“O pinheiro brasileiro” é mais um dos títulos que estão na Feira da EdUFSC
Com 702 páginas, o livro de Rodrigues de Mattos começa fazendo um histórico da exploração da madeira do pinheiro nativo, fala das diferentes formações de pinheirais, analisa a sua propagação por meio de pinhões e os aspectos climáticos e geológicos relacionados à planta, que ainda é encontrada em boa quantidade nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de parte de São Paulo e, em menor grau, em Minas Gerais.
O livro também pode ser útil para quem planeja plantar o pinheiro, pois há um capítulo dedicado ao preparo do solo, adubação, espaçamento e outros cuidados requeridos pelo cultivo. A anatomia do pinheiro (lenho, galhos, raízes, folhas e frutos), a maturação, a armazenagem dos pinhões e os melhoramentos feitos por meio da tecnologia igualmente fazem parte da obra. O autor chega a detalhar aspectos relativos a queimadas e suas consequências, e dedica uma página à análise da brotação de pinheiros queimados e dos sobreviventes.
O nível de detalhamento do tema é tão acentuado que Rodrigues de Mattos se detém sobre números e medidas das árvores, processos de secagem da madeira e o seu beneficiamento, ou seja, a laminação, colagem e transformação em compensado. Outros derivados de alguns tipos de pinheiro são a celulose, o papel e a resina. No final, o autor compila dados sobre o número ideal de plantas por hectare, despesas com a plantação, custos de produção da madeira e as principais utilidades do pinheiro, que vão da construção de moradias aos pratos feitos à base de pinhão, passando pela fabricação de lápis e fósforos, mobiliário, aberturas, brinquedos, andaimes, pontes e embarcações.
Unidade de conservação – Na introdução, o autor lamenta a redução da área recoberta de pinheiros no Brasil. Para ele, isto aconteceu “por falta de conscientização geral, ou seja, o pinheiro cedeu espaço aos campos de pastagem ou para o plantio de soja”. Na contracapa, o professor Miguel Pedro Guerra, do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, destaca que Mattos, “um dos mais prestigiosos botânicos do Brasil”, chegou a transformar sua propriedade rural, em São Joaquim, onde essas espécies ainda imperam, em uma unidade de conservação. “Pelo menos lá temos a certeza de que as novas gerações poderão contemplá-las e saber de suas histórias intemporais”, afirma.
João Rodrigues de Mattos é formado em Horticultura pela Escola Técnica de Agronomia de Viamão (RS), onde lecionou por oito anos, e é engenheiro agrônomo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Estudou botânica no herbário de Assunção, no Paraguai, e tornou-se doutor pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (SP). Coletou mais de 32 mil plantas, depositadas em museus botânicos nacionais e estrangeiros.
A Feira
A Feira da EdUFSC acontece de 8 de agosto a 2 de setembro, das 9 às 19 horas, na Praça da Cidadania, em frente à Reitoria. A Editora da UFSC oferece, nesse período, uma diversidade de 800 títulos e dez mil exemplares de qualidade com descontos de 50 a 70%.
Mais informações: 3721-9459 e 9911-0524.
Por Paulo Clóvis Schmitz, jornalista na Agecom/UFSC