A versão original de Shakespeare
De volta de uma temporada de estudos na Folger Shakespeare Library, o professor José Roberto O´Shea, do Departamento de Língua e Literatura Estrangeira da UFSC, lança a tradução de O Primeiro Hamlet, de William Shakespeare, pela Editora Hedra, de São Paulo. Embora A tragédia de Hamlet seja a obra mais celebrada da literatura ocidental, grande parte dos leitores ignora a existência de três versões diferentes da mesma peça que apresentam diferenças significativas de extensão, estrutura da narrativa e caracterização dos personagens. O lançamento ocorrerá na sexta, 19/11, às 16h, na Sala Hassis, do Centro de Comunicação e Expressão.
Indicado para o prêmio Telecom Brasil/Portugal de Literatura categoria tradução, e considerado uma das maiores autoridades nacionais em Shakespeare, O´Shea realizou a tradução inédita do primeiro texto, tal como teria sido encenado pela primeira vez em 1603. Conforme o tradutor, a principal diferença está na dosagem de ação e introspecção e de emoção em relação ao intelecto, com vantagem para o primeiro
grupo.
Por Raquel Wandelli/ Jornalista na SeCarte
raquelwandelli@yahoo.com.br, 9911-0524 e 3721-9459
Contatos com o autor, José Roberto O´Shea: oshea@cce.ufsc.br e 9960-7798
O PRIMEIRO HAMLET
Shakespeare
O PRIMEIRO HAMLET (1603) é a peça A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca tal como teria sido encenada pela primeira vez. Embora seja um dos textos mais analisados de toda a literatura ocidental, um fato básico costuma ser ignorado: a existência de três Hamlets – a saber, o Primeiro In-quarto (Q1) (1603), o Segundo In-quarto (Q2) (1604-5) e o Fólio (F) (1623). As diferenças mais óbvias entre as três versões dizem respeito à extensão, estrutura, caracterização e nomes dos personagens, e às rubricas. Com estrutura compacta e coesa, personagens mais nitidamente delineados, rubricas sumamente performáticas, e apelando mais à ação do que à introspecção, mais à emoção do que ao intelecto, o Primeiro Hamlet encerra um texto de extrema teatralidade, com eventos que se desenrolam com rapidez, rumo à catástrofe, configurando uma vigorosa tragédia de ação e vingança. O leitor tem em mãos a tradução inédita da obra mais canônica da literatura ocidental, conforme ela teria sido representada pela primeira vez, em 1603.
WILLIAM SHAKESPEARE (Stratford-upon-Avon, 1564–id., 1616), poeta, dramaturgo e ator, é hoje considerado pelos estudiosos e críticos literários um dos maiores, se
não o maior nome da dramaturgia e da poesia mundial. Filho de John Shakespeare, próspero comerciante, e de Mary Arden, descendente de uma rica família
católica, tudo o que se sabe de Shakespeare deriva de duas fontes relativamente escassas: dos documentos e registros da época e das alusões de contemporâneos a sua obra. Em 1582, aos dezoito anos, casa-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos, Susanna e os gêmeos Judith e Hamnet, seu único filho homem, que morreria aos 11 anos. Talvez amargurado com o casamento – segundo suposições – abandona a vila natal e parte para Londres, deixando para trás a família.
Sua reputação começa a se estabelecer em 1588, como comediante e poeta dramático. Torna-se amigo e protegido do conde de Southampton, a quem dedica seus primeiros poemas narrativos Venus and Adonis (1593) e The Rape of Lucrece (1594). Já famoso, torna-se um dos mais abastados proprietários de Stratford e membro da companhia de Lord Chamberlain que, com a morte da rainha Elizabeth, passou a se chamar King’s Men, recebendo o apoio de James I a partir de 1603.
Após o incêndio do teatro Globe em 1613, durante a encenação de uma de suas últimas peças, Henry VIII, retira-se definitivamente para Stratford, onde falece em 1616. Shakespeare escreveu pelo menos 38 peças, entre dramas históricos, comédias e tragédias, das quais se destacam Romeo and Juliet (1594), Hamlet (1599–1600), Othello (1603), King Lear (1605) e Macbeth (1606). A densidade psicológica de seus personagens, o apuro linguístico e a profundidade com que descreveu a condição humana garantiram a Shakespeare a universalidade de uma obra que tem fascinado e cativado leitores há mais de quatro séculos.
JOSÉ ROBERTO O’SHEA é professor titular de Literatura Inglesa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É mestre em Literatura pela American University,
em Washington, DC, e doutor em Literatura Inglesa e Norte-americana pela Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, com pós-doutorados na
Universidade de Birmingham (Shakespeare Institute) e na Universidade de Exeter, ambas na Inglaterra, e pesquisador convidado da Folger Shakespeare Library, em Washington, DC (2010). Publicou diversos artigos em periódicos especializados, além de cerca de quarenta traduções, abrangendo as áreas de história, teoria da literatura, biografia, poesia, ficção em prosa e teatro.
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