Madeira: construir com tecnologia e consciência ambiental

23/05/2007 14:45

No mundo contemporâneo, onde a questão ambiental vem sendo tratada cada vez mais com a devida importância, é preciso enaltecer medidas que venham a se somar às preocupações e às ações que buscam contribuir com o combate ao efeito estufa. Sabe-se, pelo conhecimento científico da formação do material madeira, que é no processo fisiológico de crescimento das árvores, no momento da fotossíntese, que se dá a captura do dióxido de carbono (CO2). Sabe-se também que é na formação do tecido lenhoso que esse carbono fica seqüestrado.

Atualmente, essa captura e seqüestro do carbono, têm importância vital uma vez que o carbono livre na atmosfera vem contribuindo para a densificação da camada de gases que envolve o nosso planeta e quanto mais densa essa camada, menos permite que os raios ultravioleta retornem na proporção necessária. Essa retenção, a maior, dos raios ultravioleta vem provocando o aquecimento global e o conseqüente efeito estufa.

Logo, o emprego das madeiras nas construções em geral e no caso particular da

construção da habitação, coloca em evidência dois aspectos relevantes de consciência ambiental para os dias de hoje:

• Emprego de um material que é de fonte renovável e que pode ser produzido em

florestas plantadas.

• Emprego de um material que captura e seqüestra o carbono, antes livre na atmosfera.

Portanto, deveria existir também por parte do governo, um ato de consciência ambiental, traduzido na forma de incentivos fiscais às construções em madeira, pois sob o ponto de vista aqui analisado, ganha valor ambiental, construções em madeira de florestas plantadas, realizadas sob tecnologias construtivas adequadas e associadas ao emprego de novos componentes derivados das madeiras, permitindo transformar esse material e seus derivados em bens duráveis, pois só a sua transformação em bens duráveis é que possibilitará o seqüestro do carbono por tempo prolongado.

Isto deveria ser reconhecido como “crédito de carbono estocado” a ser recompensado na forma de incentivos às construções em madeira, pois mesmo que um dia, após ter cumprido a sua função por tempo prolongado e de ter sido inclusive reutilizada, a madeira chegar a se decompor e o carbono retornar à atmosfera, sabe-se que ele poderá ser capturado e seqüestrado por outra árvore, entrando em um ciclo de equilíbrio ambiental.

Carlos Alberto Szücs

Professor titular da UFSC

Doutor em Ciências da Madeira em 1991 pela Université de Metz – França

Coordendador do projeto Otimização da Industrialização do Sistema Construtivo Battistella – UFSC