Paulo Speller ministra palestra na UFSC sobre o futuro da educação superior no Brasil

Fotos: Paulo Noronha / Agecom
Speller esteve na Conferência Nacional de Educação 2010, que aconteceu no mês passado em Brasília, e participou da discussão acerca do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelecerá metas para a educação básica e superior a serem cumpridas até 2020. “Vamos repetir a farsa de que em dez anos tudo vai mudar? Vamos estabelecer objetivos grandiosos para que tudo fique na mesma?”, perguntou o palestrante. Para ele, as ações realizadas no campo da educação são pontuais e não há uma estratégia nacional que vise melhorar o ensino básico e superior. Uma política educacional seria necessária em um país que não consegue suprir a demanda de profissionais exigidos pelo crescimento de sua economia. “A taxa de jovens na universidade é insatisfatória. Não temos sequer engenheiros para aplicar as reformas da Petrobras. É uma vergonha estrutural para um país que cresce em um ritmo tão acelerado”, disse Speller.
Para mudar a situação do ensino superior no Brasil, o professor citou medidas que fariam parte da política educacional. Entre elas estão: a responsabilização do governo; maior espaço para as universidades comunitárias; reestruturação e expansão das universidades federais e o estímulo aos programas de intercâmbio. O último item foi bastante enfatizado por Speller, já que ele preside a comissão de implantação da Unilab – uma das três universidades de integração internacional propostas pelo Ministério da Educação (MEC). A instituição vai abrigar estudantes de todos os países de língua portuguesa e promoverá a troca de informações e estratégias entre as universidades envolvidas. “Espero que essa experiência produza reflexões sobre o que nos impede de avançar na estruturação da educação superior brasileira. Vamos buscar a consolidação e expansão do ensino superior no Brasil e nesses países”, ressaltou Speller.
Educação: problema histórico
O palestrante explicou que o atraso da educação brasileira tem causas históricas. As primeiras universidades do país surgiram com a chegada da família real portuguesa em 1808. Mas a proliferação das instituições aconteceria só na década de 60.
Esse atraso histórico não trouxe problemas só para ao ensino superior. A educação básica também sofre conseqüências. No Brasil, o número de universitários que optam pela licenciatura é cada vez menor, o que resulta na falta de professores nas escolas.
“Nós não acreditamos na qualidade do ensino básico público, por isso colocamos nossos filhos em colégios particulares. O que não vemos é que para melhorar o ensino superior é preciso lutar a favor do ensino básico”, alertou.
Por Ingrid Fagundez / Bolsista de Jornalismo na Agecom