Programa “Jornalismo em Debate” discutiu a homofobia retratada pela mídia
A quinta edição do programa “Jornalismo em Debate”, transmitido pela Rádio Ponto UFSC na última quinta-feira, 02/06, abordou a cobertura jornalística da homofobia. Os convidados foram a jornalista e vice-presidente da Fenaj Maria José Braga, o ex-vereador de Florianópolis Tiago Silva – criador da lei que tornou a homofobia crime na cidade -, a jornalista Nina Lemos e a jornalista e professora da UFSC Aglair Bernardo. O programa está disponível no site da Rádio Ponto.
Questionada sobre a cobertura da mídia brasileira de casos de homofobia, Nina Lemos se mostrou otimista: “Eu acho que as pessoas estão começando a ficar atentas para esse tipo de coisa. Nos últimos anos melhorou muito. Eu acho que num jornal não vai existir uma piada homofóbica, penso que os jornais sabem que é importante a cobertura de crimes assim”.
Já Maria José Braga afirma que ainda vê com muita preocupação a cobertura que a mídia faz sobre a questão da homofobia e do preconceito contra o homossexual, porque quase sempre essa cobertura jornalística está associada à violência ou nas páginas de polícia. Segundo ela, os jornalistas têm que partir para outro tipo de cobertura, que ajude a diminuir o preconceito.
Se a mídia deveria se preparar para abordar essa questão de uma forma mais madura, com o uso de manuais que expliquem aos jornalistas como tratar do assunto, Tiago Silva é enfático: “Nós não somos diferentes. Não precisa de manual sobre como falar da mulher ou do homem, nós somos iguais. Nós temos os deveres, só não temos os direitos”.
Já a professora Aglair acredita que o jornalista ainda está aprendendo a falar sobre o assunto, e que nossa cultura ainda dá ênfase demais às diferenças: “Temos mais coisas parecidas entre nós do que diferenças. Acho que os cursos de jornalismo são fundamentais para esse debate: nós temos esse local bárbaro onde deveria ter disciplinas específicas, trazendo à tona essas questões. É um lugar importante de educação para o jornalista”.
O programa é produzido pelos acadêmicos dos cursos de graduação e pós-graduação em Jornalismo da UFSC, supervisionado pela professora Valci Zuculoto, e terá a mediação do professor Áureo Moraes.
A produção faz parte da disciplina Cátedra Fenaj/UFSC de Jornalismo para a Cidadania. É uma parceria do Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). As edições são quinzenais, com o objetivo de promover debates sobre temas relativos ao exercício da cidadania e à prática responsável do jornalismo.