UFSC irá desenvolver processador de energia solar

04/12/2006 11:21

Embora seja apontada como uma das alternativas ao uso de combustíveis fósseis, a energia solar fotovoltaica ainda depende de muitas adaptações para que possa ser utilizada em residências e indústrias. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) irão desenvolver um equipamento capaz de processar a energia captada do sol, adequando-a para aplicação em áreas urbanas. O projeto acaba de ser aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep/MCT) e será desenvolvido em parceria com uma empresa privada de Curitiba (PR).

A energia solar pode ser captada por meio dos chamados painéis fotovoltaicos (geralmente instalados em telhados), que a transformam em energia elétrica. Esse processo ocorre devido à movimentação de elétrons, excitados pela interação da luz do sol com materiais semicondutores – como o silício, presente nos painéis. “O problema é que, quando captada, essa energia se apresenta na forma de uma corrente contínua, não adequada para uso em alguns equipamentos domésticos, como liquidificadores, máquinas de lavar ou refrigeradores”, diz o coordenador do projeto, professor Denizar Cruz Martins.

Agora, ele e uma equipe de 10 pesquisadores do Instituto de Eletrônica de Potência (Inep), que pertence ao Departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, buscam desenvolver um processador eletrônico da energia solar, que apresente alta qualidade e baixo custo. Uma das propostas do projeto é fazer com que a tecnologia fotovoltaica seja utilizada em conjunto com o sistema atual de distribuição de energia elétrica, evitando a sobrecarga das linhas de transmissão.

De acordo com o professor Martins, a pesquisa é importante para ampliar o potencial de aplicação das fontes alternativas de energia, em especial nas regiões do Brasil que não contam com hidrelétricas. “O norte e o nordeste do país serão os principais beneficiados, já que não têm usinas suficientes, mas possuem oferta solar em abundância.” O processamento de energia solar fotovoltaica também pode contribuir para a solução de problemas do sistema energético brasileiro, como a expansão da demanda e a falta de diversidade da matriz energética (a maioria da energia consumida no país vem de hidrelétricas). “Nosso sistema de energia está à beira de um colapso. Por isso é primordial pesquisar fontes alternativas de energia”, explica Martins.

Cooperação – O projeto será desenvolvido graças à parceria firmada entre a UFSC e a SDS Soluções em Desenvolvimento de Sistemas Ltda. Pesquisadores da Universidade e profissionais da empresa trocarão informações e desenvolverão em conjunto todas as etapas do projeto, que vão desde a criação de modelos matemáticos até a montagem de um protótipo. Em no máximo dois anos, os resultados deverão ser apresentados à Finep – que financiará 80% do custo total pesquisa (orçado em R$ 350 mil), enquanto a empresa paranaense arcará com 20% desse valor.

Os recursos, que serão gerenciados pela Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), servirão para adquirir equipamentos necessários ao projeto, como novos painéis fotovoltaicos para o Inep, além do pagamento de bolsas de estudo a alunos que participarão do projeto. “Além da transferência de conhecimento, da universidade para o setor produtivo, a parceria com a empresa é importante para a formação de recursos humanos, ou seja, de estudantes e profissionais capacitados para buscar fontes alternativas de energia”, afirma o professor.

Fonte: Núcleo de Comunicação do CTC/ Por Débora Horn