Marcelo Canellas falou da prática jornalística na V Semana do Jornalismo
Convidado para falar na V Semana de Jornalismo da UFSC a respeito de Jornalismo Social, Marcelo Canellas começou a palestra dizendo que não concorda com essa expressão. Para ele, isso seria uma redundância, já que todo o jornalismo é social por tratar das contradições da sociedade. Na tarde de sexta-feira (4/8), último dia do evento, o profissional intercalou vídeos de reportagens suas com comentários sobre o processo de produção de cada uma delas, além de contar detalhes sobre sua carreira. O gaúcho formado pela Universidade Federal de Santa Maria é repórter especial da Rede Globo desde 1990.
O jornalista demonstrou grande admiração pela UFSC e revelou que sempre teve vontade de conhecê-la. Citou livros de professores, atuais e antigos, do curso de jornalismo, como Nilson Lage e Adelmo Genro Filho, e afirmou concordar com eles com o fato de que o jornalismo não é somente um conjunto de técnicas, é também conhecimento. Jornalismo, Ética e Liberdade, publicação do professor Francisco José Karam, também foi elogiada por Canellas.
As reportagens exibidas ao longo da palestra tratavam de temas como fome, prostituição, trabalho escravo e outros mais amenos como carnaval e danças típicas dos antigos escravos. De acordo com o repórter, é preciso ter humildade intelectual diante dos fatos para não ser enganado pelas aparências. Outro comentário feito por ele a respeito de suas matérias foi que não há separação entre o cidadão e o jornalista, a ética e os fatos que ocasionam indignação são os mesmos para ambos.
Além disso, o repórter acredita que não há como não se envolver emocionalmente em algumas reportagens, como no caso daquela sobre prostituição. “Eu fiquei do lado das pessoas, não há imparcialidade”, disse. Para ele, o jornalismo mostra o que pode ser mudado na sociedade, mas não a transforma, quem tem esse papel é a ação política.
Sobre o telejornalismo, Marcelo Canellas afirmou que a imagem tem soberania, porém não se explica sozinha. Disse ainda que a televisão é uma fábrica de clichês e que, para fugir disso, é preciso combinar imagem e texto de forma criativa.
Por Ingrid Cristina dos Santos / bolsista em Jornalismo da Agecom