Professor português homenageado durante o seminário ‘TICs e a crise no mundo do trabalho’
O seminário “TICs e a crise no mundo do trabalho”, ministrado pelo catedrático aposentado do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG-UTL) José Maria Carvalho Ferreira, realizado no miniauditório do Departamento de Economia da UFSC serviu como homenagem ao professor e encerrou o circuito brasileiro do lançamento do livro “Utopia, Anarquia e Sociedade – Escritos em Homenagem a José Maria Carvalho Ferreira”.
A relação do catedrático com a UFSC foi destacada pelo técnico-administrativo em Educação Paulo Fernando Liedtke: “José Maria e a instituição que ele representa têm recebido diversas pessoas da UFSC, muitos de nós fomos seus orientandos; há uma relação de intercâmbio muito forte com nossa Universidade”.
Com o objetivo de contribuir para o debate político e acadêmico sobre as mudanças sistemáticas do fator trabalho na produção social, o seminário buscou explicitar as relações com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), as origens destas mudanças no fator de produção trabalho e análise do quadro geral da sociedade e do Estado, nos espaços tempos da produção, distribuição, troca e consumo de bens e serviços analítico-simbólicos ou imateriais.
José Maria destacou o título do livro em sua homenagem: “Utopia, anarquia e sociedade são os três espaços tempo que têm orientado minha vida desde que nasci”. Para ele, a utopia de uma nova civilização deve levar o ser humano a uma evolução, que é impossível de dissociar da anarquia, que José Maria encara mais como filosofia ética e moral. “A sociedade carrega pulsões contraditórias de morte, que alimenta o sonho possível: querer viver e não morrer”.
O catedrático português também destaca que o mundo do trabalho será separado entre dois tipos de pessoas: os que têm qualificação e competência para entender o ritmo das TICs e vão controlar a vida dos outros, que são tidos como ignorantes, com incapacidade para codificar e decodificar o mundo das TICs. “Estes podem fazê-lo no espaço-tempo do consumo, não da produção”.
O alerta de José Maria é sombrio. “O mundo da economia real está sendo destruído pela economia virtual. Se a espécie humana continuar neste caminho, vai soçobrar”. Para escapar desta automatização da realidade, o professor português aponta que a anarquia pode sobreviver no mundo das TICs, através da democracia direta, inserida no sentido de libertação.