Moradia Estudantil terá mais de 200 vagas até o final de 2010

30/03/2010 16:09

A Moradia Estudantil é uma opção para estudantes vindos de outras cidades e também um direito, oferecido pelo Departamento de Assuntos Estudantis da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). Os candidatos à moradia devem comprovar carência socioeconômica e estar matriculados e frequentando curso de graduação da UFSC.

As quatro edificações: Prédio I, Módulo I, Módulo II e Casa da Estudantes, situados à Rua Desembargador Vitor Lima, bairro Carvoeira, abrigam até 153 vagas. Dentre essas, seis são para intercambistas e quatro para portadores de necessidades especiais. O Módulo I, conhecido como Casa da Floresta, garante moradia para oito estudantes. A Casa da Estudante, exclusivamente feminino, tem 33 moradoras, divididas em 12 quartos. O Módulo II foi adaptado a partir da casa do zelador, e agora conta com oito moradores em quatro quartos e dois banheiros, com lavanderia e cozinha, e ainda de uma horta. O Prédio I foi inaugurado em 2003 e tem quatro pavimentos com 18 apartamentos. Seis estudantes dividem um apartamento com dois quartos, banheiro e cozinha conjugados. No térreo, um dos apartamentos foi adaptado para abrigar quatro estudantes com deficiência, mas hoje moram nele apenas uma cadeirante e uma deficiente auditiva. Nas áreas comuns do prédio há a lavanderia, espaço de estudo e sala de estar com TV.

Um novo prédio está sendo construído e serão mais 18 apartamentos. Para a construção foi usada verba do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) e terá 2.100m² com custo total de mais de dois milhões de reais. A luta dos atuais moradores fez com que o projeto fosse repensado e atendesse algumas de suas demandas. Em vez de três moradores serão apenas dois por quarto, totalizando quatro estudantes por apartamento. Outra exigência atendida era que o prédio fosse inteiramente acessível. Para isso, deveria contar com elevador e os apartamentos deveriam atender ao Desenho Universal, — que define o ambiente para ser usado por todos, sem necessidade de adaptação ou projeto especializado para pessoas com deficiência.

A estudante da quarta fase do curso de Economia, Denise de Siqueira, mora no Prédio I desde 2005 e diz que não consegue circular entre os demais apartamentos porque o edifício não é acessível. “Quando tem festa de aniversário nos outros andares eu tenho que ficar no térreo, e às vezes alguém traz um pedaço de bolo para mim. Não deve ser assim”, explica. Quando as obras estiverem concluídas, a moradia será referência nacional, sendo a primeira casa de estudante totalmente acessível do país. O Coordenador de Apoio a Política Estudantil, Fabiano Seeling Paulokun, prevê que a obra fique pronta em dezembro de 2010. Apesar da criação de novas vagas, o número ainda será insuficiente.

As decisões tomadas na casa do estudante partem do Conselho de Moradia. Ele é composto por três Coordenadores Gerais e dois Secretários Gerais eleitos pelos moradores, um administrador e um representante da Divisão de Serviço Social, indicados pela PRAE, um representante do DCE e cinco representantes dos módulos. Eles se reúnem para discutir melhorias, reivindicações e eventuais conflitos que surjam entre os moradores. No dia 9 de abril, sexta-feira, o Conselho se reunirá em Assembléia Geral para composição do novo grupo. “Eu tenho essa questão da ação coletiva, mas está difícil formar o conselho, as pessoas não querem se envolver nas lutas”, conta Denise, que faz parte do Conselho representando o Prédio I.

O Conselho é responsável por analisar casos de indisciplina na moradia estudantil como reprovação por frequência insuficiente (F.I), denúncias de uso de drogas ilícitas, ou qualquer infração ao Regimento Interno da Moradia Estudantil. No caso de drogas, é necessário flagrante ou testemunha. A segurança do Campus é acionada e se o flagrante for feito, o aluno é suspenso da moradia. O conselho apura também casos de moradores que possuem motocicleta e não declararam no cadastro socioeconômico no momento da inscrição à vaga. Os alunos afirmam ter ganhado o veículo ou ser emprestado de parentes. A PRAE tem conhecimento desses acontecimentos, mas só pode penalizar o estudante se a moto estiver no próprio nome. Segundo Dalton Barreto, Diretor do Departamento de Assuntos Estudantis, ainda não há denúncias de posse de automóveis, mas se isso for registrado o morador estará sujeito às sanções previstas no Regimento Interno. “O conselho é sério, composto de pessoas sérias que querem o melhor para a moradia”, afirma Barreto.

Denise cobra que os moradores cumpram seus deveres, além de reivindicar seus direitos. “São necessárias contrapartidas dos estudantes para estarem lá, é preciso cumprir as regras e pensar no coletivo”, conclui.

Por Gabriella Bridi/bolsista de jornalismo da Agecom