Era uma vez uma pequena fazenda… que virou uma grande universidade
“A criação da UFSC foi um marco histórico do ensino superior em nosso Estado”(João David Ferreira Lima, no livro UFSC: Sonho e Realidade, reeditado pela EdUFSC
No meio do caminho havia uma fazenda. Havia uma fazenda no meio do caminho que se transformou numa universidade.
Era uma vez uma fazenda chamada Modelo Assis Brasil que virou um modelo de universidade pública de excelência.

Do sonho...
Era uma vez um reitor chamado João David Ferreira Lima que, ao criar e fundar a UFSC, não poderia nem sonhar que havia plantado, numa ilha, uma das cinco melhores instituições federais de ensino superior do País.
As cabras, as vaquinhas, as galinhas, os pombos, os cavalos, porcos, os jacarés e as traíras deram lugar para intelectuais, professores, escritores, pesquisadores, servidores técnico-administrativos, cachorros e alunos a perder a conta. O mato, o manguezal, os ranchos e as estrebarias cederam espaço para prédios, laboratórios, salas de aula, biblioteca, colégios, restaurantes, gráfica, hospital, reitoria. Germinaram igualmente o museu, o centro ecumênico, o juizado de pequenas causas, os sindicatos, escritórios, livrarias, fundações, Praça da Cidadania, prefeitura, segurança, a editora, a Agência de Comunicação, o Centro de Cultura e Eventos, planetário, parque Viva a Ciência, além dos 11 centros de Ensino, de Pesquisa e de Extensão, apelidados, burocraticamente, de Unidades.
Com a instalação oficial da universidade (22 de março de 1962), as ervas daninhas, acompanhadas, às vezes, por jararacas, foram substituídas por flores e nativas florestais. O campo virou campus. No lugar de borrachudos e maruins assumiram os pássaros e as borboletas. A fazenda tinha se transformado num dos jardins mais belos do Brasil. E no campus, projetado pelo gênio de Burle Marx, florescia uma nova cidade, e nela se desenvolvia uma universidade vital para o desenvolvimento de Santa Catarina.

...à realidade
Antenada ao seu tempo e ao futuro, a UFSC foi aluna exemplar e fez os deveres de casa. Rompeu o isolamento, derrubou porteiras e muros e se lançou à luta, atravessou as pontes, navegou mares e ares, incorporando à própria vida a razão da sua existência: a sociedade.
Modéstia às favas, a Universidade Federal de Santa Catarina é no século XXI uma instituição admirada e reconhecida no Estado, no Brasil e no mundo. Moderna, internacionalizada e interiorizada, alongou as pernas com mais três campi(Joinville, Araranguá e Curitibanos), encurtou as distâncias (pólos, Libras etc), incorporou as novas tecnologias, derrubou as barreiras do tempo e se mandou ao encontro de quem a sustenta: a população.
Era uma vez uma máxima do poeta de A rosa do povo, Carlos Drummond de Andrade: “Dá-me uma universidade e eu te darei uma visão compartimental do universo”. A UFSC mudou o próprio conceito de universidade. Afirmou-se, deixando na poeira mitos e preconceitos. Chega de torre de marfim! Afinal, era uma fazenda, mas ali não havia elefante, elefante não havia não…
Moacir Loth/jornalista na Agecom