UFSC na Mídia: matéria da Revista Pesquisa Fapesp destaca trabalho da UFSC envolvendo etanol

20/11/2009 08:42

As artesãs do etanol

Carlos Fioravanti, de Nova Europa

Edição Impressa 165 – Novembro 2009

Pesquisa FAPESP – © Eduardo Cesar

Em menos de cinco minutos, as correntes de um guindaste inclinam uma carreta e despejam 30 toneladas de cana em uma esteira no início da linha de produção de açúcar e álcool da Usina Santa Fé, em Nova Europa, região central do estado de São Paulo. A carreta sai e um trator traz outra e depois outra, dia e noite, sem parar. A cana segue pela esteira, passa por máquinas que a trituram e extraem o caldo verde que se transforma em açúcar após purificação e evaporação. Mais adiante, nas dornas de fermentação – tanques de 25 metros de altura –, começa a transformação de açúcar em etanol, que depende de linhagens específicas de um tipo de fungo, a levedura Saccharomyces cerevisiae, o mesmo microrganismo unicelular usado para fazer pão, cerveja e vinho.

“Até pouco tempo atrás, não sabíamos o que acontecia lá dentro”, conta Cláudio Câmara, gerente de processos da usina, apontando para os tanques. “Só sabíamos que a fermentação terminava bem.” Depois de usar várias linhagens de Saccharomyces cerevisiae adequadas a menores volumes de produção, a Santa Fé adotou uma combinação de quatro variedades de leveduras para dar conta da produção de 1 milhão de litros de álcool por dia, que enchem 30 caminhões.

“Foi o melhor que conseguimos”, diz. Ele gostaria de usar menos variedades de levedura ou menos levedura – a fermentação começa com 600 quilos de leveduras colocadas em um tanque com 80 mil litros de mosto, o açúcar diluído. “Mas, com esse volume de produção, não podemos correr riscos.” Antes reconhecidas apenas pela capacidade de transformar açúcar de cana em álcool combustível, essas linhagens de leveduras são agora um pouco mais conhecidas e respeitadas.

Dois estudos – um da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – examinam o conjunto de genes (genoma) das linhagens de leveduras usadas na produção de etanol e descrevem os mecanismos que permitem a elas produzir álcool com rapidez e eficiência. A partir dessas informações, os pesquisadores estão agora motivados para buscar – ou construir – variedades mais adaptadas às dornas de fermentação. “Talvez o desempenho das leveduras de uso industrial melhore se conseguirmos remover ou desativar alguns genes”, acredita Gonçalo Pereira, coordenador da equipe da Unicamp.

Um dos argumentos que alimentam essa possibilidade é que o rendimento da produção de álcool ainda está abaixo do máximo teórico. Hoje as leveduras produzem 0,46 grama de etanol para cada grama de açúcar, segundo Sílvio Andrietta, pesquisador da Unicamp. “O máximo teórico é de 0,51”, diz ele. “Chegamos a 90% do máximo teórico.” Se der certo, o impacto econômico pode ser grande. “Se a eficiência do processo aumentar 5%, já será um ganho extraordinário, em vista dos elevados volumes de produção”, diz o engenheiro químico Saul Gonçalves D’Ávila, professor emérito da Unicamp que acompanha uma das equipes. Este ano 350 usinas devem produzir 27,5 bilhões de litros de etanol.

Agora conhecido, o conjunto de genes próprio das leveduras que produzem etanol explica como essas variedades se tornaram robustas como um jipe, capazes de sobreviver ao calor intenso e de vencer a competição com leveduras selvagens que vêm com a cana e com outros microrganismos, todos ávidos pelo açúcar abundante nos tanques. “O processo de produção de etanol no Brasil é bastante suscetível à contaminação por microrganismos, que reduzem a produtividade”, comenta Gustavo Goldman, professor da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, especialista em genoma de fungos.

Leia a Matéria na íntegra

UFSC na mídia: 3º Congresso de Direito de Autor e Interesse Público

10/11/2009 11:26

Letra morta

Normas menos rígidas e regulação estatal devem servir de base à nova lei do direito autoral; pelas regras válidas atualmente, incontáveis usuários da internet estão na ilegalidade

Começam a vir à tona, hoje, os principais pontos da reforma do direito autoral planejada pelo governo brasileiro. A Folha teve acesso às diretrizes do anteprojeto de lei preparado pelo Ministério da Cultura (MinC) em parceria com acadêmicos e juristas. Antes mesmo de tornar-se público, o texto já causa divergências.

