Escultura do boitatá reforça legado de Franklin Cascaes na UFSC

05/11/2008 13:49

O lançamento. Fotos: Jones Bastos / Agecom

O lançamento. Fotos: Jones Bastos / Agecom

Uma escultura de 13 metros de altura representando o ente folclórico conhecido como boitatá vai integrar o espaço visual da UFSC. O lançamento do projeto aconteceu na manhã desta quarta-feira (05/11) no Centro de Cultura e Eventos da Universidade. Projetada pelo artista plástico Laércio Luiz da Silva, a obra “Boitatá Incandescente” possui estrutura metálica e será construída a partir de vigas de ferro em forma de I retiradas da ponte Hercílio Luz durante os trabalhos de reforma. A escultura ficará no lago entre os Centros de Eventos e de Convivência e tem inauguração marcada para o dia 18 de dezembro, quando a Universidade comemora seu 48º aniversário.

O projeto “Boitatá na Ilha da Magia” foi idealizado por Laércio Luiz há 10 anos, com o objetivo de homenagear um grande nome da terra, o artista e pesquisador Franklin Cascaes. Apesar da proposta contar com aprovação do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina, demorou muito tempo para sair do papel. Agora, dentro dos festejos referentes ao centenário de nascimento de Cascaes, ela será executada. Ao apreciar a maquete do projeto, João Evangelista de Andrade Filho, administrador do MASC, fez o seguinte comentário: “A peça pelo que me foi dado apreciar guarda um vínculo de linguagem com a arte gráfica de Cascaes, o que a torna particularmente interessante.”

A obra faz uma releitura dos escritos de Franklin Cascaes acerca do boitatá, entidade cuja gênese o museólogo Gelcy Coelho, o Peninha, identificou na cultura de base açoriana, que “sempre foi influenciada por aspectos do imaginário dos indígenas e africanos”. O arquiteto e professor César Floriano dos Santos, colaborador de Laércio Luiz no projeto, ressaltou que a obra possui uma “linguagem altamente contemporânea” e será montada de forma a ser bem visualizada e fotografada pelos visitantes da Universidade.

O artista responsável pela criação do projeto utilizará na confecção da escultura cinco peças de seis metros que darão sustentação à estrutura. Hoje, ele entregou ao reitor da UFSC, Alvaro Prata, uma pequena obra feita a partir de um parafuso da ponte Hercílio Luz que extraiu da sucata que usará na confecção da escultura. Participam do processo de elaboração final da obra professores e alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Engenharia Mecânica da Universidade.

Em sua fala, o reitor disse que o projeto faz parte das iniciativas que visam à humanização do campus e que “o boitatá dará mais visibilidade e proteção à Universidade”. Ele ressaltou que a UFSC sedia atualmente mais de um evento por dia, em média, e que no presente caso junta o lado artístico com o tecnológico, que se complementam dentro da instituição. Também participaram da solenidade a secretária de Cultura e Arte da Universidade, Maria de Lourdes Borges, e o pesquisador e escritor Nereu do Vale Pereira, presidente da Comissão Catarinense de Folclore e membro do Conselho Estadual de Cultura.

O artista – Laércio Luiz dos Santos nasceu em São João Batista, no Vale do Tijucas, e é reconhecido nacional e internacionalmente por seu estilo nada convencional. Desde muito cedo mostrou aptidões para a arte. Aos nove anos, movimentou a cidade natal com a projeção de uma fotonovela utilizando uma lata de banha sem o fundo, vela e um carretel com as imagens. De lá partiu para o mundo, onde possui trabalhos selecionados em berços da arte, como Amsterdã. Curioso e criativo, é autor do projeto de uma casa feita com fibras de bananeira, que a Universidade de São Paulo mantêm em exposição. Seu currículo inclui também inúmeras participações em muitas mostras e feiras.

Outras informações podem ser obtidas pelo fone 3721-9360, ou com Laércio pelo fone 9060-6890.

Por Mara Paiva e Paulo Clóvis Schmitz / Jornalistas na Agecom