Projeto prevê construção do Memorial Brasileiro dos Direitos Humanos
Passados 20 anos da redemocratização do país, a maior parte dos documentos relativos à atuação dos governos durante a Ditadura Militar (1964-1985) ainda não foi catalogada para consulta pública. Sem acesso a esse material, professores de Sociologia, História e Filosofia têm dificuldade de abordar temas relacionados àquela época. Com o objetivo de suprir essa deficiência e de alertar permanentemente a sociedade brasileira sobre os abusos cometidos no período ditatorial, a UFSC pretende montar um memorial dedicado aos Direitos Humanos.
Esta é a missão do projeto “Memorial Brasileiro dos Direitos Humanos”, coordenado pelo professor Fernando Ponte, do Departamento de Sociologia e Ciência Política do Centro de Filosofia e Humanas (CFH). Resultado de um trabalho conjunto entre o Lastro (Laboratório de Sociologia do Trabalho) e o Núcleo Interdisciplinar de Infância e Juventude, o projeto prevê a instalação de um espaço dedicado ao tema dentro do campus da universidade. O acervo do memorial será composto por livros, revistas, vídeos e documentos.
O espaço será aberto à visitação e pretende desenvolver atividades de apoio a estudos e pesquisas sobre o tema. Tanto o público universitário quanto o de Ensino Médio e Fundamental terão acesso aos projetos desenvolvidos pelo memorial.
Eventos culturais também serão realizados no espaço, que ainda não tem data para ser inaugurado. Em reunião realizada em junho deste ano, o reitor da universidade, professor Lúcio Botelho, mostrou-se favorável à consolidação do memorial em um espaço próprio. O projeto do memorial será lançado oficialmente em março do ano que vem, em um evento que lembrará os 42 anos do Golpe de 1964.
Além do espaço físico, o projeto contempla uma rede virtual de informações sobre a ditadura. Dentro de alguns meses, todo o material sem direitos autorais que o projeto já possui será digitalizado pela universidade e colocado à disposição em um endereço eletrônico, para ser acessado gratuitamente. No site ainda serão exibidas entrevistas com personalidades que, de alguma forma, sofreram algum tipo de violência durante o regime ditatorial. “Queremos ajudar a lembrar deste tema, numa visão crítica sobre as formas autoritárias e ditatoriais de governo, como uma condição para mudarmos nosso lugar na história”, explica o professor Fernando Ponte.
A iniciativa do memorial sobre Direitos Humanos é inovadora no Brasil, segundo o professor. “São raras as universidades que se preocupam com este tema”, avalia. Entre as inspirações para a construção do memorial na UFSC está a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que vem disponibilizando acesso a vários documentos sobre este tema, e o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Um dos problemas dos organizadores do projeto é a pequena quantidade de material disponível para o memorial. Após a instalação do espaço na UFSC será lançada uma campanha de arrecadação de livros, revistas e documentos. Para aumentar o acervo, os organizadores esperam receber a colaboração de órgãos públicos a exemplo da Assembléia Legislativa do Estado, da Secretaria de Segurança Pública, da Justiça do Trabalho e de partidos políticos. Doações individuais também serão aceitas.
Para saber mais sobre o projeto, ligue: (48) 331-9250 ramal 35