A iniciativa inclui-se num movimento mundial de revisão de leis que, simplesmente, não servem mais. Baseadas na Convenção de Berna, de 1886, as leis de direito autoral regem um mundo que deixou de existir. “Elas têm origem no século 19. Uma coisa é falar de partitura, outra é falar de sampler, que é mais do que uma cópia, é a recriação de uma obra”, exemplifica o professor Marcos Wachowicz, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), organizadora do 3º Congresso de Direito de Autor e Interesse Público, que acontece hoje e amanhã, na Fecomercio, em São Paulo.

No encontro, especialistas vão debruçar-se sobre o texto alinhavado pelo MinC a partir de um diagnóstico do setor cultural. Com isso, será dada a largada oficial para a revisão da lei em vigor, aprovada em 1998, como atualização de uma lei criada em 1973. O texto atual trata como ilegais atitudes corriqueiras, como a cópia de um CD para um pen drive. “Temos toda uma população na ilegalidade”, resume Wachowicz.

“Mudou a necessidade do consumidor e também a do autor”, diz Alfredo Manevy, secretário-executivo do MinC, para quem os criadores, não raro, são submetidos a “contratos leoninos”. “Há um desequilíbrio de forças entre autores e investidores”, diz, referindo-se a gravadoras, editoras etc. “Queremos fortalecer e garantir direitos hoje diluídos.”

Mas não é necessariamente assim que os autores pensam. “A iniciativa do MinC está divorciada das discussões mundiais”, diz José Carlos Aguiar, presidente da Associação Brasileira do Direito de Autor (ABDA). “As entidades de autores não foram consultadas e a tônica é a da fragilização do direito autoral”, aposta. Também contra o projeto posiciona-se, de antemão, a Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus). “Parece que virá como um pacote de cima para baixo”, diz Juca Novaes, a despeito da informação do MinC de que se trata de uma primeira proposta, a ser submetida a um longo processo de discussão. “Está clara a intenção de estatização do direito autoral”, completa.

No texto há, de fato, menção ao Instituto Brasileiro de Direito Autoral, que o MinC não esclarece muito bem o que seria. José Luiz Herência, secretário de políticas culturais, diz apenas ser importante maior presença do poder público no setor. Não se sabe, porém, o quanto o instituto teria o poder de interferir no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), encarregado de arrecadar o pagamento de direitos autorais. O Ecad distribuiu, em 2008, cerca de R$ 270 milhões para mais de 73 mil músicos. Herência limita-se a dizer que “o Ecad precisa aprimorar seus mecanismos de transparência”.

O que está em jogo é também a relação entre interesses diversos. “O direito de autor foi criado para regular interesses privados. Com a internet, o papel do interesse público se ampliou”, diz o professor Manoel Pereira dos Santos, da FGV. “Temos mais gente produzindo, disponibilizando e tendo acesso. Isso muda o equilíbrio de poderes e, por isso, no mundo, estão mudando as leis.”

Fonte: Folha de S. Paulo/Ana Paula Sousa

Capa da Ilustrada de segunda-feira, dia 9 de novembro

Mais informações: http://www.direitoautoral.ufsc.br

*twitter:*

http://twitter.com/direitodeautor

*blog:*

http://www.congressodedireitodeautor.blogspot.com

Na UFSC, com o professor Marcos Wachowicz / Fone 48-3721-9292 /

www.cpgd.ufsc.br

UFSC na Mídia: Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais fala na UFSC sobre “Fóssil do Big Bang”

01/06/2009 11:35

JC e-mail 3771, de 28 de Maio de 2009. ,

Carlos Alexandre Wuensche, da Divisão de Astrofísica do Inpe apresenta a palestra no dia 15 de junho, a partir de 19h, no auditório da Reitoria

A Cosmologia, ciência que estuda a estrutura, evolução e composição do universo, é uma área que requer observações que sustentem as previsões teóricas dos cientistas

Formada por micro-ondas fraquíssimas que permeiam o espaço, a Radiação Cósmica de Fundo é uma das observações utilizadas para isso, sendo considerada a melhor evidência de que há 13,7 bilhões de anos houve o Big Bang, a explosão primordial que teria originado o universo.

