Banco de dados reúne informações sobre fortalezas de todo o mundo

04/04/2010 12:52

Foi realizada na manhã da última quinta-feira, dia 1º, no auditório da Reitoria da UFSC, a apresentação do Projeto Fortalezas Multimídia, site permanente (www.fortalezas.org) que contém um banco de dados com informações de todas as fortificações do mundo. Criado pelo arquiteto Roberto Tonera e acessível pela internet em três idiomas, o banco já tem cadastradas mais de 850 fortificações de vários países, entre eles Uruguai, Brasil, Chile e Colômbia. O evento fez parte da programação do VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e do I Encontro Técnico dos Gestores de Fortificações, que se estenderam até sexta-feira em Florianópolis.

O Fortalezas Multimídia foi desenvolvido para funcionar em forma de rede colaborativa, numa espécie de comunidade virtual de investigadores e instituições interessadas na história e na preservação das fortificações. “O mais importante é continuar inserindo informações, com a participação de todas as pessoas ligadas a essa área”, disse Tonera durante a apresentação. O portal tem elementos que facilitam a busca e a visualização dos dados e do conteúdo disponibilizado aos pesquisadores, estudantes, estudiosos e ao público em geral.

Dinâmico e interativo, o projeto contém informações sobre tombamento, estado de conservação dos prédios, técnicas construtivas utilizadas, características e personagens relacionados à história do forte. Podem também ser encontrados dados dos viajantes estrangeiros que passaram pela região, no passado, biografias e bibliografias que facilitem outros estudos sobre o tema. Por fim, há sinopses e ferramentas para baixar informações de utilidade para o pesquisador. “Só do Brasil, temos mais de 500 fortificações cadastradas”, informa o arquiteto.

Colaboração de todos – Falando sobre a manutenção e conservação das fortalezas vinculadas à UFSC, Roberto Tonera destacou os trabalhos de mapeamento, análise, diagnóstico e criação de manuais de conservação por sua equipe. Ao longo dos anos, foi possível realizar um levantamento cadastral e fotográfico das fortalezas e a subsequente digitalização dos dados, além do treinamento de equipes de mão-de-obra para atuar nos projetos.

Pelo banco de danos é possível acessar a ficha de cada fortificação, seu estado de conservação, seus danos e patologias. São relacionadas ainda as ações emergenciais necessárias em cada edificação, no caso específico de Santa Catarina. “Este é um trabalho que pretendemos ampliar, aperfeiçoar, com a colaboração de todos, permitindo o planejamento de intervenções futuras nas fortalezas”, afirmou ele.

A experiência uruguaia – Durante a manhã, mais de 10 especialistas usaram a palavra para falar de experiências em diferentes países, com destaque para o Uruguai, onde os quatro seminários anteriores sobre cidades fortificadas foram realizados. O país vizinho foi um dos mais visados pelos portugueses e espanhóis durante as guerras pela posse do território, dos séculos XVI ao XVIII. Por isso, há ainda um grande número de fortes no seu litoral e também dentro do estuário do rio da Prata, que separa o país da Argentina.

Os palestrantes abordaram as características das principais fortalezas uruguaias, a recuperação realizada e a utilização cultural de cada uma delas, nos últimos anos, e como essas edificações se adaptaram aos sistemas europeus de segurança, na época da ocupação do continente. Um dos destaques foi o relato do professor Marcelo Díaz Buschiazzo sobre a importância da colônia de Sacramento – onde também havia uma fortificação – na resistência às invasões rumo ao interior do continente, pelos rios da Prata, Paraná e Uruguai. Outro depoimento que chamou a atenção da plateia foi o do professor português Sérgio Alberto Fontes Rezendes, que falou sobre as fortificações nas ilhas de São Miguel, Terceira e São Jorge, no arquipélago dos Açores.

Por Paulo Clóvis Schmitz/ Jornalista na Agecom