Prêmio Destaque Pesquisador ilumina competência de Ivo Barbi

Colegas de trabalho e familiares prestigiaram a cerimônia de homenagem ao professor. Fotos:Paulo Noronha
“No ensino está seu maior brilhantismo”, frisou o professor Denizar Cruz Martins na entrega do Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos ao professor Ivo Barbi, realizada na manhã desta quarta-feira, 15 de dezembro, no auditório do Centro Tecnológico. “Conheço Ivo Barbi há 40 anos, desde as aulas de física na Escola Técnica Federal. Nessa época ele organizou três apostilas de máquinas e circuitos. Tinha 21 ou 22 anos”, complementou o professor Denizar, que mais tarde foi também orientado no mestrado em Engenharia Elétrica na UFSC por Ivo Barbi.
Denizar ressaltou o perfil extremamente organizado de Ivo Barbi, seu cotidiano focado no trabalho, a grande habilidade experimental, a liderança no desenvolvimento do planejamento estratégico e da proposta de gestão do Instituto de Eletrônica de Potência (INEP) da UFSC, um conjunto de laboratórios que é referência internacional em sua área.
“Hoje nos grandes laboratórios do país estão ex-alunos formador por Ivo Barbi. É uma pessoa de profundo sendo ético, justiça, honestidade, lealdade e me orgulha ter merecido sua atenção”, frisou emocionado o companheiro de trabalho que lembrou também a origem humilde de Ivo Barbi, filho de pais agricultores do Vale do Itajaí.
“Ele trabalhou como cobrador e como garçom. Não que estas funções não sejam importantes, mas menciono pois foram um caminho para concretizar seus sonhos”, compartilhou com a platéia o professor Denizar, destacando também o gosto de Ivo Barbi pela música sacra e renascentista. “Ele tem mais de 200 composições para violino. Construiu mais de 10 desses instrumentos”.
Ivo Barbi agradeceu aos colegas que o escolheram. E aproveitou sua própria homenagem para citar, agradecer e reconhecer o papel de diversas pessoas marcantes em sua trajetória profissional. Entre elas, o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC Hans Helmut Zürn, que em 43 anos de atuação na universidade formou gerações. Ivo Barbi recordou o período em que foi seu aluno na graduação e como o professor era fonte de inspiração “Lembro que o via no corredor e pensava o quanto queria ser parecido com ele”.
Em sua fala, recuperou momentos marcantes relacionados à UFSC. Em 1968, época de preparação para o vestibular, em contato com outros jovens já estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina, pensava: um dia vou entrar e não vou mais sair dessa universidade. Em 1969, aos 18 anos, viu seu nome na lista de aprovados no vestibular. Um outro momento marcante, recordou, foi o ano de 1974, quando recém-formado prestou concurso para professor na UFSC e foi aprovado.
Um terceiro é o ano de 1979, em que retornou do doutorado, realizado no Instituto Politécnico de Toulouse, na França. “E hoje é outro dia memorável”, disse emocionado e satisfeito por receber a premiação proposta pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da UFSC no ano em que a instituição chega a seu cinquentenário, um reconhecimento a docentes que contribuíram para a produção do conhecimento e a formação de recursos humanos.
O diretor do Departamento de Projetos de Pesquisa, professor Jorge Mário Campagnolo, lembrou que Ivo Barbi é autor uma série de livros didáticos usados em outras instituições. “Raríssimas não utilizam seus livros. São também raros os centros de pesquisa e empresas que trabalham com a eletrônica de potência e que não tenham um mestre ou doutor formado na UFSC”, salientou.
Além de formar centenas de engenheiros que hoje atuam em laboratórios no país e exterior, Ivo Barbi é reconhecido por sua produção científica, destacada na fala da pró-reitora de Pesquisa e Extensão, professor Débora Peres Menezes. “Com certeza outros professores do Centro Tecnológico são merecedores dessa premiação, mas fiquei impressionada ao observar os dados sobre Ivo Barbi no ISI Web of Knowledge”, destacou , ressaltando o fator H 16 de Ivo Barbi, índice relacionado ao número de citações dos trabalhos do professor por outros cientistas (sua pesquisa já resultou em mais de 2700 citações). “Nosso trabalho mais nobre é a formação de recursos humanos e Ivo Barbi tem contribuído muito. Tenho certeza que fecha esse ciclo de premiações com chave de ouro”, salientou a pró-reitora.
“Ao homenagearmos Ivo Barbi quem é homenageada é a instituição”, complementou o reitor da UFSC, professor Alvaro Toubes Prata, destacando que o maior patrimônio da institutição está nas pessoas. “Ivo Barbi é um gigante, fonte de estímulo”, compartilhou com a platéia na leitura de e-mail enviado à Administração da Universidade parabenizando a escolha de Ivo Barbi como Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos no Centro Tecnológico.
