Crianças aprendem ciência brincando em mesa interativa
A décima edição da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex) confirmou mais uma vez a tradição de receber grande público infantil nos quatro dias de feira. Entre os 30 mil visitantes (número estimado pela comissão organizadora) que passaram pelo pavilhão montado em frente à Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) até sábado, 22, grande parte era composta de estudantes da Educação Básica.
Entre os estandes mais procurados por crianças e adolescentes destacam-se aqueles coloridos, chamativos, interativos. Alguns chegam a formar filas, como o que abrigou este ano uma mesa de jogos comprada para o acervo do Parque Viva a Ciência. A mesa de tela touch tem como conteúdo jogos relacionados à ciência.
Interessadas em experimentar, as crianças e adolescentes vêm “em bando”. Alguns olham, param, se admiram, cutucam o colega e logo correm para a fila para serem os próximos a jogar. Outros preferem observar de longe por um instante, receosos, com os olhinhos cheios de dúvida, mas logo se rendem e começam a “brincadeira”, que tem sabor de aprendizado, ciência e tecnologia.
Com os dedos em riste, querem tocar. E provar a sensação da nova tecnologia. Os estudantes da UFSC responsáveis pelo projeto são também designados a acalmar os ânimos e explicar o funcionamento da mesa. Aline Batista, uma das desenvolvedoras do conteúdo para o equipamento interativo, conta que o estande não parava de receber visitantes animados e dispostos a aprender brincando.
Ver, tocar, mexer
Entre o Jogo da Química, o Jogo da Associação dos Cientistas, a Memória dos Planetas, o Espectro Eletromagnético e o Quiz, a turma de alunos da 6ª série do Colégio Ilhéu, de Florianópolis, escolheu o jogo de perguntas e respostas. De quatro em quatro, ocuparam a extremidade da mesa interativa, com as mãos a postos.
Ao ouvir o sinal de alerta, começam. “A bactéria Clostridium tetani é causadora de qual doença?”. O grupo parece ouvir o tic-tac do relógio e fica nervoso. Aline ajuda: “tetani, tetani, tetani. Isso não lembra nada a vocês?”
A cada acerto é um grito de comemoração. Aos poucos os colegas que ficaram esperando unem-se aos jogadores e palpitam. O jogo, que era individual, torna-se coletivo. E o aprendizado é potencializado.
Na mesa interativa tem-se, teoricamente, uma vencedora. Bárbara, de 12 anos, parece contente com o resultado. Estudante de um colégio próximo à universidade, ao chegar à feira e descobrir os estandes e a mesa interativa ficou maravilhada. “É muito legal poder ver, tocar, mexer no que a gente aprende na escola”, conta. A mesa interativa serviu de teste, portanto, para o aprendizado a qual Bárbara se refere, e o objetivo da feira de promover a Pesquisa, o Ensino e a Extensão são alcançados.
Também curiosa, uma menina com traje açoriano se aproxima. Ana Paz Cardoso, de 14 anos, é dançarina do Grupo Folclórico Casa da Dindinha, de Laguna, que se apresentou na manhã do primeiro dia da 10ª Sepex. Ainda com as roupas típicas ela espia, atraída pelo número de crianças que se concentrara em frente à mesa interativa.
Esperando para escolher algum jogo da mesa interativa, Ana observa tudo ao redor. “A universidade às vezes parece um mundo inatingível para quem não é daqui. Mas hoje eu vi que, se eu quiser, isso também pode fazer parte do meu mundo”, disse a adolescente.
A mesa interativa
Acervo do Parque Viva a Ciência que a UFSC busca implantar no aterro da Baía Sul, a mesa de tela touch com jogos relacionados à ciência foi demonstrada ao público durante a 10ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC de 19 a 22 de outubro.
No jogo da memória, por exemplo, é preciso encontrar a imagem par dos nove planetas do Sistema Solar. Em outro, Adolpho Lutz, Vital Brazil e Carlos Chagas estão entre os brasileiros que fazem parte da Associação dos Cientistas.
No jogo da química, duas pessoas têm sua tabela periódica dos elementos para montar compostos que vão sendo propostos. A mesa interativa foi comprada pela UFSC para o acervo do Parque Viva a Ciência, com recursos da Fapesc. O conteúdo está sendo desenvolvido na universidade pela estudante Aline Batista, com e orientação do professor Nelson, do Departamento de Física.
Por Gabriele Duarte / Bolsista de Jornalismo na Agecom
Mais informações sobre a mesa interativa: Professor Nelson Canzian da Silva Fone: 3721-8305
Sobre o Parque Viva a Ciência: Professora Débora Peres Menezes / débora@reitoria.ufsc.br / (48) 3721-9716
Saiba Mais:
Jogo da Química:participam duas pessoas. Cada uma tem sua tabela periódica dos elementos. O jogo inicia sorteando um composto químico (por ex. H2O) e o jogador tem que buscar na tabela as moléculas que compõem o composto (no caso, dois hidrogênios e um oxigênio). Assim que é formada a substância, uma página de alerta aparece na tela dando alguma informação sobre o composto. Quem formar mais substâncias em dois minutos vence o jogo.
Jogo da Associação dos Cientistas: também participam duas pessoas. Consiste em associar a foto do cientista brasileiro com alguma imagem que tenha relação com o trabalho desenvolvido por ele (por exemplo, Santos Dumont e 14-bis).
Memória dos planetas:é um jogo da memória clássico. A ideia é encontrar a imagem par dos planetas. Neste também jogam duas pessoas.
Quiz: podem jogar quatro pessoas. São aproximadamente 200 perguntas sobre ciências e outras áreas (física, geografia, história, química, matemática, biologia, etc.). Na partida são sorteadas 10 questões e quem acertar mais respostas vence.
Espectro eletromagnético: está em desenvolvimento e não é um jogo, mas uma atividade de caráter informativo. Será demonstrado um espectro eletromagnético em que será possível “passear” e obter informações sobre cada faixa de frequência da onda eletromagnética (rádio, infravermelho, visível, raios-x, etc…).