Ondógrafo registra ondas de sete metros
A 35 quilômetros da costa da Ilha de Santa Catarina as ondas atingiram, nesta terça-feira (9/8), a maior altura já registrada pelo “Programa de Informação Costeira” do Laboratório de Hidráulica Marítima da Universidade Federal de Santa Catarina (PIC/LaHiMar/UFSC). O PIC funciona há quatro anos, com dados apurados pelo ondógrafo – uma bóia medidora de ondas
que monitora a agitação do mar ao largo da Ilha 24 horas. Na manhã do dia 9, o aparelho registrou um aumento das ondas, que passaram de três para sete metros em cerca de seis horas. “Foi uma subida bem rápida com as ondas atingindo alturas que ainda não havíamos
egistrado em nenhuma das ressacas dos últimos quatro anos. Sem dúvida, uma situação especial”, disse o professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (ENS) Eloi Melo, coordenador do LaHiMar.
Segundo Melo, não foi um ciclone extratropical que ocasionou a tempestade dos últimos dias, com ventos cuja velocidade variou de 80 a até 125 quilômetros, mas, sim, um anticiclone que se intensificou de forma incomum. No primeiro caso, explicou o professor, o grande vórtice de ventos da tempestade gira em sentido horário e no segundo acontece justamente o contrário. “Com isso o vento tomou a direção leste sobre o oceano formando um “corredor” de quase 2 milkm bem em frente a costa de SC”, observou.
No LaHiMar, o fenômeno já ganhou o apelido de “o Monstro de Leste”, pois foi um caso de “lestada” muito violenta. As ondas continuaram muito altas na quarta-feira, de acordo com os dados do ondógrafo. De terça às 15h, quando foi registrado o pico de sete metros, até a
quarta-feira, as ondas baixaram pouco. Às 9h desse dia, o equipamento indicava uma altura de cinco metros e meio. Na madrugada desta quinta-feira, porém, um maior declínio na altura das
ondas foi verificado. À tarde, o PIC registrava variações de até quatro metros.
Próximo ao litoral catarinense, um ciclone extra tropical já se forma na retaguarda do anticiclone,
e pode ser visualizado nos gráficos do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet).
Praia da Barra da Lagoa, Florianópolis (10/08/2005)
Série histórica – Relançado ao mar na semana passada graças ao auxílio de um navio da Marinha Brasileira, o ondógrafo da UFSC está prestes a completar 10 anos de idade. De acordo com Eloi Melo, um pouco antes da ocorrência da forte tempestade, o equipamento apresentou indícios de problemas eletrônicos, que desapareceram misteriosamente. “Um equipamento trabalhando num meio hostil como o mar sofre grande desgaste. Precisaremos em breve fazer uma manutenção
completa do equipamento ou mesmo adquirir um novo aparelho”, diz o professor. Ele afirma que a equipe do laboratório tem envidado esforços além de sua própria capacidade para manter o
projeto de monitoramento funcionando por quase quatro anos, mas sofre com a dificuldade em obter recursos.
O programa de monitoramento de ondas da UFSC em Florianópolis – juntamente com o do Instituto de Estudos do mar Almirante. Paulo Moreira (Marinha Brasileira) em Cabo Frio, Rio de Janeiro – são os únicos do gênero no Brasil. “O monitoramento ambiental é algo de grande importância, tanto como serviço de utilidade pública quanto pelo conhecimento científico que possibilita. Seria uma pena se tivermos de desmobilizar nosso Programa de Informação Costeira
on-line por falta de recursos e apoio”, afirma Melo.
FOnte: Núcleo de Comunicação do CTC/ Por Carla Cabral
Informações com o professor Eloi Melo, 48 331 -9992 ou emf@ens.ufsc.br
Informações do PIC em www.lahimar.ufsc.br/pic/qresum.php
Para conhecer o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental em www.ens.ufsc.br