Mostra de Documentários

15/03/2012 16:48

A Mostra de Documentários, promovida pelo Núcleo de Antropologia Visual da UFSC, em parceria com a Casa das Máquinas, acontece quinzenalmente, sempre às quintas-feiras, às 20 horas. Os filmes são exibidos na Praça Bento Silvério, na parede externa da Casa das Máquinas, na Lagoa da Conceição. O evento tem como objetivo promover o debate acerca de culturas e discutir sobre os modos e políticas do dar aver, a partir dos aparatos e dispositivos audiovisuais além do campus universitário. As sessões são gratuitas e abertas ao público.

Programação março/abril:

22/março: Sinfonias Urbanas

* Homem com a camera de filmar, dir: Dziga Vertov, 1929, 67’

Homem com a camera de filmar é o mais puro exemplo da ruptura total do cinema com a literatura e a dramaturgia, uma autêntica iniciação aos segredos da linguagem cinematográfica. Dziga Vertov criou o Kino-Pravda (Cine-Verdade) e o Kino-Glaz (Cine-Olho), novos conceitos para captação da realidade, formatada dentro de uma montagem visionária que influenciaria o cinema do Pós-Guerra. As imagens são deslumbrantes e de grande impacto visual. Sem dúvida um dos filmes mais importantes de todos os tempos. A trilha sonora é composta e conduzida pela Alloy Orchestra, seguindo as instruções escritas por Dziga Vertov.

* Rien que les heures, dir: Alberto Cavalcanti, 1926, 60’

Alberto Cavalcanti, cineasta brasileiro – pouco conhecido por aqui – antecipa as sinfonias urbanas de Vertov e Ruttmann, quando realiza, em 1926, Rien que les heures.

Como escreve Elizabeth Sussex, “Rien que les heures, o primeiro filme que ousou mostrar a vida comum do dia a dia de uma cidade, merece um olhar com o olho do presente. Isso nos ajuda a desvendar a carreira de Cavalcanti como um todo: o approach dramático, a consciência social contrastando as vidas de ricos e pobres. Sua reputação sofreu uma negligência inicial porque seu impacto foi roubado pelo Berlin, de Ruttmann, realizado depois mas exibido antes na Inglaterra e na América”.      

05/abril

* Os seres da Mata, Rafael Devos, 27’ (Mbyá-Guarani e Port/Leg Port)

“Essa câmera vai funcionar como um olho e o ouvido de todos que estão atrás dessa câmera, ela vai ser uma criança que vai estar escutando a fala dos meus avós”. Assim o jovem cacique Vherá Poty apresenta as imagens dos “bichinhos” e as narrativas mito-poéticas dos velhos em torno dos modos de criar, fazer e viver a cultura guarani, expressos na confecção de colares, no trançado das cestarias e na produção de esculturas em madeira dos seres da mata: onças, pássaros e outros “parentes”.  Produzido no contexto do Projeto Documentário Cultura Material dos Coletivos Indígenas na Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba / Porto Alegre. Coordenação de Luiz Fernando Caldas Fagundes – Núcleo de Políticas Públicas para os Povos Indígenas – Sec. Direitos Humanos – Prefeitura de Porto Alegre. A iniciativa tem como objetivo valorizar e proteger as formas de expressão cultural, tradições, usos, costumes e religiosidade desses coletivos no município. O projeto, envolvendo pesquisa e divulgação, visa dar suporte aos trabalhos da rede municipal de ensino e aos agentes públicos que atuam junto aos povos indígenas. Através da produção de documentários, os modos de vida Mbyá e Kaingangue serão mostrados em video, por meio da divulgação da cultura material e da arte dos coletivos indígenas, permitindo que sejam conhecidas não só suas singularidades, mas também aquilo que compartilham umas com as outras e as distingue da sociedade não-indígena.

