7ª Sepex: núcleo divulga trabalho com homens autores de violência contra a mulher
Criada no ano de 2006, a Lei Maria da Penha é considerada um avanço na abordagem da violência contra a mulher. Entre os aspectos inovadores está o fato de prever não apenas a punição severa aos agressores – mas por indicar que o autor de violência também receba atendimento especializado. De acordo com a lei, entre as medidas que podem ser tomadas pelo juiz está o encaminhamento do agressor a programas de recuperação e reeducação. No entanto, Florianópolis ainda não conta com serviços dessa natureza.
Apesar da lacuna, a UFSC colabora com a busca de alternativas. Em 2006, o Núcleo de Pesquisa Margens (Modos de Vida, Família e Relações de Gênero), que desenvolve pesquisas sobre a temática da violência contra a mulher, foi procurado por psicólogos da 6ª Delegacia de Proteção à Mulher, à Infância e à Juventude. A partir do mapeamento das necessidades, a equipe do Margens realizou um levantamento dos boletins de ocorrência registrados na 6ª Delegacia de Polícia da Capital, durante três meses anteriores à implantação da Lei e três meses posteriores. Esse estudo mostrou os motivos e o cenário comum aos crimes de agressão.
Simultaneamente foi formado um grupo com os funcionários da delegacia, que se reunia quinzenalmente para a discussão de temas variados. Esta etapa tinha como objetivo capacitar os profissionais para discutir e lidar com as questões que cercam a agressão contra a mulher, com fundamentação na perspectiva de gênero e feminista. Paralelamente, foi criado em conjunto com os psicólogos um projeto para assistência a homens agressores. Com a contratação de mais profissionais dessa área para a delegacia, um deles recebeu a incumbência de coordenar o grupo de atenção a homens autores de violência contra a mulher.
O primeiro grupo iniciou no final 2007 e foi composto por voluntários convidados no momento da entrevista na delegacia. Ao todo, aconteceram 14 encontros com aproximadamente duas horas de duração. Devido à parceria entre UFSC e 6ª DP, o trabalho foi acompanhado por um psicólogo da delegacia e por um bolsista do Curso de Psicologia da universidade. O trabalho foi fechado em julho de 2008. Parte dele será apresentado na Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC, em um banner na área de Direitos Humanos.
Um novo grupo deverá ser formado em breve e os profissionais responsáveis estão discutindo como monitorar e avaliar as atividades desenvolvidas e seus impactos. Coordenadora do núcleo Margens, a professora da UFSC Maria Juracy Filgueiras Toneli lamenta que as políticas de combate à violência contra a mulher e as medidas de proteção sejam tão precárias, e enfatiza a importância de um projeto como esse: “Nesses grupos de conscientização, o homem trabalha a necessidade de se reconhecer como agressor (responsabilização), reflete sobre as questões culturais e históricas que engendram o mandato de masculinidade tradicional e o machismo, bem como e percebe que há necessidade de mudança”.
Juracy lembra ainda o fato de que a violência contra a mulher tem raízes históricas muito profundas, e a mudança se dá de forma lenta e gradual. Assim, a lei é um instrumento fundamental para que essa mudança ocorra, porém insuficiente. Segundo a professora, o estudo de temas como a violência contra a mulher e outras questões de gênero pode trazer muitas contribuições – e a conscientização deve ocorrer não apenas no âmbito familiar, mas também nos espaços das políticas públicas como a educação, a saúde e a segurança pública.
“É importante desenvolver políticas e educar as crianças desde cedo para mudar a mentalidade da sociedade. Os homens também devem desenvolver os valores de cuidar e serem cuidados. Ao tratar um fenômeno complexo como a violência, devemos trabalhar com todos os envolvidos.”
Mais informações com a professora Maria Juracy Filgueiras Toneli / e-mail: juracy@cfh.ufsc.br / fone: 48 3721 8511
Também com Matheus Schreiner/ e-mail: matheus_moises@yahoo.com.br
Por Gabriela Bazzo / Bolsista de Jornalismo na Agecom
A Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC
A sétima edição da Sepex será realizada de 22 a 25 de outubro, em frente à Reitoria. O “grande circo” da Sepex terá quase seis mil metros quadrados, está sendo montado na Praça da Cidadania da UFSC, para uma mostra de trabalhos em mais de 100 estandes interativos e 1.300 painéis. Outros 600 projetos serão apresentados no Seminário de Iniciação Científica, evento paralelo à Sepex.
No período serão também oferecidos mais de 200 cursos gratuitos de curta duranção, que já tiveram as inscrições encerradas com quase seis mil participantes. Será ainda realizada durante a semana a inauguração de oito equipamentos interativos que dão início à construção de um parque de ciência no campus universitário.
Este ano a Sepex está integrada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os objetivos são os mesmos: ressaltar a importância da produção do conhecimento na vida da população e no desenvolvimento do País.
Mais informações sobre a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão com a pró-reitora de Pesquisa e Extensão, Débora Peres (debora@reitoria.ufsc.br / Fone: 3721-9716) ou com a diretora do Departamento de Projetos de Extensão, Mônica Aparecida Aguiar dos Santos (monica@cca.ufsc.br / Fone: 48 3721-8305)
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