UFSC desenvolve sistema para fornos de padaria que economiza energia e garante melhoria na qualidade do pão
Os resultados e a demonstração da primeira etapa do desenvolvimento de um kit que vai fazer com que os fornos de padaria economizem energia elétrica, melhorando a qualidade do pão, serão apresentados na segunda-feira, dia 19, às 14h, no Auditório da Reitoria da UFSC. Através de um sistema eficiente de distribuição de calor, já é possível adaptar qualquer forno elétrico de padaria em um equipamento movido a gás de cozinha ou gás natural, proporcionando economia de energia elétrica, cozimento uniforme dos pães em todas as bandejas e evitando também que haja contato entre os gases nocivos produzidos durante a queima do combustível e o pão que está sendo assado. Este é um trabalho realizado por pesquisadores do Laboratório de Energia Solar (LabSolar) e Núcleo de Controle Térmico de Satélites (NCTS) do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, com o apoio da Petrobrás.
O sistema desenvolvido na UFSC faz com que a queima do gás de cozinha ou do gás natural ocorra na câmara de combustão, um espaço localizado abaixo da câmara onde o pão é assado, sendo que apenas o calor produzido é transmitido para o pão através de termossifões instalados nas paredes externas do forno. O termossifão é um tubo metálico fechado que possui em seu interior um fluido de trabalho, que neste caso é a água, um evaporador na parte inferior e um condensador na parte superior do aparelho. Com esse aparelho, é possível transmitir e distribuir uniformemente altas taxas de energia térmica.
Dentro do termossifão, a transmissão de calor se dá através de mudanças de estado físico do fluido de trabalho. O calor produzido na câmara de combustão é transmitido para a água que está na parte inferior do tubo. Com o aquecimento, a água líquida tende a mudar de estado físico e se transformar em vapor. Por uma diferença de pressão, o vapor produzido sobe até a parte superior do tubo, onde encontra uma região com menor temperatura que faz com que ocorra uma nova mudança de estado físico: o vapor se transforma novamente na água em estado líquido, descendo até a parte inferior do tubo. Durante esse processo, a temperatura em toda a superfície do termossifão se mantém praticamente constante desde a extremidade inferior, mais próxima da câmara de combustão, até a mais distante da fonte de calor.
Com a distribuição uniforme de temperatura por todo o forno, é possível produzir pães que terão o mesmo cozimento em todas as bandejas, evitando assim que parte da produção perca qualidade. Além disso, os produtos são assados apenas com o ar aquecido, sem ter contato com os gases produzidos durante a queima do combustível, que podem ser nocivos à saúde. “Quando o gás do fogão de casa está terminando ele libera gases que fazem com que o fundo da panela fique preto. No caso do forno, esses gases são absorvidos pelo produto que está sendo assado”, explica a coordenadora do projeto da UFSC, professora Márcia Mantelli.
A versão do kit está muito próxima de ser comercializada, podendo já ser adaptada a qualquer forno comercial sem a necessidade de redução na área útil onde é assado o pão. Segundo Márcia, o tempo de retorno do investimento dessa versão do kit varia entre 10 e 18 meses, dependendo da quantidade de assadas feitas no dia. Mas para que o trabalho esteja completo, falta ainda desenvolver uma nova câmara de combustão, ou seja, realizar alterações aa área onde o gás é queimado. Esta nova câmara precisa ser energeticamente eficiente para que o calor produzido não se perca e seja possível utilizar menos gás para se obter o mesmo resultado de cozimento do produto. Para essa nova etapa, a UFSC está buscando parceiros da área industrial interessados em apoiar o projeto.
O trabalho da UFSC teve início em outubro de 2001, no auge da crise energética brasileira e foi intensificado com os programas do governo federal que visam melhorar a eficiência energética dos eletrodomésticos e conseqüentemente, diminuir o gasto de energia elétrica. Seguindo essa linha, foram criados programas como o PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) que classificam os equipamentos de acordo com o seu nível de eficiência energética, atribuindo selos de desempenho para cada um dos aparelhos. Fogões domésticos já estão sendo analisados e etiquetados desde março deste ano. Os próximos equipamentos que devem receber a classificação são os fornos de padaria.



O Programa de Racionalização do Uso de Energia – PRUEN lança na quinta-feira, dia 22, a campanha de divulgação da segunda etapa do projeto. A apresentação acontece na Sala dos Conselhos, às 10 horas da manhã. 









