Vacina contra o câncer de colo de útero tem “assinatura” da UFSC

01/12/2006 13:22

A primeira vacina contra o papiloma vírus humano (HPV), que causa o câncer de colo de útero, foi lançada no 13o Congresso Sul-Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, realizado na semana passada em Florianópolis. O medicamento foi desenvolvido pelo laboratório dos Estados Unidos Merck Sharp & Dohme, envolvendo 150 centros de pesquisa em 30 países. No Brasil, o Hospital Universitário (HU) foi uma das 15 instituições que participaram do estudo.

O HPV é transmitido principalmente através do contato sexual. Existem mais de 100 tipos do vírus e os mais graves são o 16 e o 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero, e o 6 e o 11, que ocasionam 90% das verrugas anais e genitais. As doenças mais comumente relacionadas com o HPV são o condiloma genital e o câncer de colo de útero, mas ele também pode causar câncer anal, de laringe, de faringe, nas cordas vocais, no pênis e em outras áreas do organismo, de acordo com Edson Fedrizzi, médico e coordenador do Projeto HPV do HU.

Há cerca de 20 anos diferentes laboratórios pesquisam uma vacina contra o HPV. Ao longo desse período, o estudo passou por diferentes etapas. Primeiro, ocorreu o processo de desenvolvimento de uma substância para o funcionamento da medicação, que durou aproximadamente dez anos. Em seguida, começaram a ser realizados testes em animais. Como os resultados foram bem sucedidos, a pesquisa passou a ser feita em seres humanos.

Essa etapa é classificada em três fases distintas, como explica Fedrizzi: “Existe a fase um, em a gente avalia qual a dose da medicação, qual a segurança em utilizá-la e os efeitos colaterais. Depois a fase dois, que avalia como a medicação atua no organismo e como ela vai fazer a ação preventiva. Na fase três utilizamos milhares de pessoas para verificar realmente a eficácia da vacina”. Foi a partir da fase três, há cerca de cinco anos, que o HU começou a fazer parte das pesquisas do laboratório Merck Sharp & Dohme.

A vacina pesquisada no hospital, chamada de Gardasil, possui ação preventiva e é quadrivalente, pois protege contra quatro tipos de HPV: o 6, 11, 16 e 18. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o medicamento no Brasil em 28 de agosto deste ano. O órgão deve estabelecer o preço da vacina ainda em 2006, para que, em seguida, ela passe a ser comercializada.

De acordo com Fedrizzi, a conclusão dos estudos sobre a vacina contra o HPV é de que ela possui uma ação de 100% na prevenção das lesões causadas pelos tipos 16 e 18, responsáveis pelas lesões pré-cancerosas e pelo câncer; e 99% de eficácia para os vírus 6 e 11, que ocasionam as verrugas genitais. Os pesquisadores verificaram que essas porcentagens são válidas por pelo menos cinco anos.

A estimativa é de que o preço da vacina Gardasil fique em torno de R$ 500,00 a R$ 700,00 a dose. Segundo a Anvisa, o medicamento é voltado para mulheres de 9 a 26 anos de idade e deve ser tomado em três doses. Apesar de o efeito da vacina ser preventivo, e não terapêutico, mulheres que já têm algum tipo de HPV podem utilizar o medicamento: “Além de se prevenir contra outros tipos de HPV, essas mulheres terão uma diminuição do tempo de suas lesões e um retardamento na evolução delas”, explica Fedrizzi.

Para mais informações ligue: Projeto HPV – 3331 9082 ou 3331 6798

Por Ingrid Cristina dos Santos / bolsista em Jornalismo da Agecom