Domingo, 21 de julho. Primeiro dia do XXXI Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura. Esperado encontro: primeiro em Florianópolis, primeiro em Santa Catarina. Primeira hora do dia: chuva, frio e um tempo cada vez menos acolhedor.
Estava programado um camping para que os estudantes pudessem montar suas barracas. Atrás do Restaurante Universitário. O espaço estava todo molhado e a chuva continuava.
Num dos ginásios do Centro de Desportos estava acontecendo um jogo de futebol e as pessoas do XXXI ENEA, encontrando a porta aberta, foram entrando no ginásio para buscar abrigo.
Quando o jogo terminou fizeram assembléia para buscar uma solução: continuariam no ginásio? O que se faria diante da insalubridade do camping? A chuva “obrigou” as pessoas a permanecerem abrigadas e a buscarem outros espaços de abrigo. O Reitor e outros membros da Administração da UFSC foram procurados e se mostraram sensibilizados com a situação e disponíveis para encontrar logo uma ou mais soluções.
É importante frisar, conta Everson Martins, diretor da comissão organizadora do evento, que em nenhum momento houve exaltação por parte dos estudantes, comissão e administração. Tudo foi negociado em paz e busca de mútua compreensão.
Eugenio Gonçalves, Pró-Reitor, interino, de Assuntos Estudantis, relata que as delegações estavam chegando e estava chovendo muito. Com a intensidade da chuva não havia condições logísticas de encaminhar os alunos para o local planejado para o camping. Em conversa com o Reitor e outros setores da administração, com poder decisório, foi negociada a cessão de vários espaços da UFSC, além dos inicialmente previstos: camping atrás do RU, pavilhinho da Arquitetura e prédio do CETEC – Conselho de Entidades do Centro Tecnológico da UFSC.
Os estudantes puderam enfim, ao cair da tarde do domingo, armar suas barracas no Ginásio do Centro de Desportos, no espaço do Centro de Convivência, no Hall da Reitoria, no Templo Ecumênico e até no Centro de Cultura e Eventos da UFSC.
Segundo Eugênio não houve problema registrado até o momento e os banheiros e chuveiros do Centro de Desportos estão sendo usados como previsto. A cada dia será feita uma nova avaliação sobre as condições, ou não, de se ocupar o espaço do camping, previsto inicialmente.
XXXI Encontro Nacional
A cada ano acontecem cinco encontros regionais e um nacional de estudants de arquitetura, além de um encontro sul-americano. Florianópolis foi candidata em 1997, perdeu para Porto Alegre. A vontade de realizar o encontro aqui era tanta que muitos estudantes se reuniram, naquele ano, em Florianópolis para um Pré-ENEA. Portanto 2007 é o ano da concretização do sonho esperado há 30 anos de realizar um encontro em Florianópolis.
PERCA-SE / PERMITA-SE
Segundo Emerson Martins, é o conceito que permeia o encontro. Permitir-se vir para Florianópolis no inverno, pegar chuva, conhecer outra Florianópolis diferente das reportagens turísticas, ver o lado inusitado. Chegar sem paradigmas prontos. De acordo com a comissão organizadora, é um encontro que já acontece há 30 anos e que, para a própria federação de estudantes de arquitetura, é um momento para se repensar.
Para os estudantes este conceito é uma proposta de conhecimento da cidade, não apenas como uma forma de turismo, mas de envolvimento com a cidade de outras(s) forma(s). Por isso, o encontro que, inicialmente, era ENEA- FLORIPA, tirou o “ Floripa” do nome e propõe conhecer as “outras “ Florianópolis” por trás da “ Floripa”.
CINCO MOMENTOS: DE MEIEMBIPE A FLORIANÓPOLIS
O encontro propõe cinco diferentes momentos de discussão e reflexão:
– MEIEMBIPE: Nome que os índios davam ao local. Momento de relação com a natureza: manguezais, dunas, mar e sua absoluta importância. O mar que faz de Florianópolis a cidade que ela é.
– DESTERRO: Identidade do povo que morava aqui, os primeiros habitantes, degredados, desterrados. Qual a identidade de Florianópolis?
– ILHA DA MAGIA – A questão mística, a questão cultural, dos costumes, dos artesanatos: da renda às canoas e,também, a pesca e sua importância. De todos os momentos se tiram reflexões sobre questões cotidianas, como a de colocar uma obra de arte, de um artista local, na frente de um prédio novo e se obter redução de impostos.
– FLORIANO- polis – A cidade de Floriano, o nome que foi dado por questões políticas. Momento para se pensar os fatos políticos passados e atuais: a(s) ponte(s), a Novembrada, a Revolta da Catraca, a discussão do Plano Diretor, o papel do movimento estudantil local e do Brasil. Um espaço para se discutir a própria Federação de Estudantes de Arquitetura.
– FLORIPA – A cidade que é “vendida” em catálogos de agência de turismos, a maravilha. Pouco importa o custo de vida, os problemas locais de transportes. A ilusão de que, mesmo no inverno, se pode(ria) usar biquíni. O que se pode constatar na bagagem de várias estudantes que vieram para o encontro…
CRIANDO UM ESPAÇO DE ENCONTRO
O interessante nos encontros de arquitetura, segundo Everson, é que se cria um espaço para o encontro diferente de outros similares. Um espaço de interação: o espaço do encontro é o mesmo onde se dorme, se come, se praticam e se constroem as atividades. Um exemplo é que na frente do Pavilhinho da Arquitetura está sendo montada, pelos próprios participantes do encontro, uma construção de bambu, que será coberta de lona por causa da chuva, para servir de espaço para uma das muitas atividades do evento.
Período: 23 a 27 de julho, nos auditórios da Reitoria e do Centro de Convivência e em outros espaços da UFSC.
Site: www.enea.ufsc.br Contatos: Comissão Organizadora: (48) 3721-8763
Everson Martins: 8406-8468
Por Alita Diana/jornalista da Agecom