Estudantes apresentam carros que participarão do I Desafio Baja Sul
Os minibajas projetados e construídos por estudantes de engenharia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão preparados para participar de mais uma competição. Na segunda-feira, 8/9, a Equipe UFSC Mini Baja fará uma demonstração do desempenho dos carrinhos, às 15 horas, no Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina. O minibaja é um veículo de quatro rodas, para um ocupante, projetado para trajetos fora da estrada (off-road). Há nove meses, 30 alunos desenvolvem dois protótipos que irão participar do I Desafio Baja Sul, nos dias 8 e 9 de novembro, em Gravataí – RS, e da Competição de Mini Bajas da Sociedade de Engenharia Automotiva do Brasil (SAE Brasil), em abril de 2004, em Piracicaba – SP. A missão dos alunos é construir um veículo que seja seguro, barato, leve, competitivo, fácil de manobrar e durável.
O desafio regional, no Rio Grande do Sul, servirá para os estudantes avaliarem o desempenho dos protótipos. Depois, eles poderão melhorar os carros para a etapa nacional, e mais importante, em São Paulo. A UFSC participa da competição SAE Brasil desde 1997 e sua melhor colocação foi no ano 2000, quando a equipe Vento Sul ficou em sexto lugar.
As provas da SAE são divididas em duas etapas: avaliação e desempenho. Na primeira, serão avaliados os relatórios dos projetos, o design dos veículos, a possibilidade de produção em massa,
os custos (de produção e para o consumidor – se o carro fosse comercializado), a originalidade, o conforto e a segurança para o piloto. As provas dinâmicas testarão aceleração, velocidade máxima,
freios, tração, subida de rampa e manobrabilidade, onde o veículo tem que fazer um percurso determinado entre cones (slalon) em menor tempo que os demais. No último dia, é realizada a principal prova do campeonato – um enduro, onde os carros dão voltas sobre uma pista do tipo motocross, em terreno não pavimentado e irregular, por quatro horas. No final desse tempo, o minibaja que tiver percorrido o maior número de voltas será o vencedor da corrida.
Os alunos estão confiantes, porque, ao contrário do que acontecia nas competições anteriores – em que cada equipe produzia um protótipo separadamente e depois os abandonava – está havendo uma continuidade do projeto. A fusão das equipes Uiraçu e Ilhéu, que competiram no ano passado, deu origem à Equipe UFSC Mini Baja, que trabalha unida para aperfeiçoar cada vez mais os modelos que já foram utilizados, sem precisar começar novamente do zero a cada ano. Todo o trabalho é feito em conjunto, só no dia da competição é que haverá separação em duas equipes para que cada uma fique responsável por um veículo.
Os dois minibajas são praticamente iguais, a única diferença entre eles é o sistema de suspensão traseira: um dos carrinhos possui uma suspensão independente e o outro um eixo rígido. O estudante de Engenharia Mecânica Cristiano Verona diz que apenas no dia das provas será possível avaliar qual dos sistemas é mais eficiente. A equipe da UFSC é a única do Brasil que desenvolveu uma tecnologia de suspensão pneumática segura para ser utilizada nas provas. Os estudantes garantem que esse sistema, empregado por quatro anos, proporciona mais conforto ao piloto, melhor controle de altura do veículo e é mais adequado para estrada de terra.
Os alunos são responsáveis por elaborar todo o projeto do carro no computador e depois montá-lo no laboratório. Para desenvolver um minibaja são necessários conhecimentos de cálculo estrutural,
modelagem computacional, análise de materiais, dinâmica veicular, elétrica, design, processo de fabricação, contabilidade e marketing, entre outros. Os protótipos da UFSC são projetados para acomodar um piloto com 1,90 metros de altura e 105 quilos e custam, em média, R$ 20 mil.
A participação no projeto é livre para todos os estudantes de engenharia, inclusive calouros. O objetivo do trabalho em equipe é fazer com que os alunos que já participaram de competições
possam passar experiência e conhecimentos para os mais novos e, assim, garantir a continuidade do programa. Cristiano Verona explica que o trabalho realizado no laboratório da UFSC é igual ao
desenvolvido na construção de um carro de verdade, mas em menor escala. “Aqui estamos envolvidos com o verdadeiro espírito da competição automobilística, nós aprendemos exatamente como funciona a sistemática de um carro e trabalhamos como profissionais”, garante.
O projeto recebe apoio da Fundação de Ensino e Engenharias de Santa Catarina (Feesc), do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, do Laboratório de Combustão e Engenharia de Sistemas Térmicos (LabCet/UFSC) e de empresas como Wiest. No momento, os estudantes estão à procura de parceiros que possam patrocinar a viagem para a competição nacional, em São Paulo.
Mão na massa
Os estudantes que participam do projeto minibaja estão matriculados na disciplina optativa Veículos Automotores, oferecida pelo professor Lauro Niolazzi, da Engenharia Mecânica. Nas aulas, os alunos recebem noções sobre todas as etapas envolvidas na construção de um carro, que
começa a ser projetado pelos pneus. O professor explica a escolha do pneu é que vai definir detalhes como a largura da carroceria e a altura que o automóvel ficará do chão.
Os conhecimentos e tecnologias empregados na indústria automobilística são os mesmos que os alunos aplicam em seus projetos. Características como geometria, aerodinâmica, tração, freios,
aceleração, suspensão são previstas anteriormente em um programa de computador.
Nicolazzi acredita que a aplicação prática do que se aprende na sala de aula é uma das partes mais importantes do projeto. “A construção do minibaja requer a integração de todos os conhecimentos que foram absorvidos separadamente em sala de aula”. O professor explica que, além de complementar o ensino de engenharia, o trabalho em equipe faz com que os estudantes fiquem mais responsáveis e comprometidos com o projeto. “Os alunos passam a fazer autocrítica, voltam atrás quando algo dá errado, estudam e refazem. Eles amadurecem e se tornam empreendedores, têm capacidade para desenvolver um carro e gerenciar uma empresa”.
Milhares de horas são necessárias para projetar um carro, as indústrias possuem centenas de profissionais atuando nessa área. Para o professor Nicolazzi, o projeto minibaja poderia ser mais bem implementado se existissem mais recursos. Os estudantes envolvidos na elaboração dos minibajas passam todo o tempo livre, inclusive as madrugadas, trabalhando no laboratório da UFSC.
Fale com os alunos da Equipe UFSC Mini Baja pelos telefones 331 9390
(Cristiano Verona) e 234 0844 (Thiago Bigarella) ou pelo e-mail
baja_ufsc@grupos.com.br
Mais informações sobre os protótipos no site :www.minibaja.ufsc.br































