Aula inaugural do curso de recursos humanos em trabalho social com famílias

05/05/2016 10:15

O Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Sociedade, Família e Política Social (Nisfaps) selecionou profissionais da Saúde e da Assistência Social da Grande Florianópolis para discutir metodologias eficazes para o suporte a famílias no serviço público. A segunda edição do curso Capacitação de Recursos Humanos de Políticas Públicas em Trabalho Social com Famílias iniciou na segunda-feira, 2 de maio, às 9h no miniauditório da economia (CSE-UFSC).

A aula inaugural do curso foi dividida em quatro partes: num primeiro momento, ocorreu uma mesa de abertura; às 9h30, teve início a palestra “Trabalho social com famílias na política social brasileira”, com a professora Regina Celia Tamaso Mioto, que integra o Nifaps. Às 10h30, houve um rápido debate com participação dos profissionais selecionados para serem alunos do curso, seguido de um intervalo. Por fim, as professoras do Núcleo passaram algumas orientações sobre o projeto, que será realizado quinzenalmente, às sextas-feiras, até novembro.

Na palestra “Trabalho social com famílias na política social brasileira”, a professora Regina falou da concepção histórica de família no Brasil. Segundo ela, nas décadas de 1940, 50 e 60, a concepção existente era a de um núcleo composto por pai, mãe e filho. Em 1977, foi promulgada a lei que permitia o divórcio, o que, juntamente com os movimentos hippie e feminista, no campo do progressismo, tornou o conceito de família mais abrangente.

Regina Mioto chamou atenção para a retomada de valores conservadores com a tramitação, no Congresso Nacional, do Estatuto da Família, projeto de lei que restringe o conceito de família a um “núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. A definição apresentada pelo Estatuto vai de encontro à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2011, segundo a qual casais homossexuais podem declarar união estável e constituir uma entidade familiar.

De acordo com Regina, a sociedade brasileira espera que as famílias sejam “provedoras de bem-estar e proteção” aos seus membros. Ela afirma que essa tendência, estudada pelos serviços sociais, não leva em conta desigualdades de etnia, gênero e classe, e contraria, em muitos aspectos, a Constituição de 1988, que confere ao Estado a responsabilidade da proteção social.

Michelly Laurita Wiese, coordenadora desta edição do curso, contou que o objetivo do projeto é “superar o conceito conservador” e debater, por meio dos encontros que serão realizados, metodologias eficazes que “atendam de fato às necessidades das famílias”, levando em conta “de que tipo de família” se está falando.

Carolina Maingué/Estagiária de Jornalismo Agecom/UFSC

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