Embaixador da França visitou a UFSC

Antoine Pouillieute - foto Jones Bastos /Agecom
Após a recepção, no gabinete do reitor, o embaixador e comitiva se dirigiram à Sala dos Conselhos para uma conversa com vários pesquisadores da UFSC que desenvolvem convênios e acordos de cooperação com a França. Também estavam presentes pró-reitores, o Secretário de Relações Institucionais e Internacionais, Enio Pedrotti, além de outras autoridades da UFSC.
O Reitor falou da felicidade de receber o embaixador e delegação e que na conversa, em seu gabinete, tinha sido dito da intenção da França de seguir estreitando laços com o Brasil. Para Prata o desafio é seguir avançando na cooperação, estimulando novas formas de intercâmbio, novos formatos como a dupla titulação. Além dos convênios de pesquisas, os benefícios da cultura e sólida formação formaram um patrimônio para muitos de nossos docentes. Mas à medida que a UFSC cresce surgem alternativas. É mantido o tradicional convênio CAPES- FECUB (o correspondente francês à nossa CAPES), mas também buscam-se novos caminhos. O Reitor finalizou dizendo do desejo de cada vez mais internacionalizar a UFSC, podendo-se até pensar em criar um curso juntos e que as portas da nossa universidade estarão sempre abertas.
Antoine Pouillieute falou em francês seguido de tradução.
Disse que se um embaixador vem a uma universidade não é por humanismo, mas para discutir o que se pode fazer em conjunto. França e Brasil compartilham interesses comuns, tendo sido decididas parcerias estratégicas entre os chefes de Estado. A primeira delas a parceria política já que França e Brasil dividem uma mesma visão da mundialização, que não seja ultraliberal, assim pensamos em conjunto porque dividimos um patrimônio intelectual. A segunda parceria é a de Inteligência. Como o Brasil é hoje uma das 10 maiores economias, já se tornou ator de seu destino. Promover a inteligência é portanto promover a vida. A terceira parceria é a econômica. A cooperação Brasil-França vem de longa data. Do orçamento a prioridade vai para inovação tecnológica, cooperação econômica e cooperação universitária.
As questões atuais são: “Estamos numa massa crítica de cooperação que faz sentido? Estamos contentes com o que fazemos ou queremos algo de novo? Qual o ponto de equilíbrio que podemos encontrar para a cooperação?

Platéia sala dos Conselhos - foto Jones Bastos/Agecom
Intercâmbio e convênios na UFSC
Após a fala do embaixador o Reitor passou a palavra à platéia começando pelo Secretário de Relações Institucionais e Internacionais professor Enio Pedrotti.
Ele falou que muitos estudantes querem participar e muitos já participam dos acordos de cooperação. Conforme o reitor enfatizou a UFSC precisa expandir as relações internacionais especialmente com a França pelas características peculiares a esse país. Muitos de nossos professores fizeram parte de sua progressão na França. Enfatizou o interesse de aumentar os acordos de cooperação técnica e troca de experiências, citando como exemplo um seminário que irá acontecer brevemente no Centro de Ciências Agrárias (CCA) tendo como tema a experiência de Dijon ( França) no modelo universitário europeu.
A professora Miriam Grossi, do departamento de Antropologia, falou em nome de seu departamento e de toda a área de ciências humanas. Disse que como muitos colegas da área havia feito sua formação na França e que os convênios nessa área eram abundantes: CNPq e CNRS , CAPES e FECUB, entre outros. Também noticiou a realização conjunta Brasil-França de um evento em homenagem à Etnóloga Germaine Tillion (in memoriam) que será realizado em Paris, no Museu do Homem, em junho de 2008. As organizadoras brasileiras são as professoras Carmen Rial e a professora Miriam. Destacou ainda que o interesse crescente na área de humanas pelo intercâmbio na França gerou uma renovação no gosto do aprendizado da língua francesa, obrigatória na maior parte dos programas de pós-graduação da área. Como demanda, Miriam destacou a lacuna imensa de tradução de obras clássicas e contemporâneas do francês para o português. Apresentou como proposição para o ano França-Brasil a tradução dessas obras bem como acolher um projeto que desse visibilidade também à tradução e publicação de obras do pensamento contemporâneo brasileiro na França.
