`Práticas Proibidas` será lançado nesta quinta-feira
A professora Joana Maria Pedro, do Departamento de História da UFSC, é a organizadora do livro `Práticas Proibidas: práticas costumeiras de aborto e infanticídio no século XX`, que será lançado nesta quinta-feira, 10 de julho, a partir das 18h no Hall do CFH da UFSC.
Na mesma ocasião a professora Joana Pedro estará divulgando também outros livros, nos quais publicou capítulos. Em `O corpo feminino em debate` organizado por Maria Izilda S. Matos e Rachel Soihet, UNESP, 2003, a professora escreveu o capítulo sobre `As representações do corpo feminino nas práticas contraceptivas, abortivas e no infanticídio – século XX`.
Em `História da Cidadania`, organizado por Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinski , editora Contexto, a historiadora foi responsável pelo capítulo `Mulheres: Igualdade e especificidade` escrito em co-autoria com a organizadora.
Informações: 331 9249 e 333 5866
Obra trata dos temas aborto e infanticídio
´Práticas Proibidas: práticas costumeiras de aborto e infanticídio no século XX´ trata do resultado de uma pesquisa feita com apoio do CNPq e que está sendo publicada juntamente com os pesquisadores participantes: Aniele Fructuoso da Costa, Cristiani Bereta da Silva, Eliana Isabel Hawerroth, Joana Maria Pedro, Luciana Rosar Fornazari Klanovicz, Maria Conceição de Lacerda, Maristela Moreira de Carvalho, Núcia Alexandra Silva de Oliveira, Roselane Neckel, Vanderlei Machado.
O livro aborda questões recorrentes na História das sociedades: o aborto e o infanticídio. Centrando o foco da pesquisa na cidade de Florianópolis, no século XX, busca iluminar como estas práticas, que foram durante muito tempo toleradas, passaram a ser problematizadas, divulgadas e posteriormente criminalizadas. Busca, também, explicitar sua relação com os diferentes acontecimentos históricos vivenciados pela população da nossa ilha-capital, entre eles os processos de
reestruturação urbana, a emergência de novos conhecimentos técnico-científicos e as inovações do aparelho judiciário.
A pesquisa partiu da premissa de que, durante muito tempo, as mulheres foram detentoras de conhecimentos que lhes permitiam uma certa autonomia sobre seus corpos. Conhecimentos estes que eram partilhados numa rede de solidariedade feminina, que lhes garantia, entre outras coisas, evitar uma gravidez indesejada.
Essa idéia foi o ponto de partida de uma densa pesquisa em arquivos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, do Fórum de Florianópolis e da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina, bem como em outras instituições de âmbito nacional. O material analisado é composto de processos judiciais, notícias de jornais e uma ampla bibliografia médica e jurídica, que circulou ao longo do século XX.
Da análise desse material, emerge uma narrativa histórica que nos mostra experiências que deixaram marcas indeléveis no corpo e na memória das mulheres. Mulheres essas que foram envolvidas e perseguidas com base em uma série de saberes médicos, religiosos e jurídicos que visavam coibir e criminalizar formas autônomas de cuidado de si.
Estes conhecimentos passaram, ao longo do século XX, a ser colocados como os únicos autorizados a decidir sobre questões que diziam respeito à intimidade feminina, ou seja, aos seus corpos. Porém, se às mulheres era negado um conhecimento autônomo, as narrativas nos mostram que, na maior parte do período estudado, estas eram as únicas
culpabilizadas por buscarem desembaraçar-se de uma gravidez que lhes traria sérias dificuldades, e para a qual os homens também haviam contribuído. Estes, diante das autoridades, buscavam eximir-se de qualquer responsabilidade, negando a paternidade e atacando a moral de suas namoradas ou amantes.
O livro traz à luz uma história de dor, sofrimento e solidão, pela qual passaram mulheres de várias classes sociais, mas principalmente as mais humildes. Histórias que, guardadas as especificidades históricas, ainda persistem na mídia
contemporânea.
Maria Teresa Santos Cunha, na apresentação do livro, diz “Para ler este livro, a tolerância, o preconceito e o sectarismo devem ser deixados na sala de espera. Mais que isso, para ler este livro é recomendável leveza e compreensão, entendidos como empreendimentos pelos quais, ao pensar, busca-se superar o sentimento de estranhamento do mundo e deixar que se instale o sentimento de alteridade.”
O livro “Práticas Proibidas: práticas costumeiras de aborto e infanticídio no século XX, conta-nos Joana Maria Pedro,
procura “compor um retrato de duas práticas costumeiras: o infanticídio e o aborto. Mostramos como elas foram criminalizadas, e de que maneira diversos setores, como o poder público, a religião e a imprensa, investiram para que estas práticas sofressem estranhamento por parte da população.”
Informações: 331 9249 e 333 5866



























