INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Um momento para discutir a importância e o sentido da ciência

16/10/2003 16:59

Estudantes explicam seus projetos

Estudantes explicam seus projetos

Este ano, com o tema ‘Ciência, para que ciência?’, a Universidade Federal de Santa Catarina promoveu seu XIII Seminário de Iniciação Científica. O evento que encerra nesta quinta-feira durante a tarde permitiu a mostra e avaliação de cerca de 500 trabalhos de pesquisa realizados por estudantes de graduação. Na abertura, no auditório da Reitoria, representantes da administração e pesquisadores falaram sobre a importância e o sentido da ciência. O reitor Rodolfo Joaquim Pinto da Luz ressaltou a necessidade de investimentos na qualificação docente. Destacou a produção científica da UFSC e lembrou que é necessário superar com criatividade as dificuldades. “É fundamental investir em Educação, Ciência e Tecnologia se quisermos ter um futuro”.

Para o reitor, empresas e outras entidades precisam apostar no desenvolvimento científico e tecnológico para que não se fique na dependência da tecnologia de outros países. Também segundo Luz, só teremos emprego se houver investimento pesado em C&T. “Escolas de qualidade exigem professores de qualidade formados na universidade, que não pode inchar e sim crescer”.

Álvaro Prata, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, acredita que o Seminário é uma forma de prestação de contas da UFSC para a sociedade, um processo que deve ser ampliado em nível nacional. “Trata-se de um investimento na nossa semente, nos pesquisadores do futuro”, sublinhou o pró-reitor. A diretora do Departamento de Apoio à Pesquisa, Tereza Nogueira, observou que a Iniciação Científica é uma forma de despertar a vocação para a pós-graduação. “É um privilégio e ao mesmo tempo uma responsabilidade fazer pesquisa no Brasil”, arrematou Nogueira, para quem pesquisa é como dança: tem que ter o parceiro certo.

Para que ciência?

Essa a pergunta colocada no debate que se seguiu a abertura do XIII Seminário de Iniciação Centífica, e respondida pelos três pesquisadores da mesa: Faruk Aguilera, João Calixto e Rafael de Menezes, representando as três áreas básicas de pesquisa (Humanas, Exatas e da Vida).

O professor Calixto destacou a importância da ciência para entendimento das leis do universo. “É uma maneira do homem criar alternativas de sobrevivência. Ciência e poder são sinônimos. Os povos que não a possuem pagam caro pelo acesso ao desenvolvimento científico”. O pesquisador que integra a Academia Brasileira de Ciências acredita que o cientista não deve perder a capacidade de imaginar e que o erro faz parte do processo científico. “O que a ciência precisa para se desenvolver é de liberdade, ética e transparência. Cientista não tem país, ciência tem”.

Fotos: Paulo Noronha

Fotos: Paulo Noronha

O entendimento do professor Faruk Aguillera é de que a ciência é o pensamento humano na sua máxima expressão tentando entender a natureza. Ele cita o impacto sobre a sociedade, que se manifesta nas coisas mais cotidianas como casa, comida, carros, parafernália eletrônica e até na saúde. “A natureza da ciência é cada vez mais complexa, assim como os problemas que têm que ser enfrentados”.

“Ciência implica em disciplina, irreverência e reflexão”, resume Rafael de Menezes Bastos. Ele é um dos pesquisadores que acreditam que é essencial pensar ciência refletindo sobre, por exemplo, o que será a violência, o 11 de setembro, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a Guerra da Palestina. O professor lembra o fato do Brasil ter criado uma pós-graduação fantástica, ao mesmo tempo que deixou a graduação quase no lixo. “Temos que levar a sério a graduação”. Bastos argumenta que ciência também se faz lendo Cervantes ou ouvindo Pixinguinha.

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