De forma semelhante a um arqueólogo que coleta fósseis e relíquias para construir uma imagem do passado, cosmólogos estudam as propriedades da Radiação Cósmica de Fundo como um fóssil do Big Bang. E esse será o assunto de uma nova palestra integrada às comemorações do Ano Internacional da Astronomia na UFSC. O encontro será realizado no dia 15 de junho, a partir de 19h, no auditório da Reitoria.

O convidado é o professor Carlos Alexandre Wuensche, da Divisão de Astrofísica do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), que terá, como os outros palestrantes que já visitaram a UFSC para falar sobre vida fora do sistema solar, buracos negros e planetas extrassolares, o desafio de traduzir o assunto para o público leigo.

Mais informações sobre o ciclo de palestras: astro@astro.ufsc.br

UFSC na Mídia: Instituto de Estudos de Gênero é fonte de caderno Donna, no jornal Zero Hora

01/06/2009 11:17

O Instituto de Estudos de Gênero, ligado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, é fonte de matéria de capa do Caderno Donna, do jornal Zero Hora. Publicado no dia 24 de maio, o material trata da relação de Michelle Obama com o feminismo. A entrevista foi realizada com a professora Carmen Rial, atualmente em pós-doutorado na University of California Berkeley.

Acompanhe a matéria:

Michelle, o símbolo



Duas biografias recém-lançadas sobre a primeira-dama dos Estados Unidos revelam o perfil da mulher que virou ícone do pós-feminismo

Barack Obama, David Axelrod, principal consultor político da cidade de Chicago, e Michelle Obama estavam reunidos no escritório. O ano era 2004. Vencer as primárias eleitorais significaria a chance de Obama concorrer ao Senado. Os três tinham uma questão a resolver: usar ou não o slogan “Yes, we can”. Obama achou o slogan simplista, mas a frase foi defendida por Axelrod, seu criador. Coube a Michelle o voto de desempate. Ela achou uma boa ideia, ele virou senador.

A trajetória da primeira-dama dos EUA e a influência sobre a carreira do marido estão em duas biografias lançadas agora no Brasil. Os livros Michelle: A Biografia e Michelle Obama: A Primeira-Dama da Esperança se ressentem da falta de uma entrevista com a biografada (seus assessores só permitiram declarações para revistas de variedades durante a campanha). Mesmo assim, reforçam a tese da personificação de um novo símbolo do pós-feminismo.

A influência de Michelle Obama, 45 anos, mãe de Sasha, oito, e Malia, 11, a partir do que é revelado nos livros das jornalistas Liza Mundy e Elizabeth Lightfoot vai além da cor do vestido, do novo penteado ou da forma como ela conciliou carreira e família. Nada a ver com as digressões sexuais de Madonna ou com os desvarios consumistas de Carrie Bradshaw, de Sex and the City. O que chama atenção em Michelle é o equilíbrio nos papéis de mulher sexy, mãe e esposa dedicada.

Para Carmen Rial, antropóloga, professora e pesquisadora do Instituto de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Santa Catarina, é preciso esclarecer o termo pós-feminismo, sob risco de apontarmos para valores de retrocesso em relação às conquistas feministas do século 20.

– Michelle tem dado provas de que sua vida se pauta pelas conquistas do movimento feminista. Se é verdade que deixou um emprego como advogada em que recebia US$ 300 mil por ano para se tornar a esposa do presidente, também tem aproveitado os espaços para atuar politicamente, com longos discursos nos quais expressa opiniões feministas. E ela já disse que voltará a trabalhar tão logo saiam da Casa Branca – explica Carmen Rial.

Referência fashion

Michelle Obama tem sido apontada como referência também na moda. Nos Estados Unidos, há quem diga que ela já é uma das Fab Four da era moderna – espécie de “quarteto fantástico” da moda –, somando-se a Jacqueline Kennedy, Carla Bruni-Sarkozy (com Michelle na foto abaixo) e a princesa Diana. Seu gosto por cores fortes, com casacos, blusas sem manga e cintura alta, inspirou o livro Michelle Style, lançado no início deste mês nos EUA. A obra assinada por Mandi Norwood reúne fotos e descrições de seus principais looks em eventos.

Além da altura (1m80cm) e das belas pernas, um dos trunfos apontados pelos críticos de moda incluem o estilo hi-lo (contraste de peças caras com outras mais baratas) e a opção por estilistas jovens e pouco conhecidos. O tititi sobre o que Michelle Obama veste reforça a semelhança com o movimento feminista.

