UFSC e Epagri lançam espécies melhoradas da goiabeira-serrana

28/03/2007 12:31

Projeto Plantas do Futuro destacou a espécie

Projeto Plantas do Futuro destacou a espécie

Duas cultivares da goiabeira-serrana serão lançadas na próxima terça-feira, 3 de abril, em São Joaquim, Santa Catarina. São as duas primeiras plantas dessa espécie desenvolvidas e lançadas no Brasil. Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram responsáveis pelo desenvolvimento. Depois de longo trabalho de observação das populações na natureza e de uma série de cruzamentos, os pesquisadores selecionaram essas duas cultivares que apresentam um maior número de características favoráveis ao cultivo e à qualidade da fruta.

Uma das importantes vantagens das novas cultivares é o fato de seus frutos maturarem no outono, característica rara em outras plantas frutíferas. Isso garante o fornecimento de frutas frescas na entressafra. As duas cultivares que serão lançadas só variam na época de maturação dos frutos, sendo uma mais precoce e outra mais tardia.

Cultivares serão alternativas para pequenos produtores

Cultivares serão alternativas para pequenos produtores

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) participa do lançamento com o interesse de estimular o cultivo das espécies, uma vez que a goiabeira-serrana é uma das plantas priorizadas em recente estudo desenvolvido pelo MMA sobre as Plantas para o Futuro. Com a iniciativa, os produtores rurais poderão adquirir mudas da planta, sendo possível uma produção em escala comercial. A expectativa é que já a partir de 2008 seja iniciado um processo sistemático de abastecimento dos mercados nacionais com essa fruta.

A goiabeira-serrada é adaptada a regiões de altitude. As duas cultivares são recomendadas para o plantio em áreas acima de 1000 metros de altitude, pois assim ficam reduzidos os problemas fitossanitários, ou seja, de pragas e doenças. Os estados mais propícios para seu cultivo são Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. A aparência do fruto da goiabeira serrana lembra um pouco a goiaba que já é comercializada. Entretanto, seu sabor é mais ácido e silvestre. De acordo com os pesquisadores, a goiaba será uma boa opção para quem quer experimentar novos e marcantes sabores.

Apesar da goiabeira serrana ainda não fazer parte das frutas comercializadas em escala nacional no Brasil, ela já é cultivada em outros países, como a Nova Zelândia, onde podem ser encontrados mais de vinte produtos feitos a partir da fruta, entre eles, sucos, biscoitos, geléias, óleos e, até mesmo, espumante. O motivo de ser pouco conhecida no país é a ausência de variedades melhoradas.

Na visão dos pesquisadores o cultivo desta fruteira é uma alternativa para pequenos agricultores, já que é possível conciliar a produção da goiabeira-serrana com outras atividades agrícolas. A Epagri já iniciou um programa de distribuição de mudas para os agricultores interessados, e já existem mais de 10 pequenos pomares em observação. Este programa deverá ter continuidade, agora com a distribuição de mudas destas duas variedades.

Saiba Mais:

Os nomes

Por se desenvolver em regiões de serra, a goiabeira ganhou popularmente o sobrenome de serrana. Seu nome científico é Acca selowiana. Os índios Kaigang a chamam de kanê kriyne. No Uruguai é conhecida como guayabo verde e guayabo del país e na língua inglesa é denominada como pineapple-guava.

Mais pesquisas

O interesse pelo cultivo da goiabeira-serrana bem como da obtenção de produtos dela derivados, como geléias e licores, vem aumentado nos últimos tempos. A doutoranda do Curso de Pós-graduação em Recursos Genéticos Vegetais da UFSC, Karine Louise dos Santos, está realizando uma pesquisa participativa nos municípios de São Joaquim, Urupema e Urubici onde os agricultores estão envolvidos na identificação e na escolha de plantas superiores bem como divulgação do potencial desta espécie para o Estado.

Mais informações:

Na UFSC: Pesquisadores envolvidos: Miguel Pedro Guerra e Rubens Onofre Nodari – UFSC (48-37215331)

Na Epagri: Com o coordenador do projeto, Jean Pierre Ducroquet (49-32330324, 99791126)