* Djero encontra Iketut em Bali, dir: Carmen Rial e Miriam Grossi 11

Nos passos da antropóloga norte americana Margaret Mead, cujas
pesquisas em Bali com seu marido e antropologo Gregory Bateson são um marco para a antropologia visual, contamos neste video o encontro com Iketut, hoje um idoso de 70 anos, o bebê protagonista de um dos principais filmes de Mead sobre o parto nesta comunidade. O video trata assim deste encontro etnografico no vilarejo de Desa Bayung Gedé, no dia de uma cerimonia de luto, entre duas antropologas brasileiras e dois balineses. De um acaso, como Mead diria.

* Trance and Dance in Bali, Margaret Mead e Gregory Bateson, 1938-39, 22’.

Trance and Dance in Bali é um documentário em curta metragem filmado pelos antropólogos Margaret Mead e Gregory Bateson nos anos 30. Explora os temas da dança e do transe em rituais na aldeia Pagoetan, em Bali. Em 1999, o filme foi considerado de grande importância cultural pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionado para preservação no National Film Registry.

19/abril

* O Cinema é como uma Dança – entrevista com Jean Arlaud, dir: Eckert, C. Rocha, A, Devos, R, Peri, 35’

A partir de entrevista realizada durante um curso de etnocinematografia, o vídeo aborda algumas das principais questões envolvendo a relação entre antropologia e cinema, sob o olhar de Jean Arlaud. Alternando sequências de documentários produzidos pelo autor, com seus próprios ensinamentos concedidos em uma entrevista gravada pela equipe do BIEV, trata-se de importantes temas relacionados à produção de documentários etnográficos: o plano sequência, a decupagem, a relação com os informantes e “cúmplices”, o tempo da imagem.

* Lição de Rouch, dir: Carmen Rial, 2006, 8’.

Entrevista com o renomado etnógrafo e cineasta Jean Rouch sobre etnografia e cinema. 

* Slow Walker, dir: Alex Vailati, 2012, 50’

Sábado à noite, quatro da manhã. No centro da cidade de Durban, tem lugar uma competição de Isicathamiya, um gênero de música e dança criada durante a apartheid, por migrantes moradores das townships, espaços urbanos de segregação dos negros. Hoje, na época da liberdade, a Isicathamiya é uma das mais importantes ferramentas expressivas dos sul-africanos de camada baixa e um símbolo dos recursos e dos problemas da sociedade sul-africana contemporânea. O documentário é um encontro com a vida dos dançarinos e uma descrição da performance que acontece todas as noites de sábado, desde mais de sessenta anos.

Sobre o NAVI

O Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (NAVI) foi criado em 1998 a partir de uma Oficina de Antropologia Visual que articulava pesquisas nessa área desde 1994, reunindo docentes, discentes e pesquisadores de vários cursos da UFSC. Desde então, o NAVI constitui-se em um espaço de reflexão, corporificação e difusão de experiências, propostas e críticas nos estudos da antropologia audiovisual e da imagem e em antropologia das sociedades complexas moderno-contemporâneas, articulando as atividades de ensino, pesquisa e extensão nessas áreas. O Núcleo mantém convênios com a rede de Núcleos de Antropologia Visual no Brasil e no exterior. Desde a sua criação, em 1998, o Núcleo de Antropologia Social e Estudos da Imagem afirmou-se como um ponto singular, dentro da UFSC, de reflexão e disseminação de práticas culturais e artísticas ligadas ao campo do cinema, fotografia e demais formas audiovisuais. Com um trabalho contínuo de pesquisa, produção e divulgação dessas práticas, o NAVI reúne pesquisadores de diferentes estágios – da graduação ao pós-doutorado – promovendo uma crescente permuta de saberes.

Unidades promotoras: Navi – Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem/UFSC, Casa das Máquinas

Contatos:  http://navi.paginas.ufsc.br/marinamoros@gmail.com – (48) 3721-2241

Curadoria: Marina Moros, Carmen Rial, Rafael Devos

Assistência: Breno Cavalcanti e Valentine Godophin

Projeto Bolsa Cultura/Secarte/UFSC

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