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Fotos: Paulo Noronha/Agecom
Professores Homenageados com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos em 2010:
– Raul Antelo (Centro de Comunicação e Expressão)
– Wagner Figueiredo (Centro de Ciências Físicas Matemáticas)
– Markus Vinícius Nahas (Centro de Desportos)
– Ivete Simionatto (Centro Sócio-Econômico)
– Luiz Fernando Scheibe (Centro de Filosofia e Ciências Humanas)
– Antônio Carlos Wolkmer (Centro Ciências Jurídicas)
– Jaime Fernando Ferreira (Centro de Ciências Agrárias)
– Alacoque Lorenzini Erdmann (Centro de Ciências da Saúde)
– Leda Scheibe (Centro de Ciências da Educação)
– João Batista Calixto (Centro de Ciências Biológicas)
– Ivo Barbi (Centro Tecnológico)
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Ivo Barbi: o pesquisador da eletrônica de potência
“Há 31 anos, quando voltei do meu doutorado na França, o Brasil desconhecia a eletrônica de potência moderna”, lembra o professor Ivo Barbi, escolhido pelo Centro Tecnológico da UFSC para receber o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos. Com graduação em Engenharia Elétrica e mestrado na mesma área pela UFSC, doutorado pelo L’institut National Polytechnique de Toulouse, ele contribui para que Santa Catarina e o Brasil sejam referências na área de eletrônica de potência.
Professor titular da UFSC, Ivo Barbi é o fundador do Laboratório de Máquinas Elétricas e Eletrônica de Potência (Lamep), que em 1994 se transformou no Instituto de Eletrônica de Potência (INEP). A mudança no nome marcou também a ampliação do espaço dedicado às pesquisas, conquista de Ivo Barbi e de outros professores do Departamento de Engenharia Elétrica. O laboratório original se desdobrou em oito que contribuem para o desenvolvimento tecnológico da energia elétrica a partir da eletrônica de potência, em atividades de ensino, pesquisa e extensão. “O INEP é o segundo maior em sua área, só perde para outro da Virgínia, nos Estados Unidos.”, orgulha-se o pesquisador.
A relevância não é apenas acadêmica. O Instituto de Eletrônica de Potência da UFSC tem forte interação com o setor elétrico brasileiro. Muitas das pesquisas desenvolvidas por sua equipe são parcerias com grandes empresas e instituições nacionais, caso da Marinha do Brasil, Embraco, Linear e WEG (empresa catarinense líder na produção de máquinas e motores elétricos).
Em relação aos motores elétricos, por exemplo, o desenvolvimento do conhecimento no campo da eletrônica de potência é essencial. Seu acionamento representa, em média, 65% do consumo da energia utilizada na indústria e mais de metade do consumo global. A partir de conversores estáticos, foco da eletrônica de potência, reduções de até 70% do consumo de energia podem ser obtidas.
No caso da iluminação (setor em que em que há ainda muita ineficiência e que ocupa o terceiro lugar em termos de consumo mundial de energia, logo após do aquecimento para processos químicos ou físicos) há um potencial de melhoria que também recebe impulso significativo do INEP. Os estudos envolvem, por exemplo, o desenvolvimento de lâmpadas eficientes, controladas por reatores eletrônicos, e mecanismos de iluminação de estado sólido (Light Emitter Diodes: LEDs). Tanto reatores eletrônicos como LEDs são alimentados por conversores estáticos, equipamento que está no coração das pesquisas do INEP – e do professor Ivo Barbi, que com sua equipe persegue, a partir do processamento eletrônico de energia elétrica, maior eficiência (menor perda nos processos de conversão de energia) e qualidade (energia mais limpa em termos de impacto ambiental).
Conhecimento compartilhado
Atualmente cerca de 100 pessoas utilizam a estrutura do INEP, entre professores, doutorandos, mestrandos e alunos de iniciação científica. A passagem de todos os integrantes fica registrada também nas paredes do instituto. No primeiro andar, placas indicam nome e ano de conclusão da pós-graduação. O de Ivo Barbi está na turma de 1976.
O catarinense de Barracão (cidade localizada no Vale do Itajaí) fundou também a Associação Brasileira de Eletrônica de Potência (Sobraep), em 1990. A entidade é responsável pela edição bimestral da Revista Eletrônica de Potência e pela realização do Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência, primeiro na área fora do eixo Estados Unidos/Japão/Europa.
Seu extenso Currículo Lattes inclui a publicação de nove livros, 56 artigos completos em periódicos e 246 trabalhos em anais de congressos. Sua pesquisa já resultou em mais de 2700 citações. O professor é responsável pela formação de centenas de engenheiros que atualmente atuam em grandes empresas do Brasil e de outros países. Já orientou 97 dissertações, 47 teses e 18 pós-doutorados. Atualmente orienta dois mestrandos e 10 doutorandos. “Trabalho muito”, diz com satisfação.
Mais informações com professor Ivo Barbi: (48) 3721-9204 / ivobarbi@inep.ufsc.br
Por Claudia Mebs (Bolsista de Jornalismo na Agecom) e Arley Reis (Jornalista da Agecom), com informações do Livro UFSC 50 Anos: Trajetória e Desafios