Paulo Speller ministra palestra na UFSC sobre o futuro da educação superior no Brasil

19/04/2010 13:25

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

O professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e conselheiro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Paulo Speller, esteve no auditório da Reitoria na sexta-feira, 16 de abril, para falar sobre as perspectivas da educação superior para os próximos dez anos. Apresentado pelo reitor Alvaro Toubes Prata como “a melhor pessoa para debater as inovações nas instituições de ensino”, Speller é membro da Câmera de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação e faz parte da Comissão de Implantação da Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Na palestra, ele defendeu a necessidade de estruturar uma política de ensino superior no Brasil, ao invés de pensar apenas no conjunto das instituições federais.

Speller esteve na Conferência Nacional de Educação 2010, que aconteceu no mês passado em Brasília, e participou da discussão acerca do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelecerá metas para a educação básica e superior a serem cumpridas até 2020. “Vamos repetir a farsa de que em dez anos tudo vai mudar? Vamos estabelecer objetivos grandiosos para que tudo fique na mesma?”, perguntou o palestrante. Para ele, as ações realizadas no campo da educação são pontuais e não há uma estratégia nacional que vise melhorar o ensino básico e superior. Uma política educacional seria necessária em um país que não consegue suprir a demanda de profissionais exigidos pelo crescimento de sua economia. “A taxa de jovens na universidade é insatisfatória. Não temos sequer engenheiros para aplicar as reformas da Petrobras. É uma vergonha estrutural para um país que cresce em um ritmo tão acelerado”, disse Speller.

Para mudar a situação do ensino superior no Brasil, o professor citou medidas que fariam parte da política educacional. Entre elas estão: a responsabilização do governo; maior espaço para as universidades comunitárias; reestruturação e expansão das universidades federais e o estímulo aos programas de intercâmbio. O último item foi bastante enfatizado por Speller, já que ele preside a comissão de implantação da Unilab – uma das três universidades de integração internacional propostas pelo Ministério da Educação (MEC). A instituição vai abrigar estudantes de todos os países de língua portuguesa e promoverá a troca de informações e estratégias entre as universidades envolvidas. “Espero que essa experiência produza reflexões sobre o que nos impede de avançar na estruturação da educação superior brasileira. Vamos buscar a consolidação e expansão do ensino superior no Brasil e nesses países”, ressaltou Speller.

Educação: problema histórico

O palestrante explicou que o atraso da educação brasileira tem causas históricas. As primeiras universidades do país surgiram com a chegada da família real portuguesa em 1808. Mas a proliferação das instituições aconteceria só na década de 60.

Esse atraso histórico não trouxe problemas só para ao ensino superior. A educação básica também sofre conseqüências. No Brasil, o número de universitários que optam pela licenciatura é cada vez menor, o que resulta na falta de professores nas escolas.

“Nós não acreditamos na qualidade do ensino básico público, por isso colocamos nossos filhos em colégios particulares. O que não vemos é que para melhorar o ensino superior é preciso lutar a favor do ensino básico”, alertou.

Por Ingrid Fagundez / Bolsista de Jornalismo na Agecom