Professores são capacitados para produção de material para licenciatura na Língua Brasileira de Sinais

21/02/2006 17:52

Iniciou nesta terça, 21/2, o curso de formação dos professores de Língua Brasileira de Sinais (Libras) responsáveis por produzir os materiais utilizados na nova graduação a ser oferecida a distância. A partir do segundo semestre, a universidade oferecerá, em parceria com outras oito instituições de ensino superior, o primeiro curso da América Latina de graduação em Letras / Licenciatura com habilitação em Libras. O evento ocorreu na Secretaria de Ensino a Distância da UFSC, na parte da manhã, e continuou no Centro de Comunicação e Expressão, no período da tarde.

A cerimônia de abertura contou com a presença da secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, Cláudia Dutra, e do diretor do Departamento de Educação a Distância do MEC, Hélio Chaves Filho, além do reitor Lúcio José Botelho, alguns pró-reitores e diretores de centro. Após a cerimônia, Hélio Chaves deu início ao curso com uma palestra de cerca de 30 minutos sobre políticas de educação a distância. Tudo simultaneamente traduzido para a língua de sinais por três intérpretes, que se revezavam. Durante seu discurso, Hélio parabenizou a UFSC e creditou à universidade com o título de “modelo brasileiro de ensino a distância”. Cerca de 100 pessoas participaram da abertura.

As instituições ministrarão o novo curso estimuladas pela recente aprovação da Lei de Libras. O Ministério da Educação anunciou o decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro do ano passado, determinando o prazo de um ano para que todas as escolas, antigas e recém-criadas, sejam bilíngües. Para as instituições de ensino superior, o prazo para que a disciplina de Libras seja oferecida em todos os cursos é de dez anos. A lei também torna obrigatório o oferecimento da disciplina em todos as licenciaturas e nos cursos de Fonoaudiologia e Pedagogia.

A coordenadora responsável pelo projeto de criação e oferecimento do curso em âmbito nacional é a professora da UFSC, Ronice Müller de Quadros. Ronice explica a importância dessa licenciatura: “A nova lei criou uma demanda grande por profissionais com essa graduação. Há vários anos, o MEC vem oferecendo capacitação para pessoas preferencialmente surdas que atuam como instrutores da língua de sinais sem a licenciatura. O objetivo do projeto é formar professores com essa graduação”. O número de surdos também é um fator relevante. Existem cerca de 170 mil surdos no Brasil, de acordo com o último Censo realizado, no ano de 2000. Ronice se emocionou ao discursar para os participantes.

O edital para o processo seletivo da graduação em Língua Brasileira de Sinais ainda não foi divulgado, mas a coordenadora pedagógica de licenciaturas a distância da UFSC, Rose Cerny, adianta que serão 500 vagas ao todo, distribuídas igualmente pelas nove instituições que integram a parceria. Desse montante, 70% está reservado aos instrutores de Libras anteriormente capacitados pelo MEC e 30% para usuários de Libras que já tenham concluído o ensino médio.

Como o curso será ministrado a distância, o projeto inclui recursos para implantação da infra-estrutura tecnológica. Cada pólo contará com equipamentos que permitam aulas por videoconferência. Os alunos receberão um DVD e material impresso para o acompanhamento e contarão com um ambiente virtual de aprendizagem. Os nove pólos de ensino são:

– Universidade Federal de Santa Catarina;

– Universidade Federal de Santa Maria;

– Universidade Federal da Bahia;

– Universidade Federal do Amazonas;

– Universidade Federal do Ceará;

– Universidade de Brasília;

– Universidade de São Paulo;

– Instituto Nacional de Educação de Surdos; e

– Universidade Estadual de Goiás, que ainda está em processo de negociação.

Por Bia Ferrari / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Mais informações pelo telefone 3331-6586, com Vanessa Amadeu.