Especial Pesquisa: Laboratório da UFSC elabora caderno de normas para produção de catfish

08/11/2007 11:00

SC é o maior produtor do Brasil

SC é o maior produtor do Brasil

A fim de facilitar a comercialização do catfish, bagre norte-americano com produção de destaque em Santa Catarina, o Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (Lapad) da UFSC desenvolveu um Caderno de Normas para a produção desta espécie. O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Associação dos Criadores de Catfish do Sul (ACCS).

O projeto para elaboração do caderno de normas contou com a participação de professores, mestrandos e acadêmicos do Centro de Ciências Agrárias (CCA). Realizado no período de fevereiro de 2005 a dezembro de 2006, o projeto foi realizado em conjunto com sete produtores da ACCS, com propriedades localizadas nos municípios de Guaramirim, Joinville, Palhoça, Rio dos Cedros e Tijucas.

O caderno de normas, com regras de produção previamente estabelecidas e aprovadas pela Secretaria de Agricultura e Política Rural de Santa Catarina, é fundamental para a obtenção do selo de Qualidade e Origem (CCO). O selo facilita a entrada do produto tanto no mercado nacional quanto no internacional.

Projeto foi realizado com sete produtores

Projeto foi realizado com sete produtores

O estado de Santa Catarina, maior produtor de catfish do Brasil, exporta boa parte da sua produção para Estados Unidos e Europa. O catfish é a principal espécie da piscicultura dos EUA e, como explica a professora Débora Machado Fracalossi, coordenadora do projeto, o país tem uma demanda intensa. Esse fato garante um mercado promissor para Santa Catarina, região de clima semelhante à do Mississipi – local de origem da espécie – e que apresenta portanto as condições ideais para produção. “É uma possibilidade de mercado inviável para outras regiões do Brasil, como por exemplo, o Centro-Oeste”, afirma Débora, onde o frio do inverno não é suficiente para estimular a reprodução do catfish.

A necessidade de aperfeiçoamento da produção no estado ocorreu devido a problemas relacionados ao manejo e ao uso de tecnologias inadequadas. Débora explica que por ser uma espécie mais exigente em qualidade de água do que a tilápia, por exemplo, necessita de maiores cuidados e de práticas de manejo adequadas.

Diagnóstico

Para observar quais eram os principais problemas nas fazendas dos sete produtores que participaram do projeto, foi realizado um levantamento a campo em suas propriedades a fim de realizar um diagnóstico da situação de cada local. Foram observados aspectos como infra-estrutura, qualidade da água, ração e manejo alimentar dos peixes, sistema de produção e regulamentação – licenças ambientais, cadastro do aqüicultor, registro dos funcionários e outorga de recursos hídricos.

Após o levantamento, ocorreu a elaboração do caderno, que constituiu a segunda fase do projeto. Algumas práticas recomendadas foram demonstradas em dias de campo com todos os produtores, diretamente nas fazendas dos envolvidos nos projeto. Aspectos de cada fazenda foram discutidos com cada produtor individualmente.

A última fase do projeto permitiu visitas às propriedades para aplicação do protocolo de avaliação e observação de como estava a implementação das normas e a evolução de cada fazenda. Essa etapa é uma prévia da certificação para obter o selo de qualidade.

O manual ainda está restrito aos sete produtores e, de acordo com Débora, muitos deles ainda não implementaram as normas na sua totalidade. Ela explica que o maior incentivo dos produtores para aplicação das regras estava na possibilidade de exportar o filé de catfish, o que traria um aumento de renda. Porém, com a queda do dólar, todo esse cuidado deixou de ser tão vantajoso. Filés de catfish continuam sendo exportados pelo maior produtor e presidente da Associação, André Luis Theiss, mas não pelos outros integrantes do projeto, os quais estão vendendo peixe inteiro para os pesque-e-pague, que não têm maiores exigências para compra do pescado. A associação e o Lapad estão levantando fundos para a publicação deste caderno de normas, que contém informações importantes para qualquer empreendedor que queira investir na produção do catfish americano.

Para a professora, o trabalho não foi em vão: “Como foi feito em conjunto, os produtores aprenderam muito”. Débora considera que o resultado foi positivo também para os alunos que participaram do projeto, pois tiveram a oportunidade de sair da sala de aula e vivenciar os conteúdos na prática.

Para saber mais sobre o Lapad, acesse www.lapad.ufsc.br/

Mais informações com Débora Machado Fracalossi, pelo e-mail deboraf@cca.ufsc.br , fone 3389-5216

Por Ana Carolina Dall’Agnol

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