Primeira dissertação da Fonoaudiologia traz dados sobre triagem auditiva neonatal
O panorama da prevalência de doenças transmissíveis a partir de análises sobre a triagem auditiva neonatal é o objeto de estudo da primeira dissertação do Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia, que será defendida nesta terça-feira, 5 de julho, às 13h30, no Auditório do curso de Enfermagem. A pesquisa Saúde auditiva de neonatos: Panorama da prevalência de doenças transmissíveis e análise de indicador de qualidade em um serviço de triagem auditiva neonatal, de Eduarda Besen, foi orientada pela professora Patrícia Haas, com co-orientação de Karina Mary Paiva. O estudo surgiu a partir de uma demanda de serviço de atenção primária para verificar a frequência de Toxoplasmose, Rubéola congênita, Citomegalovírus, Sífilis congênita, Herpes e HIV e suas possíveis associações com resultados da Triagem Auditiva Neonatal Universal (Tanu).
Esse procedimento é assegurado como direito legal do recém-nascido e deve contemplar todos os bebês, com o objetivo de identificar a deficiência auditiva. “Os dados apresentados poderão fornecer subsídios para a reflexão sobre a atuação dos profissionais de saúde na atenção à saúde, para a promoção da integralidade do cuidado da população infantil e ampliação do seu acesso à saúde, além de efetivar e fortalecer a triagem garantindo a continuidade de assistência”, explicam as pesquisadoras.
O estudo chegou a dados que apontam um cenário de queda para os casos de sífilis congênita entre os anos de 2017 e 2021. O percentual variou de 1,55% para 1%, o que pode estar relacionado, de acordo com a pesquisa, com o aumento das medidas de prevenção primária que auxiliam na redução de casos das infecções congênitas.
Entre 2017 a 2019, verificou-se que 351 (1,7%) neonatos falharam na Triagem Auditiva Neonatal e 363 (1,7%) apresentavam sífilis congênita. Com relação à idade materna, houve maior frequência (53,5%) de mães com idades entre 20 e 29 anos na amostra. Ainda, na análise ajustada, os recém-nascidos com sífilis congênita apresentaram 3,25 vezes mais chance de falhar na triagem.
Outro dado do estudo é com relação a frequência da infecção congênita em neonatos nos últimos cinco anos: a sífilis congênita foi a mais frequente (1,59%), seguida pelo HIV (0,87%). A de menor observação foi a rubéola (0,029%). A pesquisa também constatou que, em 2021, os neonatos com possível transmissão vertical do HIV apresentam seis vezes mais chances de falhar na triagem auditiva.
Além disso, a primeira dissertação defendida no PPGFON também constatou que a redução nos indicadores de sífilis congênita pode estar relacionada com a abordagem da equipe multiprofissional. “Espera-se que o conhecimento produzido nesse estudo forneça subsídios para a reflexão sobre a atuação dos profissionais de saúde nos três níveis de atenção à saúde, para a promoção da integralidade do cuidado da população infantil e ampliação do seu acesso à saúde além de efetivar e fortalecer a triagem garantindo a continuidade de assistência”, apontam as pesquisadoras.