Violência de gênero e saúde é tema da Semana de Combate às Fobias de Gênero

24/11/2017 12:18

As fotos penduradas na sala que antecede o Auditório da Pós-Graduação no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFSC) mostravam cenas borradas, repetidas, angustiantes. Sobre a mesa montada no palco que recebe até quinta-feira, 23 de novembro, a 3ª Semana de Combate às Fobias de Gênero na Saúde (SCFGS), estavam toalhas sobrepostas para formar o arco-íris símbolo do movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT).

Violências e abusos cometidos contra mulheres e comunidade LGBT foram apresentados ao público durante a abertura da SCFGS, iniciada às 18h30 de terça-feira, 21 de novembro, com a presença de gestores, estudantes, servidores e profissionais de saúde.

Durante a abertura, a coordenadora de Diversidade Sexual e Enfrentamento de Violência de Gênero (CDGEN), Olga Garcia, reforçou sobre a importância de existirem espaços institucionais que promovam a conscientização e o acolhimento às mulheres e ao público LGBT. “Com 1,5 ano de gestão, a Coordenação surgiu a partir de uma proposta do reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo e trabalha na construção de uma cultura de apoio e acolhimento às pessoas”.

A temática desta edição é ‘Violência de gênero e saúde’, subdivididas em três áreas abordadas em cada um dos três dias de evento: Violências Institucionais e Gênero (21), Violências de Gêneros e os Profissionais da Saúde (22) e Violência de Gênero entre populações negligenciadas (23).

Segundo Rodrigo Moretti, docente no Departamento de Saúde Pública, a Semana busca prestar informações aos profissionais de saúde, uma vez que essa temática não é trabalhada nos cursos. “Essa é a terceira edição e o objetivo é dar um recorte específico. Este ano abordamos a violência de gênero e refletimos sobre comportamentos que acontecem nos ambientes de saúde pública porque os profissionais não possuem na graduação uma formação que os permita identificar outras formas de vida que não sejam heterossexuais”.

Jenn Lopez, conselheiro do Conselho Municipal LGBT e estagiário na CDGEN, é homem transexual e falou durante o primeiro dia de evento sobre a falta de políticas públicas voltadas às mulheres e comunidade LGBT. “Espaços de debate como esse é fundamental, porque estão ficando cada vez menores ou inexistentes. A educação é essencial para entender que gênero não é uma aberração e que precisamos de respeito”.

O professor visitante associado no CFH, vinculado ao Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), João Manuel de Oliveira reforça que o papel da universidade é fomentar os debates, e não travar a imaginação ou os discursos. Para ele debates como esse devem estar dentro das universidades, uma vez que elas são e sempre serão os ninhos da democracia. “É determinante que as universidades cumpram o seu papel de trazer os debates e manter a pluralidade de ideias. É para isso que serve a universidade: um espaço em que podemos encontrar essas diversidades, essas formas distintas de pensar e, através desse pensamento ininterrupto e dessa discussão, gerar ideias para fazer políticas públicas para melhorar as democracias”.

Oliveira trouxe aos participantes autoras que refletem sobre a teoria política no contemporâneo e as formas de pensar o político numa ideia da pluralidade – central para a democracia. “A diversidade precede a democracia, pois ela se constitui a partir da pluralidade. O problema é quando determinadas ideias se tornam únicas. A ameaça não é que existam vozes que discutam, a ameaça é haver uma visão única. O que a gente pede é mais democracia, não visões únicas”.

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A sensibilização ao público foi realizado, também, por meio de uma performance realizada pela atriz e mestranda em Teatro na Universidade do Estado de Santa Cataria (Udesc), Luane Pedroso. O cenário composto por uma cama, fotos, objetos lúdicos e projetor de imagem foi palco para a atuação de ‘Não durma agora’, uma exposição sobre a violência sexual sofrida por menores.

Confira mais sobre a programação e o evento no site.

Nicole Trevisol / Jornalista Agecom / UFSC

Henrique Almeida/Agecom/UFSC