O professor Valdir Soldi, do departamento de Química disse que desde 1998 vem tendo a experiência do convênio CAPES-FECUB na área de polímeros. A experiência tem sido muito intensa com a participação de vários pesquisadores franceses. Dois encontros Brasil-França na área de polímeros já foram realizados na UFSC. Sua crítica se com relação ao sistema de Cotutela, já que a documentação exigida para os alunos é bastante complicada.
O professor Jean-Marie Farines, do Departamento de Automação e Sistemas, também falou de sua experiência. De origem francesa, veio como professor e acabou ficando e se naturalizando brasileiro. Para ele o momento é de se pensarem ações mais perenes, maior estruturação de projetos, laboratórios associados. O professor queixou-se, também, da dificuldade na obtenção de vistos para os alunos que vão estudar no exterior.
O professorWalter L. Weingaertner, do departamento de Engenharia Mecânica relatou como anda o convênio com a Renault. Os primeiros contatos foram feitos em 1999. Em 2000 o Laboratório de Mecânica de Precisão (LMP) passou a apresentar cursos de tecnologia de usinagem para os novos funcionários da Renault em São José dos Pinhais, PR.Em 2002 iniciaram-se os estudos de casos nos processos de fabricação implementados na Curitiba Motors (CMO). Em julho de 2002 foi elaborado um projeto cooperativo com a Reanult no escopo da chamada FINEP Fundo Verde Amarelo. Em dezembro de 2002 foi contratado o projeto de cooperação. Em dezembro de 2004 foi assinado 2º termo de convênio Fundo Verde Amarelo ente a Renault e a UFSC.
Claire Cerdan, francesa, pesquisadora visitante do CCA/UFSC, falou sobre a importância da participação França-Brasil em rede de pesquisa internacional.
O embaixador, respondendo aos questionamentos, explicou que a mobilidade é muito cara e que ele teme que o orçamento da embaixada seja direcionado quase todo para passagens de avião.
Também falou sobre a necessidade de se reforçar no Brasil cursos de francês especial como o francês médico, francês jurídico, entre outros e também fazer para os franceses cursos de português especializado. Já que se constata uma dificuldade grande dos franceses para com o português, sendo ele um exemplo…
Disse, também, que pretende realizar mais visitas já que a avaliação é sempre dada pelo olhar do outro. Jean-Marc Gravier, cônsul-geral da França , em São Paulo, também se colocou à disposição para as questões pertinentes à região sul. Francisco Borghoff é o cônsul-honorário da França em Santa Catarina.
Convênios e Acordos de Cooperação da UFSC com Instituições francesas
A UFSC tem convênios e acordos de cooperação com quase 30 universidades e instituições francesas. Nas áreas de engenharias, geociências, história, antropologia, nutrição, bioquímica, relações internacionais, letras e ciências humanas.
Para saber mais faça contato com a Secretaria de Relações Institucionais e Internacionais: telefone: 3721-8225
Visita à Santa Catarina
Em visita oficial à Santa Catarina o embaixador esteve no Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (CIASC); Federação de Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC); Prefeitura Municipal de Florianópolis, onde foi recepcionado pelo Prefeito; Aliança Francesa; jantou com a Tractebel, sobrevoou, de helicóptero a ilha de Santa Catarina. Visitou, ainda, o terreno onde deverá ser desenvolvido o pólo de Cultura e Ciência Francesa, no bairro da Agronômica. O embaixador foi recebido, com honras militares, na Casa d´Agronômica, residência do Governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira. A programação, em Santa Catarina, incluiu ainda uma visita ao município de Joinville.
Mais informações sobre França-Brasil visite: Portal Comunidade França-Brasil: www.comunidadefb.com.br
Saiba mais:
Intercâmbio comercial Brasil-França
De janeiro a março de 2008 o intercâmbio comercial Brasil-França ficou em torno de 800 milhões de dólares em exportações e mais de um milhão de dólares em importações.
As exportações brasileiras para a França se compõem de produtos como soja e derivados; óleo bruto de petróleo; pasta de madeira; pneus novos; peças para aviões; madeiras; móveis e artefatos de madeira; papel; manganês; aparelhos e instrumentos mecânicos.
As importações brasileiras caracterizam-se, predominantemente, pelos bens manufaturados como peças e partes para aeronaves e veículos automotores; motores; malte; medicamentos e produtos químicos; máquinas e aparelhos mecânicos e elétricos.
Por Alita Diana/jornalista da Agecom