Pesquisa identifica custo de vida dos estudantes da UFSC, em Florianópolis
Um estudo inédito, feito com 1.157 estudantes de 55 cursos de graduação, possibilitou a criação de um índice que identifica o custo de vida médio dos alunos da Universidade Federal de Santa Catarina – campus de Florianópolis. Em 2015, a pesquisa foi apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do egresso do curso de Ciências Econômicas, Leonardo Alonso Rodrigues. De acordo com a última atualização do índice, em julho o gasto médio para quem estuda na UFSC foi de R$ 1.454,78. A variação é calculada de acordo com a comparação mensal entre a cesta de consumo dos estudantes e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A pesquisa foi iniciada em outubro de 2012, com orientação do professor Guilherme Valle Moura, a partir de um projeto de extensão vinculado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). Na época, Leonardo e outros sete bolsistas aplicaram questionários para levantar o gasto médio dos universitários com diversos setores e serviços. O material foi divulgado nas salas de aula, na internet e nos espaços públicos da Universidade. Ao todo, 1.157 pessoas participaram da pesquisa.
Leonardo destaca que a coleta foi encerrada em março de 2013, quando o projeto foi desvinculado da bolsa estudantil, e os resultados foram compilados de forma autônoma. “A partir desse momento [da desvinculação] a maioria dos alunos deixou de fazer a pesquisa. Eu e mais dois colegas continuamos a fazer, só que não chegávamos a uma conclusão porque continuamos a estudar e a trabalhar. No momento de fazer a monografia, eu falei com o orientador, e começamos a fazer esse trabalho de conclusão”, conta.
Para calcular o Índice do Custo de Vida (ICV) médio dos alunos, uma cesta de consumo foi elaborada com base no índice de Laspeyres [método usado para calcular a média ponderada dos preços de um determinado conjunto de mercadorias]. Alimentação, habitação, artigos de residência, comunicação, transporte, vestuário, educação, saúde, recreação/lazer e outras despesas foram as categorias de gastos consideradas. Também foram computados os dados de benefícios recebidos pelos alunos por meio da instituição, como a isenção do Restaurante Universitário (RU).
O levantamento apontou que, entre 2012 e 2013, o número de alunos que recebiam algum benefício da Universidade chegava a 21%, dentre os que responderam o questionário. Destes, 77% tinham isenção do RU, 51,6% recebiam bolsa, e 21,8% eram contemplados com auxílio-moradia. Os dados mostraram que 81,4% dos entrevistados tinham renda variável de 1 a 2 salários mínimos no período.
A pesquisa observou ainda que o maior gasto dos estudantes é relacionado à habitação, correspondente a 43,67% do consumo mensal. Dos entrevistados, 63,2% pagavam aluguel, e 31,5% viviam em casa própria. Na sequência foram observados gastos maiores com alimentação (21,48%), recreação/lazer (7,42%) e transporte (7,07%).
De acordo com Leonardo, calcular o índice de gasto médio estudantil possibilitou uma identificação mais precisa do efeito da inflação sobre os graduandos da UFSC. “Eles possuem um padrão de consumo, bem como faixa de renda diferente do público-alvo que é investigado nos principais índices de preços no Brasil. Dados do IBGE mostram que quase 70% das famílias têm casa própria; na nossa pesquisa, cerca de 63% dos alunos pagam aluguel, ou seja, qualquer aumento da composição da habitação ele sente muito mais do que em relação a outros índices”, explica.
Para o orientando do trabalho, deve-se deixar claro que o índice não calcula a quantidade mínima de gasto mensal dos estudantes. “É possível ser estudante da UFSC gastando menos do que isso; estamos dizendo que para ter uma vida similar à que os alunos da UFSC têm, será necessário gastar, em média, essa quantidade. Pode-se ter um custo de vida mais baixo, só que o aluno vai ao mesmo tempo perceber que está fazendo coisas que os outros colegas não estão, ou seja, até na questão de integração da pessoa, dificulta”, diz.
O autor da monografia explica que, para que o cálculo do ICV médio na UFSC tivesse resultado efetivo, houve ponderação do resultado dos questionários de acordo com a representatividade de cada curso no campus [média de gastos e número de alunos por curso em relação ao total de estudantes da UFSC, em Florianópolis).
Conforme a pesquisa, o ICV-UFSC teve aumento de R$ 272,52 desde o primeiro levantamento, calculado em dezembro de 2012, quando o custo de vida dos estudantes era de R$ 1.182,26, em média.
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Luan Martendal/Estagiário de Jornalismo/DGC/Agecom/UFSC