No início do século 20, o feminismo foi decisivo na mudança da moda da época a partir da entrada das mulheres no mercado de trabalho. Agora, com uma negra no posto de primeira-dama da nação mais poderosa do mundo, a comparação é possível?

– Sim, mas não a imagino gastando fortunas com sapatos e vestidos, que é como alguns têm se referido às pós-feministas – diz a antropologa Carmen Rial.

Por Fabiano Moraes

UFSC na mídia: Juiz extingue ação contra a universidade no Norte

27/05/2009 11:53

No que depender da Justiça, a UFSC pode seguir com seu projeto do Campus Norte em Joinville. Nesta terça-feira, 26 de maio, o juiz substituto Cláudio Marcelo Schiessl negou todos os pedidos do Ministério Público Federal que questionavam a construção do campus na Curva do Arroz. O MPF também pedia, em liminar, que o vestibular fosse temporariamente cancelado, até que houvesse uma discussão ampla sobre os cursos.

Além de negar o que quatro procuradores pediam como decisão provisória, Schiessl extinguiu a ação. UFSC e União, réus no processo, podem respirar aliviados. Prova alguma há das alegações do MPF, escreveu o juiz.

Segundo Schiessl, a UFSC está fazendo os estudos para resolver problemas como torres de alta tensão e a linha férrea que cortam o terreno doado onde o campus será construído às margens da BR-101. Sobre a seleção do curso, o juiz ressaltou que a universidade tem autonomia para decidir isso.

Fonte: Jornal A Notícia

27 de maio de 2009. | N° 416, ed. Geral

UFSC na mídia: Planejar e gerir territórios

25/05/2009 14:37

Planejar e gerir territórios, por Leila Christina Dias*

O planejamento e a gestão dos territórios são temáticas que estão sempre na ordem do dia e que podem ser focalizadas a partir de diferentes pontos de vista. São problemáticas historicamente ligadas ao exercício do poder, à ação de diferentes atores sociais e às relações que estes estabelecem entre si.

No intuito de contribuir para o avanço da reflexão sobre as tendências recentes do planejamento e da gestão dos territórios, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur) realizará seu 13º Encontro Nacional, em Florianópolis, entre os dias 25 e 29 de maio, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC.

O tema central será “Planejamento e gestão do território: escalas, conflitos e incertezas”. Estima-se que um público de 1,2 mil pessoas estará presente, reunindo planejadores, arquitetos, geógrafos, sociólogos, economistas, historiadores, dentre outras formações, buscando um diálogo entre a pesquisa e a ação política desenvolvida em diferentes Universidades, Ministérios, Secretarias de Governo e Organizações Não-governamentais.

O papel do município a partir da Constituição de 1988; metodologias de gestão urbana e metropolitana; conflitos e práticas envolvendo usos e gestão do território; dilemas, tensões e incertezas em relação aos atuais modos de apropriação do espaço e de uso dos recursos ambientais serão temas problematizados nas conferências, mesas-redondas, sessões temáticas e sessões livres.

Se os territórios expressam a coexistência conflituosa de muitas vozes e trajetórias, espera-se que do diálogo surjam propostas à altura dos desafios atuais e futuros.

* Professora da UFSC, pesquisadora do CNPq e presidente da Comissão Organizadora do XIII Enanpur

Leia também:

– Estudo identifica 171 áreas de informalidade e pobreza na região conurbada de Florianópolis

– Livro traz resultados de estudos sobre o mercado de solo nas favelas brasileiras

– Trabalho de professor da UFSC lembra que Florianópolis está longe de ser uma cidade perfeita

– Encontro sobre planejamento urbano traz para Santa Catarina pesquisadores de renome

UFSC na mídia: 40% dos adolescentes já perderam ao menos um dente no Brasil

22/04/2009 13:42

FERNANDA BASSETTE

da Folha de S.Paulo

Editoria de Arte/Folha Imagem

Editoria de Arte/Folha Imagem

Quase 40% dos adolescentes brasileiros entre 15 e 19 anos já perderam ao menos um dente e, em 93% dos casos, a perda foi provocada por uma cárie. Os dados são de um estudo realizado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), que foi publicado no mês passado na “Revista de Saúde Pública”.

