´O Carnaval na Ilha Terceira – um festival de teatro popular` abre nesta terça no Hall da Reitoria

05/02/2010 12:00

Fotos; Joi Cletison

Fotos; Joi Cletison

A folia açoriana é o tema da exposição “O Carnaval na Ilha Terceira – um festival de teatro popular” que abre nesta terça, 9/2, no Hall da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As imagens, clicadas pelo diretor do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da UFSC, Joi Cletison, são integrantes do projeto “Gestos e Gente no Carnaval Terceirense”, organizado pela Presidência do Governo Regional dos Açores. A mostra pode ser visitada até o dia 26/2, de segunda a sábado, das 8h às 20h.

A proposta foi fotografar durante os quatro dias de carnaval os “bailinhos” que acontecem somente na Ilha Terceira nos Açores, composta por duas cidades: Angra do Heroísmo (patrimônio da Unesco) e Praia da Victoria.

O projeto, desenvolvido em 2006, reuniu fotógrafos de países em que a emigração açoriana foi bastante intensa, como Canadá, Estados Unidos e Brasil – que enviou representantes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O que são os bailinhos?

Cada freguesia (bairro) organiza o seu próprio grupo, que compõe uma música (letra e arranjos), monta uma coreografia, cria um figurino próprio e depois ensaia. Nas noites de carnaval os grupos se apresentam, primeiro em sua localidade e depois nas diversas comunidades da Ilha.

Joi Cletison viveu intensamente essa experiência nos quatro dias do carnaval de 2006, fotografando tardes, noites e madrugadas contabilizando mais de 900 imagens desse grande festival. Para Joi, o evento foi marcante: “tudo funciona perfeitamente sem que ninguém seja responsável pela organização: um grupo sai e entra outro, e o público é fiel, permanencendo ali o tempo todo. A comunidade oferece apenas o espaço e um lanche depois da apresentação. Cada grupo chega a fazer oito apresentações em locais diferentes. Usam como tema os acontecimentos corriqueiros do dia a dia como a política”.

A apresentação da exposição é do escritor Álamo de Oliveira, que já compôs diversas marchas de carnaval e também foi responsável por várias montagens teatrais e bailinhos de carnaval.

O carnaval dos açores e a exposição, por Álamo Oliveira:

“Uma das celebrações festivas do Carnaval mais originais ocorre, com certeza, na ilha Terceira dos Açores. Durante dois ou três meses algumas milhares de pessoas – atores, poetas populares, autores, compositores e músicos, vocalistas, ensaiadores, figurinista e costureiras – preparam, com talento e afeto, aquele que é o maior Festival de Teatro Popular, se não do Mundo, pelo menos da Europa.

Durante os dias de carnaval, meia centena de grupos percorrem as oito dezenas de palcos que envolvem a ilha, representando estórias que tocam o imaginário histórico e social ilhéu, nas mais diversas variantes temáticas, tratando-as, literária e teatralmente, de acordo com a sensibilidade de cada tema. Assim, a hagiografia, os feitos históricos e os dramas passionais entram na categoria das danças de dia, da noite e de espada, enquanto que os casos que se expõem ao ridículo público são satirizados através do uso de linguagem cômica e bem humorada, a que dão o nome de bailinhos. Danças e bailinhos utilizam o mesmo figurino estrutural (marcha, saudação, apresentação em quadros e desenvolvimento do enredo, despedida e repetição da marcha) e são escritas em poesia rimada bem à maneira do teatro vicentino.

A presente exposição dirá muito da vivência do artista da imagem, que é Joi Cletison, no Carnaval da Terceira, em 2006. Ele testemunha todo o talento, criatividade e, porque não?, a genialidade de milhares de artistas, anônimos no dia a dia, mas admiráveis nos quatro dias em que desenvolvem este Festival, realizado numa ilha com 55 mil habitantes e que é visto por mais de 40 mil espectadores”.

Raminho – Açores, 5 de Janeiro de 2007

Álamo Oliveira – Escritor

Mais informaçoes: pelos fones 48-3721-8605, 9982-8938 ou joi@nea.ufsc.br. Fotografias para divulgação poderão ser retiradas no endereço www.nea.ufsc.br/carnaval.zip.