Voluntária e ex-aluna da UFSC conta a sua história com o câncer de mama

10/10/2013 14:13

Portadora da doença recomenda apoio familiar e autoestima elevada contra o câncer

Ronilda ao lado da filha durante a caminhada do Outubro Rosa, realizada no último dia 20. Foto: Summer Floripa / Divulgação AMUCC

Ronilda Vieira formou-se em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1976 e, trinta anos depois, recebeu um diagnóstico de câncer de mama. Fez cirurgia, ficou careca em consequência da quimioterapia, tomou remédios e recuperou-se. Sua principal estratégia foi a de manter-se positiva – antes e durante o tratamento. Hoje, a doença está em remissão, e Ronilda atua na Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC), como vice-presidente, para incentivar a prevenção e conseguir que mais pessoas tenham acesso aos exames que identificam os tumores.

A ultrassonografia de mama virou sua rotina anual a partir dos 40 anos de idade, e, quando completou 50, Ronilda passou a fazer mamografia também. Aos 54, a médica desconfiou, e uma investigação mais profunda diagnosticou nódulos nos dois seios da paciente, que, após nova análise, descobriu que tinha câncer na mama esquerda. “Eram muito pequenos:  um tinha algo em torno de três milímetros; e outro, menos de nove”, conta. Mesmo assim, foi necessário retirar toda a mama afetada, e a mastectomia aconteceu simultaneamente à reconstrução.

Ronilda estava na idade de risco, mas não fumava, não bebia álcool em excesso e amamentou os dois filhos. Todo ano ela reserva o mês do seu aniversário para fazer todas as consultas e exames de rotina, o que ela diz que é o seu presente para si mesma. “Eu sabia que podia acontecer comigo, óbvio; pode acontecer com qualquer pessoa.  Mas tinha o colesterol controlado, não tive casos na família, sempre comi muita fruta e verdura. Eu levei um susto. Quem não leva?”, questiona.

Diagnóstico

Quando soube da doença, guardou segredo para não estragar a festa de formatura da filha, que se graduava em Farmácia; o único que sabia era o marido. “Só contei para ele porque eu estava toda espetada, cheia de curativos”, relata. A cirurgia foi adiada ainda mais porque ela desenvolveu uma pansinusite – inflamação de todas as cavidades do crânio. “Sabe o que é isso? Eu fui atrás de médico, e não havia quem resolvesse. Até que uma neurologista me atendeu, à noite, e ela já fez um monte de avisos, que eu não tinha condições de fazer cirurgia”.

Depois que deu a notícia aos filhos, Ronilda percebeu que a reação foi fria, o que a deixou assustada. “Sabe como é família que se acha preparada? Que reage a tudo muito friamente? Eles me diziam ‘tudo bem, isso tem cura’”, lembra. Até que um dia ela precisou desabar, e veio o alívio ao saber que não estava sozinha. “Eu já estava em tratamento, e foi a primeira vez que eu chorei muito; eu aquela angústia. Estava com medo, mesmo”, confessa. Nesse dia seus filhos choraram e disseram que também estavam com medo.

“É bom chorar, o choro alivia. Se tem alguém com câncer, vai lá, abraça forte, chora junto, fala para ele ‘eu também estou sofrendo, mas nós vamos enfrentar isso juntos; tenho certeza de que vamos sair dessa’. Deve-se dar a chance à pessoa de desabafar contigo. Se você fica muito fria, a pessoa não se sente nem com coragem de desabar”, opina.

Quando pôde ser operada, Ronilda ficou 11 horas na sala de cirurgia. A reconstrução foi feita utilizando músculo das costas e prótese de silicone. Ela diz que a necessidade de adiar em mais de um mês a mastectomia foi positiva. “A grande vantagem foi ter esperado, porque eu tive tempo de pensar em tudo, sem ter que fazer às pressas. Fui elaborando, sem ir naquele pavor para a cirurgia”, ressalta.

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