Só as decisões políticas podem salvar o clima

19/03/2010 14:09

A meta da redução das emissões de gases tóxicos e das pressões sobre o uso da água somente será alcançada se houver uma decisão política neste sentido dos países dispostos a melhorar a relação dos homens com o meio ambiente. No seminário Mercosul Pós-Copenhague, aberto na manhã desta sexta-feira, dia 19, no auditório da Reitoria da UFSC, esta foi uma unanimidade entre os painelistas, que também consideram vital fortalecer a interação entre as ações de governo, porque a região abarcada pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai possui a segunda maior bacia hidrográfica das Américas, um grande aquífero (Guarani) e uma concentração industrial e populacional que se compara a poucos lugares no continente. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que viria a Florianópolis, cancelou sua viagem durante a semana. Mesmo assim, o auditório ficou completamente lotado.

No painel “Os desafios do Mercosul frente às mudanças climáticas”, um dos destaques foi a fala do coordenador de Plataformas Renováveis de Itaipu, Cícero Bley, que trouxe de Copenhague, em dezembro, a certeza de que será cada vez maior a pressão da sociedade pela busca novos modelos de geração energética e de contenção dos efeitos da industrialização. “Havia 15 mil pessoas dentro do evento (COP 15) e 30 mil fora, berrando, protestando”, conta ele. Esse contingente de insatisfeitos, formado por minorias, tende a aumentar nas próximas conferências climáticas, porque é o mais atingido pela prevalência do mercado sobre todas as outras variantes, incluindo a sustentabilidade.

Camilo Lopez Burlan, coordenador de projetos do Cefir (Uruguai), defendeu que a busca de saídas seja pensada regionalmente, acordando conteúdos e promovendo a interação entre os países, com a participação da sociedade. As mudanças climáticas, por exemplo, não podem se reger por fronteiras ou políticas estanques de desenvolvimento. “Não devemos usar apenas os critérios econômicos na hora das decisões, mas também os condicionantes sociais, ambientais e educacionais”, frisou.

A senadora Ideli Salvatti, presidente da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, garantiu que o Brasil já conseguiu reduzir substancialmente o desmatamento, que é um dos maiores fatores de emissão de gases do efeito estufa, mas dependerá ainda por muito tempo, assim como o planeta, da matriz petrolífera para movimentar sua economia. Ela destacou que o Brasil foi um dos poucos países que chegaram com metas e compromissos em Copenhague e citou o mau uso da terra como um dos fatores de desequilíbrio ambiental. “Se usássemos apenas os solos já degradados para o plantio, não seria necessário derrubar mais uma árvore no país por um longo período”, concluiu.

Por Paulo Clóvis Schmitz/ Jornalista na Agecom

Fotos: Cláudia Reis/ Jornalista na Agecom