UFSC constrói casa popular de pinus

09/06/2003 19:44

Pesquisadores da UFSC estão testando tecnologias que possibilitem a utilização de madeira de áreas reflorestadas com pinus em construções voltados para a moradia popular. O estudo conta com o apoio do CNPq, que concedeu bolsas de capacitação em recursos humanos, com recursos do Fundo Verde-Amarelo do Ministério de Ciência e Tecnologia, aplicados no programa pela Finep, e financiamento da Caixa Econômica Federal, através do Programa de Tecnologia para Habitação (Habitare).

Uma parceria também foi desenvolvida com a empresa Battistella, de Lages (SC), e nesta fase o grupo estuda os processos construtivos da empresa através de um protótipo construído no próprio campus da universidade. Com 37m2 distribuídos em 2 pavimentos, esta casa-protótipo utiliza intensivamente a madeira, tanto nas paredes e entrepisos quanto na cobertura que, além da estrutura, terá também telhas de madeira. O tempo de construção deve ser de 15 dias, atendendo a necessidade de rapidez da habitação de interesse social, e o protótipo estará aberto à visitação.

De acordo com a coordenadora do projeto, professora Carolina Palermo Szücs, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, o objetivo é reduzir custos sem perda de qualidade, ampliando o sistema de produção da empresa, que há vários anos atende a classe média e média-alta, para novos públicos. A revisão do sistema da Battistella está sendo realizado para atender a uma faixa de renda de 4 a 10 salários mínimos. O projeto vai também permitir o estudo comparativo de duas tecnologias, já que o protótipo em madeira de reflorestamento está sendo construído ao lado de um outro onde estão sendo usados blocos e concretos de cimento com adição de cinzas de termoelétricas – resultados de um outro projeto integrado ao programa Habitare.

“O protótipo em pinus está sendo pensado para regiões madeireiras, onde essa espécie é encontrada com maior facilidade e os custos podem ser reduzidos, além de ser uma tecnologia potencialmente reconhecida pelas populações vizinhas a esses reflorestamentos”, explica a professora. Uma das características da construção é sua flexibilidade, permitindo a ampliação através de painéis modulados. A proposta leva em conta pesquisa realizada pela mesma equipe em conjuntos habitacionais populares e que diagnosticou a presença constante de alterações na construção original – os tradicionais `puxadinhos`. “São alterações que o morador acaba fazendo para atender a suas necessidades e que podem comprometer o funcionamento e a segurança da habitação. Por isso estamos prevendo estas alterações já em projeto”, informa a pesquisadora que integra o Grupo de Estudos da Habitação (Ghab), da UFSC.

O uso da madeira de reflorestamento é uma alternativa econômica que vem sendo implantada com sucesso em outras regiões do mundo, como América do Norte e Europa. No Brasil, só no Estado de Santa Catarina a madeira de reflorestamento do tipo pinus e eucalipto cobre cerca de 650 mil hectares de terra. Para ser utilizada na construção civil esse tipo de madeira passa por uma etapa de tratamento, o que garante sua durabilidade. Pela participação no projeto, estudantes da UFSC ganharam em 2002 o 4º lugar no concurso nacional Soluções para Urbanização e Habitação de Baixo Custo no Brasil, promovido pela Caixa Econômica Federal e Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

Mais informações com a professora Carolina Palermo Szücs/UFSC.

Fone: (48) 331-9797, mail: carolps@arq.ufsc.br