O resultado preocupa os especialistas, pois a expectativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o ano 2000 era que 85% dos adolescentes dessa faixa etária tivessem todos os dentes -e o país possui apenas 60% dos jovens nessa condição.

A cárie é uma destruição dos tecidos dentais provocada pela ação das bactérias acumuladas em placas, formadas depois de uma escovação inadequada e pela ingestão de sacarose.

A ação bacteriana provoca a alteração do pH da boca e a perda de minerais dos tecidos dentais (esmalte e dentina). Conforme a perda de minerais aumenta, há mais riscos da cárie chegar até a polpa dos dentes (região dos nervos e vasos sanguíneos). É isso que causa a dor.

A pesquisa da UFSC desmembrou os resultados do levantamento epidemiológico nacional de saúde bucal, realizado pelo Ministério da Saúde em 2003 e considerou apenas as informações dos adolescentes. Ao todo, foi avaliada a saúde bucal de 16.833 jovens de 250 cidades brasileiras.

Segundo Paulo Roberto Barbato, autor do estudo, existem poucos trabalhos brasileiros focados apenas na saúde bucal do adolescente. “Queríamos avaliar como estão os dentes de uma população que já tem o benefício da fluoretação da água e dos cremes dentais. Por isso fizemos o recorte só com os adolescentes”, explica.

Entre os jovens que moram em locais não servidos por água fluoretada, a prevalência de perda dentária foi 40% maior do que entre os demais.

Primeiro molar

De acordo com Barbato, autor do estudo, os dentes perdidos com mais frequência pelos adolescentes são os primeiros molares (esquerdo ou direito, superior ou inferior). De acordo com ele, isso acontece porque o primeiro molar é o primeiro dente permanente que nasce e, por isso, fica mais exposto e mais suscetível para desenvolver cáries.

“O primeiro molar não é trocado, como os dentes de leite. Mas, normalmente, os pais não o identificam como dente permanente e acabam não cuidando dele adequadamente. Essa é uma hipótese que ajuda a entender por que esses dentes caem mais”, avalia Barbato.

Além disso, o estudo mostra que em 2003 os adolescentes tiveram, em média, 6,2 cáries (tratadas ou não), considerando o índice CPOD (dentes cariados, perdidos ou obturados). Em 1986, quando foi feito o primeiro levantamento nacional, os jovens da mesma idade tiveram história de cáries em pelo menos 12 dentes.

“Percebemos que a quantidade de cáries diminuiu, mas a perda dentária continua alta entre os jovens. É preciso mais ações voltadas para esse público”, diz o pesquisador.

O dentista Marcelo de Castro Meneghin, vice-diretor da Faculdade de Odontologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e professor de saúde pública, diz que os resultados são preocupantes.

De acordo com Meneghin, a média atual de cáries em crianças com até 12 anos é de 2,78. Entre os adolescentes, a média duplicou, ficando em 6,2. Se considerarmos os adultos, a média é de 20,1 dentes cariados, três vezes mais do que os adolescentes. “Isso é uma preocupação, pois você tem um índice de cáries aceitável em crianças e cada vez pior entre os adultos. Os idosos não terão mais dentes”, afirma.

Brasil Sorridente

Na opinião de Meneghin, apesar do número alto de perda dentária, a tendência é melhorar a saúde bucal do brasileiro, já que o Ministério da Saúde implantou em 2004 o programa Brasil Sorridente.

“As políticas de saúde bucal sempre foram muito voltadas às crianças, pois os atendimentos odontológicos eram feitos nas escolas. A população adulta era totalmente desassistida pelo SUS. Agora, os adultos têm acesso a água e cremes dentais fluoretados, além do tratamento. Isso terá um reflexo”, avalia.

O Ministério da Saúde estima que, em 2008, 58% da população brasileira não teve acesso a escovas de dentes conforme recomendação de especialistas (quatro por ano). O número inclui pessoas que nunca escovam os dentes, as que fazem isso de vez em quando e também aqueles que usam a mesma escova por muito tempo.

Dentro da Política Nacional de Saúde Bucal, o ministério iniciou, em março, a entrega de 40,6 milhões de kits (pasta de dente e escova) para todo o Brasil. Em 2008, foram distribuídos 32 milhões de kits. “Se a escovação dos dentes for feita corretamente, dentro das técnicas, a tendência é diminuir as cáries”, avalia Meneghin.

Leia a matéria na Folha de São Paulo: