacientes com esta síndrome”, disse Ari Ojeda Moré, que também é médico do Serviço de Medicina Integrativa e Acupuntura do HU.
Em outra frente de trabalho nesta área, a UFSC e a Residência Médica em Acupuntura do HU têm uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. Por meio de um projeto de extensão, médicos da atenção primária que atuam na rede municipal de saúde aprendem a utilizar a acupuntura para o tratamento de diferentes tipos dor, inclusive a miofascial. “Hoje, em Florianópolis, a maior parte dos Centros de Saúde têm médicos de família e comunidade, e residentes desta especialidade que aprenderam a identificar e tratar esta dor”, disse Moré. Ele também ressaltou que há seis anos o tema da dor miofascial foi introduzido na Disciplina de Ortopedia e Traumatologia do Departamento de Cirurgia da UFSC, permitindo que os alunos desde a graduação já passem a reconhecer o tema.
Ambulatório de Acupuntura
No HU, o Ambulatório de Acupuntura faz o tratamento de pacientes de diversos municípios do Estado, que geralmente são encaminhados com quadros de dor. “Além do atendimento ambulatorial, o Serviço de Acupuntura oferta atendimento nas enfermarias do HU, pois é muito comum o quadro de Síndrome Dolorosa Miofascial em pacientes que ficam muito tempo acamados”, explicou.
O Serviço de Acupuntura do HU-UFSC responde pareceres em todas as enfermarias do hospital e acompanha diariamente pacientes internados utilizando intervenções para auxiliar o controle de dor e outros sintomas que não tiveram resolução adequada com tratamento medicamentoso. Grande parte destes casos estão associados a quadros de Dor Miofascial. Tanto nas enfermarias quanto nos ambulatórios, os residentes e alunos acompanham as atividades do Serviço de Acupuntura e aprendem a examinar e tratar a importante causa de dor.
Segundo o médico especialista em Acupuntura, para identificar a dor miofascial, é fundamental um bom exame clínico. “Quando o paciente apresenta este padrão de queixa, o profissional vai palpar o músculo e identificar uma banda muscular tensa. Junto a esta região de tensão muscular há uma zona que chamamos de ponto-gatilho. Quando comprimimos o ponto-gatilho conseguimos reproduzir a dor e o desconforto descrito pelo paciente. Então, conseguimos fechar o diagnóstico com a palpação e identificação desses pontos-gatilho”, disse.
Uma vez identificado o ponto-gatilho, existem diversas intervenções que podem ser utilizadas para “desativar estes pontos”, sendo que a abordagem mais usada é a técnica chamada de agulhamento seco. “Com uma agulha de acupuntura você faz o procedimento em cima destes pontos-gatilho e desativa este ponto”, explicou o médico, acrescentando que esta desativação pode ser feita também com outras modalidades terapêuticas não invasivas, como a técnica manual de compressão isquêmica.
Dentro do contexto do tratamento da dor miofascial, há ainda a orientação para o paciente fazer alongamento da musculatura afetada, para evitar que ela volte a se encurtar. Além disso, busca-se corrigir possíveis fatores que perpetuam a dor. “Geralmente, a perpetuação da dor está associada a fatores posturais”, finalizou.
Unidade de Comunicação Social do HU