Estudos buscam melhores condições de trabalho para maricultores

16/02/2004 14:58

Um verdadeiro trabalho de equipe. Assim podem ser qualificadas as

pesquisas desenvolvidas desde 1998 pelo Núcleo de Desenvolvimento

Integrado de Produtos (Nedip) e pelo Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a EPAGRI. O objetivo é melhorar as condições de trabalho dos maricultores e aumentar a produção de moluscos marinhos no estado, que já chega a 90% do total nacional.

Um dos resultados dessas pesquisas está em fase de ajustes: um protótipo capaz de propiciar o aumento na quantidade e na qualidade dos mexilhões, além de garantir um menor esforço aos trabalhadores da área. Atualmente, os processos de cultivo dos animais são feitos artesanalmente, o que gera uma baixa produtividade e péssimas condições de trabalho para os maricultores.

Com o sistema projetado pelos engenheiros e fabricada pelo SENAI, oito etapas do cultivo de mexilhões foram mecanizadas: o encordoamento, a retirada da corda, a extração de mexilhões das cordas, a desgranação, a limpeza, a seleção, a limpeza refinada e a descarnação. Pelo projeto, doze módulos podem ser combinados para desempenharem cada uma das oito fases do cultivo. “A máquina modular visa a variedade e pode ser modificada de acordo com a necessidade do maricultor”, explica um dos pesquisadores do NeDIP, professor Fernando Forcellini.

Todo o trabalho levou em conta a opinião dos maricultores. Entrevistas, visitas, análise do perfil e das condições de trabalho foram essenciais para a elaboração do produto final. “O que queremos é atender a demanda da sociedade”, salienta o professor. “Aqui nós não ficamos fechados no Laboratório”, garante o mestrando em Engenharia Mecânica, Aldrwin Farias Hamad, que faz constantes visitas a localidade de Sambaqui, em Florianópolis, para conversar com os maricultores.

Outra das pesquisas desenvolvidas pelo LMM/NeDIP tem o objetivo de melhorar as condições de manejo e retirada das ostras do mar. Aualmente esse processo é manual, o que faz com que os trabalhadores cheguem a levantar cerca de 3,3 toneladas de produtos por ano. “Só existem dois barcos apropriados em todo o estado, e eles têm um preço fora da realidade do maricultor”, comenta Aldrwin.

Esse trabalho pesado pode render aos trabalhadores uma série de

problemas, como artrite, perda de produtividade e o risco de sofrerem

acidentes graves, já que a etapa é desenvolvida em embarcações de lazer ou de pesca artesanal. O sistema que deve reduzir esses problemas estará projetado entre dezembro deste ano e março de 2005.

O estudante de Mestrado em Engenharia Mecânica, Fábio Evangelista

Santana, também desenvolve pesquisa na área. A intenção é obter um novo método de lavação das lanternas, objetos que sustentam as ostras no mar. Hoje, essa operação é feita na orla marítima, por meio da lavação com água doce pressurizada. As lanternas devem ser lavadas pois acumulam sujeiras, o que interfere na produção e faz com que o material final sofra depreciação. Quando feita periodicamente, a lavagem diminui as incrustações e o mau cheiro, melhora as condições de trabalho, aumenta a produtividade e reduz a sujeira da praia. O projeto também deve ser concluído entre dezembro de 2004 e março de 2005.

Etapas de cultivo de mexilhões

Encordoamento: as sementes dos animais são postas em uma corda, que ficará submersa para que eles cresçam e engordem.

Retirada da corda: as cordas são retiradas do mar e transportadas para a extração dos mexilhões

Extração dos mexilhões: os animais são retirados da corda. Nessa etapa há risco de perda de produtos, já que os mexilhões ficam muito aglutinados e podem se quebrar.

Desgranação: separação dos mexilhões . Em Santa Catrina é feita manualmente, mas na Espanha já é mecanizada.

Limpeza: retirada de sujeira dos moluscos

Seleção: os melhores produtos são escolhidos para consumo

Limpeza Refinada: processo que confere um melhor aspecto ao produto

Descarnação: quando a carne dos mexilhões é retirada das conchas

Informações:

FALE com o professor Fernando Forcellini, com Fábio Evangelista Santana e com Aldrwin Farias Hamad pelo telefone (48) 331-9719 ou pelos e-mails forcellini@emc.ufsc.br

CONVERSE também com o professor Jaime Fernando Ferreira do Laboratório

de Moluscos Marinhos do Centro de Ciências Agrárias (CCA), que está em

parceria com o NeDIP, pelos telefones´(48) 3319358 ou 3319653

VISITE o site www.nedip.ufsc.br

Fonte: Núcleo de Comunicação do Centro Tecnológico