EdUFSC lança livro na Semana de História
Nesta quarta-feira (28/3) a partir das 19h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, acontece a palestra “Nacionalismo, Antiimperialismo e Socialismo: algumas reflexões sobre a ex-URSS e a experiência latino-americana”, com o professor Lúcio Flávio Rodrigues (PUC-SP). Na seqüência ele autografa o livro “Uma ilusão de desenvolvimento – nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK”, escrito pelo professor e recentemente publicado pela Editora da UFSC, na coleção Rien (Relações Internacionais e Estado Nacional). Programação integra a Semana de História
Abaixo seguem informações sobre a obra.
Editora lança segundo título da Coleção Relações Internacionais e Estado Nacional (RIEN)
Os tempos de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o “presidente bossa nova” são, e serão, eternamente lembrados como os “anos dourados”, os bons tempos, como se costuma dizer, os tempos da construção de Brasília de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, do primeiro campeonato mundial de futebol do Brasil, do início da era Pelé. Tempos que deixaram saudade para quem viveu e conviveu naquela época, mas que Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida em seu Uma ilusão de desenvolvimento – nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK. A obra, publicada pela EdUFSC, integra a Coleção RIEN (Relações Internacionais e Estado Nacional).
O fio condutor de Almeida, na verdade, passa por uma análise dos meandros do poder político na segunda metade da década de 50, e recai exatamente onde o consenso parecia definitivo: o nacionalismo e o desenvolvimentismo, a grife JK. Ele aborda o “nacional-desenvolvimentismo” como uma das formas adquiridas pelo populismo e, mesmo reconhecendo o papel proeminente desempenhado por segmentos da cúpula da burocracia de Estado, não a considera a única base social do nacionalismo em questão. Sugere que a configuração adquirida pelo nacional-populismo durante os anos de Juscelino foi justamente aquela em que, devido à forte presença ideológica de caráter empresarial, este nacionalismo mais aparentou constituir o fulcro ideológico de uma sólida hegemonia burguesa no Brasil.
“Dada à imensa ausência de estudos sobre aspectos importantes dos anos JK, o tema se revelou bastante amplo. A bibliografia existente é escassa e quase sempre de caráter bastante genérico. O que apresento é, em grande parte, um trabalho exploratório, onde abordo de um modo um tanto atabalhoado, aspectos pouco ou nunca estudados”, diz o autor.
Por que estudar os anos JK hoje? Segundo Almeida, a chamada “globalização” não significa o fim dos nacionalismos. Na verdade, ao contribuir para a crise da ideologia nacional, a atual fase de transnacionalização do capitalismo em crise estimula o surgimento de questões nacionais de todos os tipos. “Acrescente-se a isso a fadiga ideológica do neoliberalismo e as incertezas diante de um quadro internacional instável e teremos alguns ingredientes para um novo glamour do Estado nacional, com acentuados arroubos neodesenvolvimentistas. No caso brasileiro, isso tem sido canalizado,
inclusive por parte da literatura acadêmica, para reforçar a nostalgia dos anos dourados”, justifica.
A obra de Lúcio Flávio, argumenta Marcos Del Roio, não se debruça sobre a história e a política das classes subalternas. E nem por isso perde alguma coisa em rigor teórico e em intervenção política postada ao lado dos amplos setores oprimidos dessa ordem burguesa. O núcleo da intervenção do autor consiste em oferecer uma contribuição para o conhecimento do processo de definição das políticas estatais de desenvolvimento a partir dos conflitos políticos e ideológicos entre as frações que compunham o bloco do poder. O período JK é identificado como o do “nacionalismo triunfante”, mas, afinal, que nacionalismo é esse?
Uma ilusão de desenvolvimento é o segundo título da recém-lançada Coleção RIEN (Relações Internacionais e Estado Nacional), coordenada pelo professor Waldir José Rampinelli, que lançou As duas faces da moeda – As contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português. O próximo lançamento da coleção é Imperalismo e luta de classe no mundo contemporâneo, de autoria de James Petras.
“Uma ilusão de desenvolvimento – nacionalismo e dominação burguesa nos anos JK”, Lúcio Flávio de Almeida, Editora da UFSC – Coleção RIEN – Relações Internacionais e Estado Nacional, 339 pg., R$ 34,00. Contatos com o autor Lúcio Flávio: (11) 3670-8517 (universidade); (11) 3868-2314 (casa), e-mail: luc.flavio@terra.com.br. Contatos com o coordenador da coleção, professor Valdir Rampinelli, pelos fones (48) 3233-4991 (casa) e 3331-9249 (UFSC).