UFSC sedia seminário sobre luta antimanicomial

16/05/2008 11:43

Nesta sexta-feira, 16, das 13h às 18h30min, no Auditório do Centro de Convivência da UFSC será realizado o seminário “A Psicologia e a Luta Antimanicomial”. Seis convidados irão debater a questão da Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial no Brasil. O seminário é aberto a toda comunidade, e as inscrições serão realizadas no dia e local do evento, a partir da 13h.

A iniciativa é de dois alunos do curso de psicologia, Bárbara Bianca Alves Cardoso e Allan Kenji Seki, que observaram a necessidade de trazer o debate para dentro da universidade. “Dentro da graduação não há uma abordagem direcionada para o tema. A universidade como instituição social não pode permanecer à margem da discussão das normas e condutas da sociedade”, afirmam.

O tema da discussão é polêmico dentro da psicologia. A Reforma Psiquiátrica – conseqüência da Reforma Sanitária promovida pelo Ministério da Saúde em 1986 – iniciou uma discussão de qual seria a função social dos manicômios. Desde então, opiniões divergem sobre os tratamentos ideais para os “loucos”: isolamento, ou atendimento psico-social.

Os assuntos que serão abordados foram escolhidos pelos professores convidados a integrar a mesa de debates. Os professores Sílvio Paulo Botomé e Marcos Eduardo Rocha Lima irão levantar alternativas à internação psiquiátrica. O professor Kléber Prado Filho e o psicólogo Carlos Antônio Cardoso Filho apresentam quais as matrizes da luta. E o professor Walter Ferreira de Oliveira e a conselheira e presidente da comissão de direitos humanos do Conselho Regional de Psicologia, Josiele Bene Lahorgue, abordam o histórico e as perspectivas da Luta Antimanicomial.

A Luta Antimanicomial

O movimento de luta antimanicomial teve origem no final da década de 1970, quando encontros realizados em vários locais do país passaram a pensar em transformações para política e prática da psiquiatria.

Em 1987, o II Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, realizado na cidade de Bauru (SP), resultou num aumento na participação de usuários e familiares e um distanciamento entre o movimento e o governo. Nesse momento definiu-se o lema “por uma sociedade sem manicômios”. No encontro foi criado o Manifesto de Bauru, que para alguns é um documento de fundação do movimento antimanicomial. O primeiro Encontro Nacional da Luta Antimanicomial foi realizado em Salvador (BA), em 1993, ano em que foi consolidado o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial.

Militantes do movimento criticam o modelo de internação psiquiátrico pela ausência de trocas sociais entre os usuários e a sociedade, pela disciplina do corpo com entorpecentes e pela atrogenia, que é fazer com que o usuário se enxergue como vítima de uma doença.

O Ministério da Saúde decretou a redução dos leitos em hospitais até 2012. A meta do governo federal é zerar os leitos para pacientes permanentes até 2010. Se ainda houver leitos, quem tem de arcar com os custos é o mantenedor da instituição. O governo do estado de Santa Catarina já tomou providências. No último relatório liberado pela Secretaria de saúde do Estado, em setembro de 2007, o número de leitos havia caído de 500 para 300 em três anos.

Por Cecilia Cussioli/bolsista de jornalismo na Agecom