Professor da UFSC é contemplado com bolsa da Fundação Guggenheim
O professor do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da UFSC, Raul Héctor Antello, foi um dos 7 pesquisadores brasileiros contemplados com bolsas da Fundação Guggenheim. Ao todo, foram 819 concorrentes para as 36 bolsas destinadas a profissionais da América Latina e Caribe. Prestigiada instituição, a Fundação oferece, desde 1925, bolsas para os melhores pesquisadores e profissionais do continente americano para desenvolver trabalhos criativos e originais em todas as áreas (ciências naturais, sociais, humanas e artes).
O professor Antello foi premiado pela sua pesquisa “Marcel Duchamp-Maria Martins”. Um dos pontos centrais do trabalho de Antello é a influência da artista, embaixatriz, poeta, jornalista e escritora brasileira na obra do artista francês. “O objetivo da pesquisa é construir uma anamnese cultural capaz de devolver densidade e complexidade às condições de produção de algumas das intervenções artísticas mais arrojadas da cena contemporânea, empenhadas num para além da estética”, explica Antello.
Centrada nos escritos e nos objetos de Marcel Duchamp, a pesquisa visa mostrar até que ponto eles se encontram influenciados por uma história cultural latino-americana. “A relação e o dialógo intenso de Duchamp com Maria Martins foram, até agora, praticamente negligenciado pela crítica” conta Antello.
A pesquisa pretende analisar não apenas a obra editada de Maria Martins mas também seus pequenos trabalhos, como a coluna “Poeira da vida”, publicada pelo Correio da manhã, a partir de 1960, que deverá ser coletada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O professor Antello também cogita a possibilidade de consultar os arquivos norte-americanos como o The Louise and Walter Arensberg Collection, depositada no Philadelphia Museum of Art, bem como as coleções ameríndias e de documentos conservadas pelas filhas da artista.
Raúl Antelo é pesquisador-senior do CNPq, foi Guggenheim Fellow (2004), e professor visitante nas Universidades de Yale, Duke, Texas at Austin e Leiden, na Holanda. Presidiu a Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC). É autor de vários livros, dentre eles, Literatura em Revista; Na ilha de Marapatá; João do Rio: o dândi e a especulação; Parque de diversões Aníbal Machado; Algaravía. Discursos de nação, Transgressão & Modernidade e Potências da imagem.
Colaborou em várias obras coletivas, tais como The Future of Cultural
Studies; Cánones literarios masculinos y relecturas transculturales; Sujetos en tránsito; Nenhum Brasil existe. Pequena enciclopédia e Reescrituras . Editou A alma encantadora das ruas de João do Rio; Ronda das Américas de Jorge Amado; Antonio Candido y los estudios latinoamericanos e a Obra Completa de Oliverio Girondo para a coleção Archives da Unesco, onde também participou nas edições críticas de Mário de Andrade, Henriquez Ureña e Joana Manso. Colabora regularmente no suplemento Radarlibros do jornal argentino.
Por Gutieres Baron/bolsista de jornalismo da Agecom