Semana de Teatro da UFSC: Celso Nunes é o homenageado da primeira edição
Celso Nunes é diretor, encenador e professor, e está vinculado a companhias e espetáculos marcantes desde os anos de 1970. Estudou direção na Sorbonne, na França, entre 1966 e 1969. Lá conheceu e estagiou com o diretor polonês Jerzy Grotowski, e passou a introduzir sua técnica no Brasil, em especial nas suas primeiras montagens.
Em 1975, formou com alunos da EAD-ECA (Universidade de São Paulo – USP) o grupo Pessoal do Victor montando Victor ou As Crianças no Poder, de Roger Vitrac. Entre os alunos estavam Paulo Betti e Eliane Giardini. A companhia ganhou prêmios importantes e montou textos de peso como Os Iks, de Peter Brook (1977), e no ano seguinte, A vida é Sonho, do dramaturgo espanhol Calderón de la Barca. Nunes deu aulas na USP até 1978.
Dirigiu em 1970 O Interrogatório, de Peter Weiss, sobre os processos antinazistas, quando foi inaugurado o Theatro Studio São Pedro, encenação que lhe garantiu o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA. Em 1972, encenou A Viagem, adaptação que Carlos Queiroz Telles realiza sobre o poema Os Lusíadas, de Camões, em uma grandiosa montagem produzida por Ruth Escobar, com cenografia inspiradora de Hélio Eichbauer e mais de 100 pessoas em cena.
Para Fernanda Montenegro e Fernando Torres, dirigiu, em 1973, Seria Cômico…Se Não Fosse Sério, adaptação realizada por Dürrenmatt sobre um texto de August Strindberg, obtendo ótimo resultado. O mesmo se confirmou com Coriolano, de William Shakespeare, que contou com Paulo Autran como protagonista, em 1974.
Em 1976, obteve novo grande sucesso com Equus, peça de Peter Shaffer, cenografia de Marcos Flaksman, e outra participação de Paulo Autran, dessa vez como o psicanalista que trata o jovem psicótico interpretado por Ewerton de Castro.
Uma criação ousada foi realizada, em 1977, com Marilena Ansaldi: transpor para um espetáculo os conteúdos do livro de Wilhelm Reich, Escuta Zé!. Num hábil jogo cenográfico, obteve grande rendimento de Rodrigo Santiago na interpretação do psiquiatra, e de Marilena como o anônimo personagem-título. A realização deixa sua marca na tendência emergente do teatro/dança.
Patética!, a proibida peça de João Ribeiro Chaves Neto sobre o assassinato de Wladmir Herzog, foi liberada em 1980 e ganha, nas mãos de Celso, uma sensível e calorosa expressão, com destaque para Lilian Lemmertz e Ewerton de Castro entre os intérpretes. Novamente com Fernanda Montenegro, conduz As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, o inquietante texto de Fassbinder, que fez a estrela angariar prêmios em parceria com Juliana Carneiro da Cunha, hoje uma das principais atrizes do Théatre du Soleil, na França. Renata Sorrah o convidou para encenar, em 1984, uma obra difícil de Botho Strauss – Grande e Pequeno – sobre uma mulher atormentada que passa a procurar seu passado depois de ver seu casamento desfeito.
Encenou Rei Lear, de William Shakespeare, Galileu Galilei, de Bertolt Brecht, Baton, de Walcyr Carrasco, Ninguém Paga, Ninguém Paga, de Dario Fo, Honra, de Joanna Murray-Smith, Molly Sweeney, de Brian Friel entre mais de 50 outras encenações.
Nos anos de 1990, o diretor foi dos palcos para a área terapêutica. Nunes passou a estudar o Rolfing, método de integração das estruturas humanas pela manipulação dos tecidos conjuntivos e a reeducação pelo movimento, criado por Ida Rolf. Formou-se como rolfista e professor de movimento e mudou-se para Florianópolis, na busca de um local mais tranqüilo para desenvolver seus atendimentos. Hoje está certificado como Advanced Rolfer.
Além de professor em diversos cursos, escolas e workshops, implantou e dirigiu o departamento de teatro da Unicamp. Titulou-se doutor em 1990, com uma tese sobre direção teatral, pela ECA/USP. Na Unicamp, fundou o Departamento de Artes Cênicas, em 1976, que administrou e onde lecionou até se aposentar.
No passado foi casado com a atriz Regina Braga, com quem teve dois filhos: o ator Gabriel Braga Nunes e a fisioterapeuta Nina Braga Nunes.
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