Exposição: Mirabilis – irmã, prima e padroeira das vidas secas

20/08/2025 11:04
Quando:
16 de setembro de 2025@16:00
2025-09-16T16:00:00-03:00
2025-09-16T16:15:00-03:00
Onde:
Hall da Reitoria
UFSC
campus Trindade
Custo
Grátis

A abertura da exposição Mirabilis – irmã, prima e padroeira das vidas secas será realizada em 27 de agosto, quarta-feira, às 16h. A exposição ocorre no Hall da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e permanece aberta até 19 de setembro. Mirabilis é um projeto coletivo inspirado pela Welwitschia mirabilis, planta ancestral do deserto da Namíbia, que resiste ao tempo, à aridez e ao isolamento. A mostra assume essa metáfora como central: a resistência silenciosa, contínua e transformadora daqueles que habitam os desertos sociais.

Inspirada pela Welwitschia como um gesto de permanência e afirmação de vida, a exposição reúne quatro artistas queer em um exercício de autoinscrição, subjetividade e criação: Alma Passos, Buba Benjamim, Hugo Seraphin e Thiago Müller Hartmann. Cada um, a seu modo, compartilha desertos íntimos e caminhos de resistência, traduzidos em obras que transitam entre o digital, a arte têxtil, a pintura, a instalação e as intervenções urbanas. São expressões que partem da experiência pessoal para dialogar com o coletivo: o íntimo como denúncia, o corpo como arquivo e a arte como refúgio.

“Sabendo da necessidade de ocupação, fluidez e diversidade nos espaços tradicionais da UFSC e da ausência sistemática dos corpos queers, que constitui uma parte considerável da universidade, entendemos que a arte é necessária na construção de uma narrativa moderna sobre a expressão de gênero. Como a Mirabilis, que cresce sem se submeter à lógica botânica, os corpos dissidentes florescem onde se dizia impossível. São presenças resistentes, não-binárias, não-lineares, orgânicas e múltiplas, desafiando os mapas de normalidade e revelando possibilidades que a sociedade frequentemente nega”, afirma a curadoria.

A iniciativa se propõe como gesto político e poético ao deslocar a arte queer para o centro institucional, com o objetivo de tornar visíveis existências que, como a planta que inspira a demonstração, continuam a crescer e se reinventar, mesmo sob condições adversas.

Organização

Juliana Bleides, que realizou a curadoria, é graduanda em Museologia pela UFSC e formada como Agente de Turismo pelo Centro de Tecnologia do Amazonas. Com experiência em curadoria, produção e mediação cultural, atua com foco na democratização do acesso aos espaços museais, integrando inclusão, acessibilidade e diversidade em seus projetos. Participou de projetos como Fazendo Cruzos (2022/2023), A Alquimia do Detalhe: Explorando o Estúdio Naturalista (2023), exposição curricular Ruas, Lares & Laços (2024) e o Festival Urbanidades: A Rua é Delas (2025). Atua como figurinista e projetista da CIA Amazônia em Cena. Possui formação complementar em curadoria, economia criativa e planejamento museológico, além de ter atuado em instituições como o Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC e o Espaço Cultural BRDE Gov. Celso Ramos, onde atualmente trabalha.

Alma Passos é nascida em Florianópolis, formada em museologia pela UFSC. Tem a base de sua poética ligada a autorretratos, produzidos através  de desenhos e fotografias. Sua narrativa gira em torno das percepções de si mesma, reflete referências no mundo da maquiagem artística, teatro e moda, conversando com as possibilidades de criar identidade usando elementos pontuais, utiliza de modo recorrente o rosto branco, desproporções corporais e cabelos longos, representando: o vazio, o inevitável e uma escolha. Possui outras produções que expressam caráter existencial, sem focar na aparência do corpo físico, ainda dialogando com as sensações causadas pelo mundo.

Buba Benjamim é natural de Porto Alegre, graduando em museologia na UFSC e oficineiro do coletivo Barriga do Monstro. Participou da coleção “Cenas Urbanas” em 2019 pela oficina de gravuras do Centro Integrado de Cultura (CIC). Tem como base experimentações com técnicas de xilogravura e serigrafia transitando entre linguagens de fotografia, arte digital, colagens, lambes e intervenções urbanas para compor processos artísticos.

Hugo Seraphin é natural da cidade de Florianópolis. Atualmente é estudante de Museologia da UFSC. Suas artes trabalham a permanência da renúncia, tal como a impermanência da presença; questões que transitam entre si, formam significados concretos ilusórios, uma linguística humana mental e biológica, tão crua e visceral na forma de se ver e sentir, tão completa ao ponto de ser oca e passageira. Desenhando corpos que lutam e agonizam com o mundo que o abandona e com eles próprios; corpos que lutam para preservar o resquício do sopro de vida que lhes resta. Contudo, intrínseco ao contorcimento do âmago está a sensualidade, satisfação e beleza do que é agora e o que um dia já foi.

Thiago Müller Hartmann, de Curitiba,é formado em Design de Moda e atualmente também é estudante de Museologia na UFSC, atua nas artes visuais e performáticas, conciliando pinturas, figurinos e a teatralidade. Com experiência no teatro Lala Schneider, produziu o desfile do 24º Festival de Teatro do Lala. Participou da Bienal Virtual de Arte Contemporânea de Curitiba de 2021 com a videoarte Absolutamente Tudo Chega ao Fim. Em 2024 realizou a primeira edição da exposição individual Paixão, Morte, Ressurreição, Sacrilégio na Galeria da UFSC, exposição essa que teve sua versão ampliada com mais obras e uma instalação que percorria todo o espaço expositivo na Galeria de Arte Municipal do Mercado Público de Florianópolis. Trabalhou com figurinos em Curitiba, tanto no teatro quanto para videoartes e fotografias e integrou exposições independentes em bares da cidade. Seu trabalho também inclui performances em teatros, festas e videoperformances.