INICIAÇÃO CIENTÍFICA: aluno de Engenharia de Aqüicultura descobre que abrigos no cultivo de garoupa fazem a diferença

18/10/2006 15:42

“O peso da garoupa é influenciado pela presença de abrigo nos tanques de cultivo do peixe. A possível causa é a diminuição do estresse no animal”. Essa é a conclusão da pesquisa realizada pelo aluno da última fase do Curso de Engenharia de Aqüicultura da UFSC, Fábio de Farias Neves. O projeto será apresentado nesta quinta-feira pela manhã, no XVI Seminário de Iniciação Científica da UFSC, na área de Ciências da Vida.

Os peixes foram divididos em dois grupos com tratamentos diferentes, um sem e outro com abrigo. As garoupas foram avaliadas por parâmetros hematológicos, taxa de glicose e dados biométricos. As amostras de sangue foram colhidas antes dos peixes serem submetidos aos tratamentos e 60 dias após serem mantidos nos tanques. A alimentação dos animais durante o experimento ocorria quatro vezes por semana e era ração.

Os abrigos a que as garoupas foram submetidas consistiam em seis tubos sobrepostos de PVC com 15cm de diâmetro e cerca de 35cm de comprimento. Quando colocados nos tanques, os abrigos diminuem o espaço de cultivo e dificultam o manejo dos peixes. Assim o experimento foi realizado para descobrir se a ausência de abrigos nos tanques aumenta o estresse nos peixes alterando o seu desenvolvimento.

Ao final, Fábio observou que o ganho de peso médio das garoupas com abrigo foi maior (906g) do que os sem abrigo (731g). Ao que tudo indica, conforme o relatado pelo estudante, esse ganho de peso está diretamente relacionado ao possível estresse a que os peixes são expostos quando não possuem abrigos.

Isso foi comprovado através do aumento da taxa de glicose nos animais sem tubos de PVC no tanque. Segundo diversos autores, a curva de freqüência de glicose sanguínea varia conforme a curva de freqüência do hormônio cortisol no sangue – hormônio que é indicador de estresse.

Como a garoupa possue hábitos semelhantes ao badejo (é carnívora, fica no fundo do mar, procura abrigos onde possa se esconder, é um peixe territorialista e come bastante), o estudo além de possuir grande utilidade comercial, pode gerar subsídios para futuras pesquisas com badejos e levar os aquicultores a investirem num meio de cultivo mais saudável.

O estudante recebe auxílio através da Bolsa de Iniciação Científica da UFSC (BIP/UFSC) e teve como orientador da pesquisa o doutor em aqüicultura, Vinícius Cerqueira, que também contribuiu para o sucesso do experimento junto aos colaboradores Mônica Tsuzuki, Maurício Laterça e Alexander Berestinas.

O experimento foi realizado no Laboratório de Piscicultura Marinha pertencente à UFSC – LAPMAR/UFSC. Situado no bairro Barra da Lagoa, o laboratório disponibilizou, segundo o aluno, um excelente suporte para a realização do experimento. Já a análise dos parâmetros hematológicos foi realizada no Laboratório de Diagnóstico e Patologia em Aqüicultura (LADPAQ), localizado na Estação do Mangue do Itacorubi.

Mais informações: (48) 8405-6740

Por Lívia Helena / bolsista de jornalismo na Agecom