Diário de Cuba: Havana em cenas, versos e prosa pelo olhar estrangeiro de um ilhéu
Diário de Cuba :Havana em cenas, versos e prosa pelo olhar estrangeiro de um ilhéu
De mochila nas costas e movido unicamente pelo desejo de explorar, o fotógrafo e estudante de Letras e Jornalismo Luiz Henrique de Nadal percorreu a Cuba de Fidel durante 2009, sofrendo e gozando a condição de ser estrangeiro. Fruto dessa aventura, a exposição fotográfica “Como rasurar La Habana” será inaugurada no dia 19 de novembro, às 20h, no Espaço Cultural Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição. O trabalho é composto por 10 móbiles interativos e cada um deles apresenta uma fotografia central da capital cubana (La Habana), seguida de duas narrativas: o diário de viagem do fotógrafo Nadal, assumindo o olhar estrangeiro e a prosa poética do escritor cubano José António Más Morales, revelando o olhar para a própria terra.
Com essa associação de imagem e texto, o espectador é induzido a uma dinâmica de re-significações diante das diferentes formas de representação – a fotografia, o diário de viagem e a literatura; todas sobre o mesmo espaço, La Habana. A exposição dá início a programação cultural do mês de novembro na Barca dos Livros, com homenagem especial a Cuba. “Como Rasurar La Habana” poderá ser vista até o final do mês, período em que outras atividades serão oferecidas, tais como sarau de contos cubanos e bate-papo sobre o cinema local.
Luiz Henrique de Nadal é graduando do Curso de Letras Português pela UFSC e de Jornalismo pela Unisul. Para realizar a exposição contou com o apoio da Secretaria de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, Secretaria de Cultura e Arte da Universidade Federal de Santa Catarina (SeCArte), Barca dos Livros e Só Click. O acesso à exposição é gratuito e a programação pode ser obtidas no site: www.amantesdaleitura.org.
Fotógrafo e idealizador do projeto: Luiz Henrique De Nadal
Estudante formando do curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo na Unisul e Letras Português da UFSC. Atualmente mantém o blog de jornalismo ficcional: www.istonaoeumcachimbo.com.
Contato: (48) 8477-4787 / mailto: luiz_denadal@hotmail.com.
Serviço:
Evento: Exposição fotográfica “Como Rasurar La Habana”, de Luiz Henrique De Nadal.
Data:19 de novembro
Horário: 20h
Local: Centro Cultural Barca dos Livros, Rua Senador Ivo D’Aquino, 103, Lagoa da Conceição (frente ao trapiche). Fone (48) 3879-3208.
A paisagem rasurada: sobre o ensaio
Luiz Henrique de Nadal
O ensaio fotográfico “Como Rasurar La Habana” veio de uma viagem realizada em setembro de 2009, ano em que fui estudar na “Universidad Iberoamericana”, na Cidade do México. Cuba era um destino certo desde o início e em setembro eu e Amandine, uma amiga francesa, planejamos uma ida sem roteiro definido, apenas com disposição de explorar. Fiquei uma semana inteira em “La Habana” e a outra com mochila nas costas visitando pequenas cidades como “Viñales”. A capital tinha uma atmosfera intrigante.
Os espaços entre estrangeiros e nativos eram bastantes delimitados. Um cubano não andava impune na companhia de um estrangeiro e havia lugares absolutamente restritos à sua passagem. Jorge, um amigo cubano que conheci por um desses sites de viajantes na internet, frequentemente era parado na rua por policiais do governo, questionado se tinha permissão para andar com estrangeiros. O dinheiro usado pelos estrangeiros também era diferente do local: enquanto usávamos o CUC, equivalente ao dólar, eles usavam o peso cubano. Essas condições criavam uma barreira ao meu redor, na condição de estrangeiro.
Era difícil conversar com alguém que, em troca, não tentasse tirar algum proveito – para comer, vender ou pedir. O motivo se via fácil: faltava comida nos mercados, físicos nucleares ou médicos trabalhando como guias turísticos para ganhar algo a mais que os 20 CUC permitidos para cada cubano. Essa realidade me colocava a uma distância intransponível em relação às pessoas que tentava conhecer. As fotos feitas nessa experiência trazem a marca do impermeável – lugar que eu ocupava, como estrangeiro, em La Habana.
Embora algumas das imagens se vejam próximas ao que está nos cartões postais, foram conseguidas em troca de dinheiro. Então pensei que a melhor maneira de expressar essa experiência seria colocando em evidência o conflito de ser um estrangeiro naquele país. Demonstrar a impossibilidade que senti de transpor sua intimidade, ainda que muitas vezes a fotografia capturasse alguma fresta. A solução em termos estéticos teve que lidar com essa impressão de retrato que a fotografia já traz em si. Dessa impressão que muitas vezes é tomada como uma captura fiel da realidade, provoca-se um desvio com a revelação de fragmentos do meu diário de viagem, que traz detalhes acerca do contexto em que essas fotos foram tiradas.
Pensando em fazer essa delimitação ainda mais visível, propus a um escritor de La Habana que relatasse a sua impressão acerca das imagens que captei. José António Más Morales escreveu o que cada uma delas significava para o seu íntimo em tom poético e bastante construído. Tanto as fotos como os dois tipos de relato, do estrangeiro fotógrafo e a do escritor cubano, foram dispostos em móbiles que serão suspensos no local da exposição. O movimento inconstante dessa estrutura (a depender do vento) dá o tom da exposição: caráter oscilante que um registro, aparentemente tão objetivo como a fotografia, pode ter.
A referência do título vem de um poema de Ana Cristina Cesar: “Como rasurar a paisagem” (a fotografia/é um tempo morto/fictício retorno à simetria/secreto desejo do poema/censura impossível/do poeta); sendo a rasura de La Habana” esse traço subjetivo e pessoal com o qual projeto meu olhar na paisagem: deformando, recortando e trazendo a público. Sou graduando do Curso de Letras Português pela UFSC e de Jornalismo na Unisul. Para realizar a exposição contei com o apoio da Secretaria de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, Secretaria de Cultura e Arte da Universidade Federal de Santa Catarina, Barca dos Livros e Só Click.
Luiz Henrique De Nadal
Divulgação: Raquel Wandelli, fones: 99110524 e 37219459,
Assessora de Comunicação: Secretaria de Cultura e Arte da UFSV