Plantas medicinais reduzem agrotóxicos em horta hidropônica

Ataque de insetos e fungos é raro, mas requer cuidados
Hortas hidropônicas são aquelas plantadas fora do solo, em uma técnica milenar que vem sendo resgatada desde a Segunda Guerra Mundial. Em um método mais limpo que o tradicional, as hortaliças e frutas desse sistema são cultivadas geralmente em canaletas de polipropileno ou PVC servidas por tubos que levam água e sais minerais para cada planta. Nas hortas hidropônicas as sementes são acondicionadas em pequenas barras de resina de petróleo onde, em menos de dois meses, as verduras alcançam o tamanho ideal para consumo.
Mesmo sendo um sistema mais limpo que o tradicional, na hidroponia o uso dos agrotóxicos ainda se fazia presente até pouco tempo atrás. “Trata-se de uma questão cultural que precisa ser erradicada”, opina o professor Jorge Barcelos. Para reverter este quadro, os responsáveis pelo laboratório resolveram cultivar plantas que repelissem insetos e fungos, principais causas para o uso de agrotóxicos nas hortas. Algumas, como citronela, arruda, manjericão, hortelã e nim, foram cultivadas no chão ou em vasos. Outras, nas próprias canaletas do sistema hidropônico.
Após anos de estudos e testes, os pesquisadores descobriram que o ataque de insetos e fungos é ínfimo quando a planta recebe uma nutrição adequada, mas as plantas medicinais ajudam muito. Ainda de acordo com as pesquisas, o guaco hidropônico, que aparentemente não protege as hortaliças, pode apresentar propriedades medicinais maiores do que o guaco plantado pelo sistema tradicional, no solo.
Além disso, trabalhos de conclusão de curso de integrantes do laboratório revelaram que o chá de macela pode ser usado no combate ao pulgão, um dos principais parasitas que destroem as plantações de rúcula. “O mesmo chá que tomamos pode ser usado para proteger a planta, com a vantagem de poder comer a verdura mesmo depois da pulverização, sem alterar seu gosto”, explica o professor.
A meta do Laboratório é mostrar que o uso de agrotóxicos da produção de hortaliças é totalmente desnecessário. Na UFSC, que possui horta hidropônica desde os anos 90, a produção é voltada para o abastecimento do Restaurante Universitário do CCA. Com o objetivo de repor a produção o excedente é vendido no local ou feiras da região. Também são feitas doações à APAE do Itacorubi. As maiores plantações de hortaliças hidropônicas na universidade são as de alface (1.300 pés por mês) e de rúcula (500 pés por mês). Tomate e morango são cultivados em menor escala.
Apesar dos avanços no cultivo de plantas medicinais em hidroponia, não há perspectivas de produzir remédios com elas. “Recentemente aprovaram uma lei que exclui a possibilidade de utilizar plantas, sem uso de solo, para matéria-prima de remédios, o que é um retrocesso”, afirma. Para mais informações sobre o Laboratório, e suas pesquisas com plantas medicinais, acesse o site www.labhidro.cca.ufsc.br, ou ligue (48) 3331-5438/ 3331-5441.
Leo Branco/Bolsista da Agecom